É o segundo abastecedor do estado a secar em cinco dias, segundo ONS. Pezão
levará a Dilma plano para amenizar consequências da estiagem.
O reservatório de água de Santa
Branca (SP), o menor dos quatro que abastecem o estado do Rio de
Janeiro, atingiu o volume morto neste
domingo (25), informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este é o
segundo abastecedor a ficar sem volume útil desde o início de 2015. Na
quarta-feira (21), o reservatório de Paraibuna (SP), o principal do sistema,
também esgotou seu volume útil.
O volume morto é a água que está
abaixo do nível das comportas e que precisa ser puxada por bombas. Desta forma,
as hidrelétricas são automaticamente desligadas. O volume morto do reservatório
de Santa Branca tem 131,2 hectômetros cúbicos de água.
Desde quarta-feira (21), a
hidrelétrica de Paraibuna foi desligada devido à quantidade insuficiente de
água para geração de energia. A usina de Santa Branca também foi desligada ao
atingir o volume morto.
A Secretaria de Estado de
Ambiente informou que não vai fazer mudanças operacionais no sistema do Rio
Guando, que retirar cerca 100 metros cúbicos de água por segundo do Rio Paraíba
do Sul, através de uma transposição, por enquanto. Mas o secretário André
Corrêa não descarta nenhuma medida que possa minimizar os efeitos da estiagem.
"Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 84 anos. Continuo a pedir a colaboração de todos no uso racional da água", disse André Corrêa.
O secretário e o presidente da
Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), Jorge Briard, também vão se
reunir com representantes de indústrias que captam água da bacia do Guandu para
avaliar alternativas do consumo de água destas empresas. Segundo a secretaria,
a prioridade é o abastecimento humano.
Pezão em Brasília.
Nesta quarta-feira (28), o
governador Luiz Fernando Pezão apresentará à presidente Dilma Rousseff, em
Brasília, um plano para
amenizar as consequências da estiagem. A
proposta foi elaborada por técnicos da Companhia Estadual de Águas e Esgotos
(Cedae) e da Secretaria estadual do Ambiente.
Segundo a assessoria de imprensa
do governo estadual, Pezão detalhará também um programa de reflorestamento das
margens dos rios Paraíba do Sul e Guandu, além do projeto de saneamento da
Região Metropolitana do Rio.
Segundo o governador, se a
estiagem não terminar, "algumas cidades podem ser prejudicadas". A
declaração foi dada no município de Italva no Noroeste do Rio de Janeiro,
durante o lançamento do programa Rio Emergencial Rural conjunto de ações
emergenciais para beneficiar pequenos produtores rurais já prejudicados pela
falta de água.
Represas
Além de Paraibuna e Santa Branca, o sistema de abastecimento do Rio inclui Jaguari, também em São Paulo, e Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense.
Todos ficam dentro de
hidrelétricas e, além de produzir energia, armazenam água para abastecimento do
Rio Paraíba do Sul que passa pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro.
O nível médio da bacia do Rio
Paraíba do Sul estava em 0,66% no domingo (25). Ele registra a média de água
dos quatro reservatórios que abastecem o Rio. As hidrelétricas de Jaguari
(1,72%) e Funil (3,75%) permanecem com volume útil. O último, no entanto, atingiu
seu menor nível desde que foi criado em 1969. Se
comparado com anos anteriores, o atual nível da bacia do Paraíba do Sul está
muito abaixo do normal. No boletim mensal de outubro de 2013, a média dos
reservatórios era de 48,2%. Em 2009, o nível chegou a 80,8%.
A crise hídrica que atinge o Rio
é causada pela falta de chuva dos reservatórios que abastecem o estado. Uma
peça-chave para entender o abastecimento não só do Rio, mas de todo o Sudeste,
é a Bacia do Paraíba do Sul, que abastece 77 municípios, sendo 66 no Rio e 11
em São Paulo. O sistema leva água diretamente para 11,2 milhões de pessoas.
O Rio Paraíba do Sul resulta da
confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem no Estado de São Paulo,
a 1.800 metros de altitude, na Serra da Bocaina.
O curso da água percorre 1.150
km, passando por Minas Gerais e Rio de Janeiro, até
desaguar no Oceano Atlântico em São João da Barra (RJ). Os principais usos da
água na bacia são: abastecimento, diluição de esgotos, irrigação e geração de
energia hidrelétrica.
As águas de Funil também
abastecem o reservatório de Santa Cecília, em Piraí (RJ), que integrado a
outros reservatórios de Ribeirão das Lajes, vai abastecer o Sistema Guandu.
As reservas do Paraibuna,
principal reservatório do Rio Paraíba do Sul, ficaram abaixo do nível das hidrelétricas e, segundo a ANA, o reservatório passou a operar o volume morto – que
não tem capacidade para gerar energia.
Mas ainda há volume suficiente
para ser transposto para a bacia hidrográfica do Rio Guandu, que abastece de
água mais de nove milhões de consumidores da Região Metropolitana do Rio.
Risco de racionamento
De acordo com a Cedae, companhia
que abastece o Grande Rio, embora o Sudeste esteja enfrentando a maior crise
hídrica dos últimos cem anos, o risco de racionamento ainda está afastado.
Segundo a empresa, nos últimos
dois anos foram tomadas medidas como a redução da transposição de 190 mil metros
cúbicos por segundo para 100 mil metros cúbicos por segundo. E mesmo assim,
para abastecer a região Metropolitana, a Cedae só precisa captar 45 mil metros
cúbicos de água por segundo.
Essas manobras, segundo o
secretário estadual de Meio Ambiente André Corrêa, já possibilitaram uma
economia de aproximadamente 400 milhões de litros de água.
Há mais de um ano a Cedae veicula
em rádios, jornais, TVs e redes sociais campanhas sobre o uso consciente da
água, como jingle gravado por Martinho da Vila e comerciais com as personagens
de animação Esbanja e Manera. Entre as dicas de economia, o consumidor deve
fechar o chuveiro enquanto ensaboa o corpo durante o banho, fechar a torneira
enquanto escova os dentes e não lavar calçadas ou carros com mangueiras.
Fonte: Agência Globo.
RJ.
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