João Batista
Pontes
PASSAMOS
BATIDOS
Em recente manifestação baderneira em São Paulo
(fevereiro de 2014), uma jovem universitária declarou: “Sou totalmente
contra a Copa; acho que o País não tem dinheiro para isso”. Esses
manifestantes retardatários deveriam saber é que o momento para tentar impedir
a realização da Copa já passou: seria antes de outubro de 2007, quando o Brasil
foi escolhido para sediar o evento. Mas agora, quando o País já realizou todos
os investimentos na preparação do evento, tais manifestações não têm mais
sentido. Nada foi feito “às escuras”: Todos sabiam que o Brasil, desde 2003,
estava disputando o “privilégio” de sediar a Copa 2014. Naquele ano, a Confederação Sul-Americana de
Futebol (CONMEBOL) anunciou que a Argentina, o Brasil e a Colômbia se candidataram à sede do evento e, em março de 2006, que o Brasil era seu único candidato. A
estratégia era a mesma do governo do PT desde o momento que assumiu o poder:
conquistar maior visibilidade internacional ao País e participar mais
ativamente da liderança mundial, a despeito de todos os problemas
socioeconômicos internos: Reivindicação de assento no Conselho de segurança da
ONU; participação em missões internacionais de paz (Haiti, por exemplo); sediar
as olimpíadas de 2016; e outros movimentos similares. Inicialmente a sociedade
e a própria imprensa eram quase unânimes em apoiar os esforços para trazer o
evento para o Brasil. E quando o País foi escolhido o clima era de ufanismo: “A
Copa é nossa!”, diziam as manchetes. E anunciava-se em clima de êxtase: Mais de
R$ 25 bilhões serão investidos em aeroportos, estádios e novos sistemas de transportes
para adequar a infraestrutura das capitais aos milhares de turistas que viriam
ao evento. O setor econômico (hotelaria, comércio, setor aéreo, etc) bateu
efusivas palmas: era o momento de faturar alto! E, naquela ocasião, foram
poucas as vozes que se manifestaram contra a realização da Copa: “Passamos
batidos”, ficamos calados como sempre. Dezoito (18) capitais de Estados
brasileiros concorreram para sediar o grande evento e, ao final, doze (12)
foram selecionadas. Todos sabiam que, para atender aos padrões impostos pela
FIFA, todos os estádios teriam que ser reformados (na realidade, reconstruídos,
o que é pior, pois ainda teríamos os custos com a destruição dos antigos) e
outras arenas ainda deveriam ser construídas. A primeira grande decepção veio
com as exageradas exigências da FIFA: tivemos até de promulgar uma lei (“Lei da
Copa”) alterando várias práxis consolidadas no País, inclusive flexibilizando
as normas de licitação de obras e serviços, para agilizar as
reformas/construções da infraestrutura necessária. A segunda com as enormes
somas dispendidas na preparação da infraestrutura e com as notícias de
eventuais desvios de recursos públicos. A reconstrução do estádio de Brasília,
por exemplo, orçada inicialmente em torno de R$ 700 milhões, acabou saindo por
mais que o dobro. “Além do mais, no caso de Brasília, por exemplo, todos sabem
que o estádio, para 70 mil
torcedores, foi superdimensionado. O mais adequado
seria um estádio com capacidade para 50 mil. Mas o governador, que dedicou dois
anos do seu mandato a uma “campanha megalomaníaca” para trazer a abertura da
copa para Brasília, precisava para isto de um estádio com capacidade para 70
mil torcedores”. Em síntese: Na ocasião certa não ocorreram manifestações
significativas contrárias à realização da Copa no Brasil. Até ficamos, com
raras exceções, um pouco envaidecidos. Dificultar, ou tentar impedir, agora a
realização da Copa é uma insensatez total, um prejuízo inconcebível sob todos
os pontos de vistas. Isto porque, como dito antes, todos os gastos com os
preparativos já foram feitos ou estão em fase final. O bom senso indica que
agora só nos resta receber as seleções e os turistas, faturar o que for
possível e razoável em cima deles, e agir e rezar para que tudo dê certo.
Passada a Copa, cabe-nos exigir a apuração minuciosa dos eventuais desvios de
recursos e uma mudança de postura dos governantes na priorização e na
moralidade dos gastos públicos, que devem se voltar para a solução dos nossos
graves problemas de segurança, saúde, educação, saneamento básico, transporte
urbano, etc. E, em especial, viabilizar novas formas de utilização de toda a
infraestrutura construída para a Copa. Enfim, será uma boa hora para se
repensar o nosso País, inclusive pela possibilidade de eleição de novos políticos/governantes.
*João Batista Pontes – novarrussense – servidor inativo
do Senado.
Escritor – geólogo – sociólogo - matemático –
bacharelando em Direito - residente em Brasília DF.
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