Ex-diretor da Petrobras é
investigado na lava jato e está preso no Paraná. Polícia federal suspeita de
movimentações financeiras feitas por ex-diretor.
O ex-diretor da Área
Internacional da Petrobras Nestor Cerveró não prestará depoimento nesta
segunda-feira (19), na Polícia Federal (PF), onde está preso desde quarta-feira
(14). A nova oitiva só ocorrerá após os advogados terem acesso aos documentos
apreendidos em residências em nome do ex-diretor. A defesa de Cerveró alega
desconhecer o conteúdo destes documentos.
“Depois disso, nós temos um prazo
de três dias para fazer essa análise e para poder prestar as declarações”,
disse a advogada Alessi Brandão. A jurista fez questão de destacar que não é
Cerveró que não quer prestar esclarecimentos, e, sim, os advogados que entendem
que ter acesso aos documentos possibilita uma melhor estruturação da defesa.
A apreensão dos documentos se deu
em quatro residências de Cerveró no Rio de Janeiro. Conforme a PF, foram
apreendidos documentos e mídias relacionados às transações financeiras de
Cerveró.
Cerveró é um dos alvos da
Operação Lava Jato desde 2014, quando foi deflagrada. Ele já havia sido
denunciado na Justiça por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Na
quarta-feira (14), ele foi preso porque o Ministério Público Federal (MPF)
argumenta que, logo depois de ter sido denunciado, o
ex-diretor da Petrobras tentou resgatar quase meio milhão de reais do plano de
um previdência privada para transferir para outro em
nome da filha, Raquel Cerveró.
A Polícia Federal ainda afirmou
que negociações financeiras feitas por Cerveró indicam que o suspeito tentava
obter liquidez do patrimônio com rapidez. Este patrimônio negociado, também
conforme a polícia, pode ter origem ilícita e ser resultado de crimes cometidos
por Cerveró enquanto estava à frente da diretoria Internacional da Petrobras.
Os
advogados de Cerveró tentaram reverter a prisão, porém, o pedido de habeas
corpus foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. A defesa alegou que a prisão preventiva do ex-diretor
da Petrobras não foi fundamentada em "fatos individualizados, concretos e
objetivos", mas em suposições, o que, segundo os advogados, é
"incompatível com a boa doutrina e a unanimidade das decisões dos tribunais".
Na tarde de quinta-feira (15), Cerveró falou por quase três horas e meia à Polícia Federal em Curitiba. Segundo Beno Brandão, um dos advogados de
Cerveró, o depoimento foi tranquilo e o cliente respondeu às perguntas. O
advogado afirmou, também, que o ex-diretor passa por dificuldades financeiras.
Beno Brandão disse que deve pedir
um novo depoimento para que a compra da refinaria da Pasadena, nos Estados
Unidos, seja questionada. Segundo o advogado, nada sobre o assunto foi
perguntado nesta quinta-feira.
Cerveró falou sobre as
movimentações financeiras e os contratos dos navios-sonda. Ele negou ter
recebido propina para a construção de navios-sonda e, sobre as transações
financeiras, reiterou o que a defesa já havia dito, que não há nada de ilegal.
Prisão.
Cerveró foi preso na madrugada de
quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, quando voltava de uma viagem a Londres, e
levado para a superintendência da PF, na capital paranaense, onde tramitam os
inquéritos e ações penais oriundos da operação. Nestor Cerveró já é réu em uma
ação penal por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro entre 2006 e 2012.
Cerveró foi diretor da Área
Internacional da Petrobras de 2003 a 2008, durante o governo do presidente
Lula. Já no governo da presidente Dilma Rousseff, assumiu a diretoria
financeira da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em
março de 2014.
Segundo o MPF, o ex-diretor
recebeu propina, em dois contratos firmados pela Petrobras, para construção de
navios-sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor
total de 40 milhões de dólares, foi relatado pelo executivo Júlio Camargo, da
Toyo Setal que fez acordo de delação premiada no decorrer das investigações.
O ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa, também réu da Lava Jato, citou Cerveró no acordo
de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal (JF) do Paraná, em outubro
de 2014, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria
da Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o
negócio gerou prejuízos de 790 milhões de dólares à Petrobras.
A compra de Pasadena foi
aprovada, em 2006, pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era
presidido por Dilma Rousseff. Segundo a presidente, o resumo executivo que
orientou o Conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o
TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras
pelos prejuízos na compra.
Fonte: Agência O Globo.
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