quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

INSTABILIDADE ECONÔMICA - O APRUMO DO SEM RUMO

 BC MANTÉM O PASSO E ELEVA JUROS A 12,25% PARA TENTAR SEGURAR INFLAÇÃO


BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,25 por cento ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado, e sinalizou nova alta no curto prazo, embora tenha deixado em aberto o ritmo que poderá imprimir.

Por meio de comunicado conciso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC apenas informou que a decisão havia sido tomada "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação", retirando a palavra "parcimônia" que apareceu na decisão anterior, de dezembro, e que levou boa parte dos especialistas a acreditar que ele poderia desacelerar o ritmo de alta da Selic.

"É um momento de deixar as opções abertas... O comunicado curto era a melhor opção", afirmou o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, para quem a taxa básica de juros deve ser elevada em 0,25 pontos percentual em março, quando o Copom se reúne novamente, e em seguida interromper o atual ciclo de aperto.

Pesquisa Reuters mostrou que as expectativas dos analistas eram praticamente unânimes de alta de 0,5 ponto da Selic agora, diante do cenário de inflação elevada.

No fim de outubro, o Copom deu início ao atual ciclo de aperto monetário ao subir a Selic em 0,25 pontos percentual, em decisão surpreendente e que não contou com o apoio de todos os membros do comitê. No encontro de dezembro, acelerou o passo e puxou a taxa em 0,5 pontos percentual.

O BC tem prometido fazer "o que for necessário" para diminuir a alta dos preços, já que a inflação continua elevada e rondando o teto da meta oficial de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

As medidas tributárias recentemente anunciadas pela nova equipe econômica também vão pressionar ainda mais os preços no curto prazo, com analistas prevendo agora que, em 2015, a inflação vai estourar o teto da meta. Mas, mesmo assim, essas ações estão sendo bem recebidas porque vão arrumar as contas públicas do país e podem resgatar a confiança dos agentes econômicos. A expectativa do mercado é que, se o superávit primário realmente subir a 1,2 por cento do PIB ao longo do ano como planeja o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a necessidade de alta de juros para controlar a inflação será menor.

Por isso, já há apostas de que, entre o final deste ano e o início do próximo, a Selic possa começar a ser reduzida.
O BC tem reforçado que a recente alta do dólar e dos preços administrados são os principais fatores que continuam pressionando a inflação. Mas coloca muitas fichas na nova política fiscal e vê a inflação convergindo para o centro da meta no final de 2016.

"Ele (BC) não se mostrou sensível ao risco de atividade econômica enfraquecer muito no início do ano", afirmou o economista-chefe do Santander, Mauricio Molan, que vê mais uma alta de 0,5 pontos em março da Selic, "muito embora a gente ainda creia que essa visão vá mudar ao longo do tempo à medida que os dados de atividade se mostrem ruins."

Pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras mostrou que as expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano é de alta de 6,67 por cento, recuando para 5,70 por cento em 2016. Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), as contas são de 0,38 e 1,80 por cento, respectivamente.
Fonte: Reuters.


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