DISCURSOS.
“Palavras mais faladas”.
- "Senhoras e Senhores,
senhor presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, senhor vice-presidente da
República, Michel Temer, senhor presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves, senhoras e senhores Chefes de Estado, Chefes de Governo, Vice chefes
de Estado e Vice chefes de governo que me honram com suas presenças aqui hoje.
senhor presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski,
senhores e senhores chefes das missões estrangeiras e embaixadores acreditados
junto ao meu governo, senhoras e senhores ministros de Estado, senhoras e
senhores governadores, senhoras e senhores senadores, senhoras e senhores
deputados federais, senhoras e senhores representantes da imprensa, meus
queridos brasileiros e brasileiras.
Volto a esta Casa com a alma
cheia de alegria, de responsabilidade, de esperança. Sinto alegria por ter
vencido os desafios e honrado o nome da mulher brasileira. O nome de milhões de
mulheres guerreiras, mulheres anônimas que voltam a ocupar, encarnadas na minha
figura, o mais alto posto dessa nossa grande nação.
Encarno, também, outra alma
coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança. O
projeto de nação que é detentor do mais profundo e duradouro apoio popular da
nossa história democrática. Esse projeto de nação triunfou e permanece devido
aos grandes resultados que conseguiu até agora, e que porque também o povo
entendeu que este é um projeto coletivo e de longo prazo. Este projeto pertence
ao povo brasileiro e, mais do que nunca, é para o povo brasileiro e com o povo
brasileiro que vamos governar.
A partir do extraordinário
trabalho iniciado pelo governo do presidente Lula, continuado por nós, temos
hoje a primeira geração de brasileiros que não vivenciou a tragédia da fome.
Resgatamos 36 milhões da extrema pobreza e 22 milhões apenas em meu primeiro
governo.
Nunca tantos brasileiros
ascenderam às classes médias. Nunca tantos brasileiros conquistaram tantos
empregos com carteira assinada. Nunca o salário mínimo e os demais salários se
valorizaram por tanto tempo e com tanto vigor. Nunca tantos brasileiros se
tornaram donos de suas próprias casas. Nunca tantos brasileiros tiveram acesso
ao ensino técnico e à universidade. Nunca o Brasil viveu um período tão longo
sem crises institucionais. Nunca as instituições foram tão fortalecidas e
respeitadas e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a corrupção.
Em nossos governos, cumprimos o
compromisso fundamental de oferecer a uma população enorme de excluídos, de
pessoas excluídas, os direitos básicos que devem ser assegurados a qualquer
cidadão: o direito de trabalhar, de alimentar a sua família, de educar e
acreditar em um futuro melhor para seus filhos. Isso que era tanto para uma
população que tinha tão pouco, tornou-se pouco para uma população que conheceu,
enfim, governos que respeitam e que a respeitam, e que realmente se esforçam
para protegê-la.
A população quis que ficássemos porque viu o
resultado do nosso trabalho, compreendeu as limitações que o tempo nos impôs e
concluiu que podemos fazer muito mais. O recado que o povo brasileiro nos
mandou não foi só de reconhecimento e de confiança, foi também um recado de
quem quer mais e melhor. Por isso, a palavra mais repetida na campanha foi
mudança e o tema mais invocado foi reforma. Por isso, eu repito hoje, nesta
solenidade de posse, perante as senhoras e os senhores: fui reconduzida à
Presidência para continuar as grandes mudanças do país e não trairei este
chamado. O povo brasileiro quer mudanças,
quer avançar e quer mais. É isso que também eu quero. É isso que vou fazer, com
destemor mas com humildade, contando com o apoio desta Casa e com a força do
povo brasileiro.
Este ato de posse é, antes de
tudo, uma cerimônia de reafirmação e ampliação de compromissos. É a inauguração
de uma nova etapa neste processo histórico de mudanças sociais do Brasil.
Faço questão, também, de renovar,
nesta Casa, meu compromisso de defesa permanente e obstinada da Constituição,
das leis, das liberdades individuais, dos direitos democráticos, da mais ampla
liberdade de expressão e dos direitos humanos.
