BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O
Banco Central elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto
percentual, para 12,25 por cento ao ano, em decisão unânime e amplamente
esperada pelo mercado, e sinalizou nova alta no curto prazo, embora tenha
deixado em aberto o ritmo que poderá imprimir.
Por meio de comunicado conciso, o
Comitê de Política Monetária (Copom) do BC apenas informou que a decisão havia
sido tomada "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a
inflação", retirando a palavra "parcimônia" que apareceu na
decisão anterior, de dezembro, e que levou boa parte dos especialistas a
acreditar que ele poderia desacelerar o ritmo de alta da Selic.
"É um momento de deixar as
opções abertas... O comunicado curto era a melhor opção", afirmou o
economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, para quem a taxa básica de
juros deve ser elevada em 0,25 pontos percentual em março, quando o Copom se
reúne novamente, e em seguida interromper o atual ciclo de aperto.
Pesquisa Reuters mostrou que as
expectativas dos analistas eram praticamente unânimes de alta de 0,5 ponto da
Selic agora, diante do cenário de inflação elevada.
No fim de outubro, o Copom deu
início ao atual ciclo de aperto monetário ao subir a Selic em 0,25 pontos
percentual, em decisão surpreendente e que não contou com o apoio de todos os
membros do comitê. No encontro de dezembro, acelerou o passo e puxou a taxa em 0,5
pontos percentual.
O BC tem prometido fazer "o
que for necessário" para diminuir a alta dos preços, já que a inflação
continua elevada e rondando o teto da meta oficial de 4,5 por cento pelo IPCA,
com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
As medidas tributárias
recentemente anunciadas pela nova equipe econômica também vão pressionar ainda
mais os preços no curto prazo, com analistas prevendo agora que, em 2015, a
inflação vai estourar o teto da meta. Mas, mesmo assim, essas ações estão sendo
bem recebidas porque vão arrumar as contas públicas do país e podem resgatar a
confiança dos agentes econômicos. A expectativa do mercado é que, se o
superávit primário realmente subir a 1,2 por cento do PIB ao longo do ano como
planeja o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a necessidade de alta de juros
para controlar a inflação será menor.
Por isso, já há apostas de que,
entre o final deste ano e o início do próximo, a Selic possa começar a ser
reduzida.
O BC tem reforçado que a recente
alta do dólar e dos preços administrados são os principais fatores que
continuam pressionando a inflação. Mas coloca muitas fichas na nova política
fiscal e vê a inflação convergindo para o centro da meta no final de 2016.
"Ele (BC) não se mostrou
sensível ao risco de atividade econômica enfraquecer muito no início do
ano", afirmou o economista-chefe do Santander, Mauricio Molan, que vê mais
uma alta de 0,5 pontos em março da Selic, "muito embora a gente ainda
creia que essa visão vá mudar ao longo do tempo à medida que os dados de
atividade se mostrem ruins."
Pesquisa Focus do BC com
economistas de instituições financeiras mostrou que as expectativas para o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano é de alta de
6,67 por cento, recuando para 5,70 por cento em 2016. Para o crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB), as contas são de 0,38 e 1,80 por cento,
respectivamente.
Fonte: Reuters.
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