terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SOB PROTEÇÃO

 CERVERÓ SÓ FALARÁ APÓS ADVOGADOS VIREM DOCUMENTOS APREENDIDOS.

Ex-diretor da Petrobras é investigado na lava jato e está preso no Paraná. Polícia federal suspeita de movimentações financeiras feitas por ex-diretor.

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró não prestará depoimento nesta segunda-feira (19), na Polícia Federal (PF), onde está preso desde quarta-feira (14). A nova oitiva só ocorrerá após os advogados terem acesso aos documentos apreendidos em residências em nome do ex-diretor. A defesa de Cerveró alega desconhecer o conteúdo destes documentos.

“Depois disso, nós temos um prazo de três dias para fazer essa análise e para poder prestar as declarações”, disse a advogada Alessi Brandão. A jurista fez questão de destacar que não é Cerveró que não quer prestar esclarecimentos, e, sim, os advogados que entendem que ter acesso aos documentos possibilita uma melhor estruturação da defesa.

A apreensão dos documentos se deu em quatro residências de Cerveró no Rio de Janeiro. Conforme a PF, foram apreendidos documentos e mídias relacionados às transações financeiras de Cerveró.

Cerveró é um dos alvos da Operação Lava Jato desde 2014, quando foi deflagrada. Ele já havia sido denunciado na Justiça por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Na quarta-feira (14), ele foi preso porque o Ministério Público Federal (MPF) argumenta que, logo depois de ter sido denunciado, o ex-diretor da Petrobras tentou resgatar quase meio milhão de reais do plano de um previdência privada para transferir para outro em nome da filha, Raquel Cerveró.

A Polícia Federal ainda afirmou que negociações financeiras feitas por Cerveró indicam que o suspeito tentava obter liquidez do patrimônio com rapidez. Este patrimônio negociado, também conforme a polícia, pode ter origem ilícita e ser resultado de crimes cometidos por Cerveró enquanto estava à frente da diretoria Internacional da Petrobras.

Os advogados de Cerveró tentaram reverter a prisão, porém, o pedido de habeas corpus foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. A defesa alegou que a prisão preventiva do ex-diretor da Petrobras não foi fundamentada em "fatos individualizados, concretos e objetivos", mas em suposições, o que, segundo os advogados, é "incompatível com a boa doutrina e a unanimidade das decisões dos tribunais".

Na tarde de quinta-feira (15), Cerveró falou por quase três horas e meia à Polícia Federal em Curitiba. Segundo Beno Brandão, um dos advogados de Cerveró, o depoimento foi tranquilo e o cliente respondeu às perguntas. O advogado afirmou, também, que o ex-diretor passa por dificuldades financeiras.

Beno Brandão disse que deve pedir um novo depoimento para que a compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos, seja questionada. Segundo o advogado, nada sobre o assunto foi perguntado nesta quinta-feira.

Cerveró falou sobre as movimentações financeiras e os contratos dos navios-sonda. Ele negou ter recebido propina para a construção de navios-sonda e, sobre as transações financeiras, reiterou o que a defesa já havia dito, que não há nada de ilegal.

Prisão.

Cerveró foi preso na madrugada de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, quando voltava de uma viagem a Londres, e levado para a superintendência da PF, na capital paranaense, onde tramitam os inquéritos e ações penais oriundos da operação. Nestor Cerveró já é réu em uma ação penal por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro entre 2006 e 2012.

Cerveró foi diretor da Área Internacional da Petrobras de 2003 a 2008, durante o governo do presidente Lula. Já no governo da presidente Dilma Rousseff, assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em março de 2014.

Segundo o MPF, o ex-diretor recebeu propina, em dois contratos firmados pela Petrobras, para construção de navios-sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor total de 40 milhões de dólares, foi relatado pelo executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal que fez acordo de delação premiada no decorrer das investigações.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, também réu da Lava Jato, citou Cerveró no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal (JF) do Paraná, em outubro de 2014, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio gerou prejuízos de 790 milhões de dólares à Petrobras.

A compra de Pasadena foi aprovada, em 2006, pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido por Dilma Rousseff. Segundo a presidente, o resumo executivo que orientou o Conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras pelos prejuízos na compra.
Fonte: Agência O Globo.


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