Queridos brasileiros e
brasileiras, em meu primeiro mandato, o Brasil alcançou um feito histórico:
superamos a extrema pobreza. Mas, como eu disse - e sei que é a convicção e a
expectativa de todos os brasileiros -, o fim da miséria é apenas um começo.
Agora é a hora de prosseguir com o nosso projeto de novos objetivos. É hora de
melhorar o que está bom, corrigir o que é preciso e fazer o que o povo espera
de nós.
Sim, neste momento, ao invés de
simplesmente garantir o mínimo necessário, como foi o caso ao longo da nossa
história, temos, agora, que lutar para oferecer o máximo possível. Vamos
precisar, governo e sociedade, de paciência, coragem, persistência, equilíbrio
e humildade para vencer os obstáculos. E venceremos esses obstáculos.
O povo brasileiro quer
democratizar, cada vez mais, a renda, o conhecimento e o poder. O povo
brasileiro quer educação, saúde, e segurança de mais qualidade. O povo
brasileiro quer ainda mais transparência e mais combate a todos os tipos de
crimes, especialmente a corrupção e quer ainda que o braço forte da justiça
alcance a todos de forma igualitária.
Eu não tenho medo de encarar
estes desafios, até porque sei que não vou enfrentá-los sozinha, não vou
enfrentar esta luta sozinha. Sei que conto com o apoio dos senhores e das
senhoras parlamentares, legítimos representantes do povo neste Congresso
Nacional. Sei que conto com o apoio do meu querido vice-presidente Michel
Temer, parceiro de todas as horas. Sei que conto com o esforço dos homens e
mulheres do Judiciário. Sei que conto com o forte apoio da minha base aliada,
de cada liderança partidária de nossa base e com os ministros e as ministras
que estarão, a partir de hoje, trabalhando ao meu lado pelo Brasil. Sei que
conto com o apoio de cada militante do meu partido, o PT, e da militância de
cada partido da base aliada, representados aqui pelo mais destacado militante e
maior líder popular da nossa história, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sei que conto com o apoio dos movimentos sociais e dos sindicatos; e sei o
quanto estou disposta a mobilizar todo o povo brasileiro nesse esforço para uma
nova arrancada do nosso querido Brasil.
Assim como provamos que é
possível crescer e distribuir renda, vamos provar que se pode fazer ajustes na
economia sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais
assumidos. Vamos provar que depois de fazermos políticas sociais que
surpreenderam o mundo, é possível corrigir eventuais distorções e torná-las
ainda melhores.
É inadiável, também, implantarmos
práticas políticas mais modernas, éticas e, por isso, mesmo mais saudáveis. É
isso que torna urgente e necessária a reforma política. Uma reforma profunda
que é responsabilidade constitucional desta Casa, mas que deve mobilizar toda a
sociedade na busca de novos métodos e novos caminhos para nossa vida
democrática. Reforma política que estimule o povo brasileiro a retomar seu
gosto e sua admiração pela política.
Queridas brasileiras e queridos
brasileiros, neste momento solene de posse é importante que eu detalhe algumas
ações e atitudes concretas que vão nortear nosso segundo mandato.
As mudanças que o país espera
para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade
da economia. Isso, para nós todos, não é novidade. Sempre orientei minhas ações
pela convicção sobre o valor da estabilidade econômica, da centralidade do
controle da inflação e do imperativo da disciplina fiscal, e a necessidade de
conquistar e merecer a confiança dos trabalhadores e dos empresários.
Mesmo em meio a um ambiente
internacional de extrema instabilidade e incerteza econômica, o respeito a
esses fundamentos econômicos nos permitiu colher resultados positivo. Em todos
os anos do meu primeiro mandato, a inflação permaneceu abaixo do teto da meta e
assim vai continuar.
