Defesa conseguiu inclusão de cláusula na qual doleiro receberá 2% de
todo o dinheiro que ajudar a recuperar.
SÃO PAULO - Além de garantir pena
máxima de cinco anos de prisão, o doleiro Alberto Youssef terá uma vantagem
financeira ao fim da operação Lava-Jato. No acordo de delação premiada, a sua
defesa conseguiu a inclusão de uma cláusula de desempenho, ou taxa de sucesso,
na qual ele receberá 2% de todo o dinheiro que ajudar a recuperar. Caso a
Justiça consiga, com apoio de Youssef, colocar as mãos em uma fortuna de R$ 1
bilhão que circularia em paraísos fiscais, o doleiro embolsaria R$ 20 milhões
no final da ação.
O valor é a metade de todos os
recursos confiscados pela Justiça em nome de Youssef. Além de imóveis e carros
de luxo, a Polícia Federal ainda apreendeu R$ 1,8 milhão em espécie no
escritório do doleiro em São Paulo. O acordo de delação premiada foi homologado
na quarta-feira pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo tribunal Federal.
A cláusula de desempenho de
Youssef é de 1/50. Ou seja, ele receberá R$ 1 milhão para cada R$ 50 milhões
recuperados. A chamada taxa de sucesso é comum nas operações do mercado
financeiro. Em dezembro do ano passado, ao denunciar 36 suspeitos no esquema, o
Ministério Público Federal pediu o ressarcimento de R$ 1 bilhão aos cofres
públicos, valor que eles querem a ajuda de Youssef para recuperar.
- Não se trata de privilégio,
pelo contrário, tudo foi negociado estritamente dentro da lei. A delação é
premiada, portanto, pressupõe vantagens ao meu cliente — disse Antonio
Figueiredo Basto, que defende Youssef. Ainda segundo o acordo, voltarão para as
mãos da família três imóveis e dois automóveis de luxo blindados.
Entre os bens apreendidos de
Youssef estão 74 apartamentos em um hotel em Aparecida, no interior de São
Paulo, seis apartamentos em um hotel de luxo em Londrina, 35% das ações de um
hotel em Jaú, também em São Paulo, e 50% de um terreno de 4,8 mil metros
quadrados, avaliado em R$ 5,3 milhões.
Figueiredo Basto voltou a afirmar
que seu cliente é “uma peça da engrenagem” do esquema de corrupção na
Petrobras. Segundo ele, Youssef se colocou à disposição da Justiça não só para
arrecadar recursos desviados como também chegar a pessoas envolvidas nas
fraudes.
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