terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SECA - "SUDESTE VIROU NORDESTE"

 RESERVATÓRIO DE SANTA BRANCA, QUE ABASTECE O RJ, ATINGE VOLUME MORTO.

É o segundo abastecedor do estado a secar em cinco dias, segundo ONS. Pezão levará a Dilma plano para amenizar consequências da estiagem.

O reservatório de água de Santa Branca (SP), o menor dos quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto neste domingo (25), informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este é o segundo abastecedor a ficar sem volume útil desde o início de 2015. Na quarta-feira (21), o reservatório de Paraibuna (SP), o principal do sistema, também esgotou seu volume útil.

O volume morto é a água que está abaixo do nível das comportas e que precisa ser puxada por bombas. Desta forma, as hidrelétricas são automaticamente desligadas. O volume morto do reservatório de Santa Branca tem 131,2 hectômetros cúbicos de água.

Desde quarta-feira (21), a hidrelétrica de Paraibuna foi desligada devido à quantidade insuficiente de água para geração de energia. A usina de Santa Branca também foi desligada ao atingir o volume morto.

A Secretaria de Estado de Ambiente informou que não vai fazer mudanças operacionais no sistema do Rio Guando, que retirar cerca 100 metros cúbicos de água por segundo do Rio Paraíba do Sul, através de uma transposição, por enquanto. Mas o secretário André Corrêa não descarta nenhuma medida que possa minimizar os efeitos da estiagem.

"Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 84 anos. Continuo a pedir a colaboração de todos no uso racional da água", disse André Corrêa.

O secretário e o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), Jorge Briard, também vão se reunir com representantes de indústrias que captam água da bacia do Guandu para avaliar alternativas do consumo de água destas empresas. Segundo a secretaria, a prioridade é o abastecimento humano.

Pezão em Brasília.

Nesta quarta-feira (28), o governador Luiz Fernando Pezão apresentará à presidente Dilma Rousseff, em Brasília, um plano para amenizar as consequências da estiagem. A proposta foi elaborada por técnicos da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e da Secretaria estadual do Ambiente.

Segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, Pezão detalhará também um programa de reflorestamento das margens dos rios Paraíba do Sul e Guandu, além do projeto de saneamento da Região Metropolitana do Rio.

Segundo o governador, se a estiagem não terminar, "algumas cidades podem ser prejudicadas". A declaração foi dada no município de Italva no Noroeste do Rio de Janeiro, durante o lançamento do programa Rio Emergencial Rural conjunto de ações emergenciais para beneficiar pequenos produtores rurais já prejudicados pela falta de água.

Represas

Além de Paraibuna e Santa Branca, o sistema de abastecimento do Rio inclui Jaguari, também em São Paulo, e Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense.

Todos ficam dentro de hidrelétricas e, além de produzir energia, armazenam água para abastecimento do Rio Paraíba do Sul que passa pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O nível médio da bacia do Rio Paraíba do Sul estava em 0,66% no domingo (25). Ele registra a média de água dos quatro reservatórios que abastecem o Rio. As hidrelétricas de Jaguari (1,72%) e Funil (3,75%) permanecem com volume útil. O último, no entanto, atingiu seu menor nível desde que foi criado em 1969. Se comparado com anos anteriores, o atual nível da bacia do Paraíba do Sul está muito abaixo do normal. No boletim mensal de outubro de 2013, a média dos reservatórios era de 48,2%. Em 2009, o nível chegou a 80,8%.

A crise hídrica que atinge o Rio é causada pela falta de chuva dos reservatórios que abastecem o estado. Uma peça-chave para entender o abastecimento não só do Rio, mas de todo o Sudeste, é a Bacia do Paraíba do Sul, que abastece 77 municípios, sendo 66 no Rio e 11 em São Paulo. O sistema leva água diretamente para 11,2 milhões de pessoas.

O Rio Paraíba do Sul resulta da confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem no Estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude, na Serra da Bocaina.

O curso da água percorre 1.150 km, passando por Minas Gerais e Rio de Janeiro, até desaguar no Oceano Atlântico em São João da Barra (RJ). Os principais usos da água na bacia são: abastecimento, diluição de esgotos, irrigação e geração de energia hidrelétrica.

As águas de Funil também abastecem o reservatório de Santa Cecília, em Piraí (RJ), que integrado a outros reservatórios de Ribeirão das Lajes, vai abastecer o Sistema Guandu.

As reservas do Paraibuna, principal  reservatório do Rio Paraíba do Sul, ficaram abaixo do nível das hidrelétricas e, segundo a ANA, o reservatório passou a operar o volume morto – que não tem capacidade para gerar energia.

Mas ainda há volume suficiente para ser transposto para a bacia hidrográfica do Rio Guandu, que abastece de água mais de nove milhões de consumidores da Região Metropolitana do Rio.

Risco de racionamento

De acordo com a Cedae, companhia que abastece o Grande Rio, embora o Sudeste esteja enfrentando a maior crise hídrica dos últimos cem anos, o risco de racionamento ainda está afastado.

Segundo a empresa, nos últimos dois anos foram tomadas medidas como a redução da transposição de 190 mil metros cúbicos por segundo para 100 mil metros cúbicos por segundo. E mesmo assim, para abastecer a região Metropolitana, a Cedae só precisa captar 45 mil metros cúbicos de água por segundo.

Essas manobras, segundo o secretário estadual de Meio Ambiente André Corrêa, já possibilitaram uma economia de aproximadamente 400 milhões de litros de água.

Há mais de um ano a Cedae veicula em rádios, jornais, TVs e redes sociais campanhas sobre o uso consciente da água, como jingle gravado por Martinho da Vila e comerciais com as personagens de animação Esbanja e Manera. Entre as dicas de economia, o consumidor deve fechar o chuveiro enquanto ensaboa o corpo durante o banho, fechar a torneira enquanto escova os dentes e não lavar calçadas ou carros com mangueiras.
Fonte: Agência Globo. RJ.


Nenhum comentário:

Postar um comentário