Na economia, temos com o que nos
preocupar, mas também temos o que comemorar. O Brasil é hoje a 7ª economia do
mundo, o 2º maior produtor e exportador agrícola, o 3º maior exportador de
minérios, o 5º país que mais atrai investimentos estrangeiros, o 7º país em
acúmulo de reservas cambiais e o 3º maior usuário de internet.
Além disso, é importante notar
que a dívida líquida do setor público é hoje menor do que no início do meu
mandato. As reservas internacionais estão em patamar histórico, na casa dos US$
370 bilhões. Os investimentos estrangeiros diretos atingiram, nos últimos anos,
volumes recordes.
Mais importante: a taxa de
desemprego está nos menores patamares já vivenciados na história de nosso país.
Geramos 5 milhões e 800 mil empregos formais em um período em que o mundo
submergia no desemprego. Porém queremos avançar ainda mais e precisamos fazer
mais e melhor!
Por isso, no novo mandato vamos criar, por meio de ação firme e sóbria, firme e sóbria na economia, um ambiente ainda mais favorável aos negócios, à atividade produtiva, ao investimento, à inovação, à competitividade e ao crescimento sustentável. Combateremos sem trégua a burocracia. Tudo isso voltado para o que é mais importante e mais prioritário: a manutenção do emprego e a valorização, muito especialmente a valorização do salário mínimo, que continuaremos assegurando.
Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a
crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas
públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a
elevação da produtividade da economia. Faremos
isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais
necessitados.
Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção
de todos os direitos trabalhistas e previdenciários. Temos consciência que a
ampliação e a sustentabilidade das políticas sociais exige equidade e correção
permanente de distorções e eventuais excessos. Vamos, mais uma vez derrotar a
falsa tese que afirma existir um conflito entre a estabilidade econômica e o
crescimento do investimento social, dos ganhos sociais e do investimento em
infraestrutura.
Ao falar dos desafios da nossa
economia, faço questão de deixar uma palavra aos milhões de micro e pequenos
empreendedores do Brasil. Em meu primeiro mandato, aprimoramos e
universalizamos o Simples e ampliamos a oferta de crédito para os pequenos
empreendedores.
Quero, neste novo mandato,
avançar ainda mais. Pretendo encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei
criando um mecanismo de transição entre as categorias do Simples e os demais
regimes tributários. Vamos acabar com o abismo tributário que faz os pequenos
negócios terem medo de crescer. E sabemos que, se o pequeno negócio não cresce,
o país também não cresce. Nos dedicaremos, ainda, a ampliar a competitividade
do nosso país e de nossas empresas.
Daremos prioridade ao
desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação, estimulando e
fortalecendo as parcerias entre o setor produtivo e nossos centros de pesquisa
e universidades.
Um Brasil mais competitivo está
nascendo também, a partir dos maciços investimentos em infraestrutura, energia
e logística. Desde 2007, foram duas edições do Programa de Aceleração do
Crescimento - o PAC-1 e o PAC-2 -, que totalizaram cerca de R$ 1 trilhão e 600
bilhões em investimentos em milhares de kms de rodovias, ferrovias; em obras
nos portos, nos terminais hidroviários e nos aeroportos. Em expansão da geração
e da rede de transmissão de energia. Em obras de saneamento e ligações de
energia do Luz para Todos.
Com o Programa de Investimentos
em Logística, demos um passo adiante, construímos parcerias com o setor
privado, implementando um novo modelo de concessões que acelerou a expansão e
permitiu um salto de qualidade de nossa logística. Asseguramos concessões de
aeroportos e de milhares de km de rodovia e a autorização para terminais
privados nos portos.
Agora, vamos lançar o 3º PAC, o
3º Programa de Aceleração do Crescimento e o segundo Programa de Investimento
em Logística. Assim, a partir de 2015 iniciaremos a implantação de uma nova
carteira de investimento em logística, energia, infraestrutura social e urbana,
combinando investimento público e, sobretudo, parcerias privadas. Vamos
aprimorar os modelos de regulação do mercado, garantir que o mercado privado de
crédito de longo prazo, por exemplo, se expanda. Garantir também que haja
sustentação para os projetos de financiamento de grande vulto.
Reafirmo ainda meu compromisso de
apoiar estados e municípios na tão desejada expansão da infraestrutura de
transporte coletivo em nossas cidades. Está em andamento na realidade uma
carteira de R$ 143 bilhões em obras de mobilidade urbana por todo o Brasil.
Assinalo que, neste novo mandato,
daremos especial atenção à infraestrutura que vai nos conduzir ao Brasil do
futuro: a rede de internet em banda larga. Em 2014, em um esforço conjunto com
este Congresso Nacional, demos ao Brasil uma das legislações mais modernas do
mundo na área da internet, o Marco Civil da Internet. Reitero aqui meu
compromisso de, nos próximos quatro anos, promover a universalização do acesso
a um serviço de internet em banda larga barato, rápido e seguro.
Quero reafirmar ainda o
compromisso de continuar reduzindo os desequilíbrios regionais, impulsionando
políticas transversais e projetos estruturantes, especialmente no Nordeste e na
região da Amazônia. Foi decisivo mitigar o impacto desta prolongada seca no semi-árido
nordestino, mas mais importante será a conclusão da nova e transformadora
infraestrutura de recursos hídricos perenizando mais de 1.000 km de rios,
combinada com o importante investimento social em mais de um milhão de
cisternas.
Senhoras e Senhores, gostaria de anunciar agora o novo lema do meu
governo. Ele é simples, é direto e é mobilizador. Reflete com clareza qual será
a nossa grande prioridade e sinaliza para qual setor deve convergir o esforço
de todas as áreas do governo. Nosso lema será: Brasil, pátria educadora!
Trata-se de lema com duplo significado. Ao bradarmos "Brasil, pátria
educadora" estamos dizendo que a educação será a prioridade das
prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um
sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e um sentimento
republicano. Só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro
próspero. Democratizar o conhecimento significa universalizar o acesso a um
ensino de qualidade em todos os níveis – da creche à pós-graduação; Significa
também levar a todos os segmentos da população, dos mais marginalizados, aos
negros, às mulheres e a todos os brasileiros a educação de qualidade.
Ao longo deste novo mandato, a
educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos
royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal. Assim, à nossa determinação
política se somarão mais recursos e mais investimentos.
Vamos continuar expandindo o
acesso às creches e pré-escolas garantindo para todos, o cumprimento da meta de
universalizar, até 2016, o acesso de todas as crianças de 4 e 5 anos à
pré-escola. Daremos sequência à implantação da alfabetização na idade certa e
da educação em tempo integral. Condição para que a nossa ênfase no ensino médio
seja efetiva porque através dela buscaremos, em parceria com os estados,
efetivar mudanças curriculares e aprimorar a formação dos professores. Sabemos
que essa é uma área frágil no nosso sistema educacional.
O Pronatec oferecerá, até 2018,
12 milhões de vagas para que nossos jovens, trabalhadores e trabalhadoras
tenham mais oportunidades de conquistar melhores empregos e possam contribuir
ainda mais para o aumento da competitividade da economia brasileira. Darei
especial atenção ao Pronatec Jovem Aprendiz, que permitirá às micro e pequenas
empresas contratarem um jovem para atuar em seu estabelecimento.
Vamos continuar apoiando nossas
universidades e estimulando sua aproximação com os setores mais dinâmicos da
nossa economia e da nossa sociedade. O Ciência Sem Fronteiras vai continuar
garantindo bolsas de estudo nas melhores universidades do mundo para 100 mil
jovens brasileiros.
Queridas e queridos brasileiros e
brasileiras, o Brasil vai continuar como o país líder, no mundo, em políticas
sociais transformadoras. Aos beneficiários do Bolsa Família continuaremos
assegurando o acesso às políticas sociais e a novas oportunidades de renda.
Destaque será dado à formação profissional dos beneficiários adultos e à
educação das crianças e dos jovens.
Com a terceira fase do Minha
Casa, Minha Vida contrataremos mais 3 milhões de novas moradias, que se somam
aos 2 milhões de moradias entregues até 2014 e às 1 milhão e 750 mil moradias
que estão em construção e que serão entregues neste segundo mandato.
Na saúde, reafirmo nosso
compromisso de fortalecer o SUS. Sem dúvida, a marca mais forte do meu governo,
no primeiro mandato, foi a implantação do Mais Médicos, que levou o atendimento
básico de saúde a mais de 50 milhões de brasileiros, nas áreas mais vulneráveis
do nosso país. Persistiremos, ampliando as vagas em graduação e em residência
médica, para que cada vez mais jovens brasileiros possam se tornar médicos e
assegurar atendimento ao povo brasileiro. Neste segundo mandato, vou implantar
o Mais Especialidades para garantir o acesso resolutivo e em tempo oportuno aos
pacientes que necessitem de consulta com especialista, exames e os respectivos
procedimentos.
Assumo, com todas as brasileiras
e brasileiros, o compromisso de redobrar nossos esforços para mudar o quadro da
segurança pública em nosso país. Instalaremos Centros de Comando e Controle em
todas as capitais, ampliando a capacidade de ação de nossas polícias e a
integração dos órgãos de inteligência e das forças de segurança pública.
Reforçaremos as ações e a nossa presença nas fronteiras para o combate ao
tráfico de drogas e de armas com o Programa Estratégico de Fronteiras,
realizado em parceria entre as Forças Armadas e as polícias federais, entre o
Ministério de Defesa e o Ministério da Justiça.
Vou, sobretudo, propor ao
Congresso Nacional alterar a Constituição Federal, para tratar a segurança
pública como atividade comum de todos os entes federados, permitindo à União
estabelecer diretrizes e normas gerais válidas para todo o território nacional,
para induzir políticas uniformes no país e disseminar a adoção de boas práticas
na área policial.
Senhoras e senhores, investimos
muito e em todo o país sem abdicar, um só momento, do nosso compromisso com a
sustentabilidade ambiental, a sustentabildiade ambiental do nosso
desenvolvimento. Um dado explicita este compromisso: alcançamos, nos quatro
anos de meu primeiro mandato, as quatro menores taxas de desmatamento da
Amazônia.
Nos últimos 4 anos, o Congresso
Nacional aprovou um novo Código Florestal e implementamos o Cadastro Ambiental
Rural, o CAR. Vamos aprofundar a modernização de nossa legislação ambiental e,
já a partir deste ano, nos engajaremos fortemente nas negociações climáticas
internacionais para que nossos interesses sejam contemplados no processo de estabelecimento
dos parâmetros globais de redução de emissões.
Nossa inserção soberana na
política internacional continuará sendo marcada pela defesa da democracia, pelo
princípio de não intervenção e respeito à soberania das nações, pela solução
negociada dos conflitos, pela defesa dos Direitos Humanos, e pelo combate à
pobreza e às desigualdades, pela preservação do meio ambiente e pelo
multilateralismo. Insistiremos na luta pela reforma dos principais organismos
multilaterais, cuja governança hoje não reflete a atual correlação de forças
global.
Manteremos a prioridade à América
do Sul, América Latina e Caribe, que se traduzirá no empenho em fortalecer o
Mercosul, a Unasul e a Comunidade dos Países da América Latina e do Caribe
(Celac), sem discriminação de ordem ideológica. Agradeço, inclusive, a presença
de meus queridos colegas e governantes da América Latina aqui presentes. Da
mesma forma será dada ênfase a nossas relações com a África, com os países
asiáticos e com o mundo árabe.
É de grande relevância
aprimorarmos nosso relacionamento com os Estados Unidos, por sua importância
econômica, política, científica e tecnológica, sem falar no volume de nosso
comércio bilateral. O mesmo é válido para nossas relações com a União Europeia
e com o Japão, com os quais temos laços fecundos.
Em 2016, os olhos do mundo
estarão mais uma vez voltados para o Brasil, com a realização das Olimpíadas.
Temos certeza que mais uma vez, como aconteceu na Copa, vamos mostrar a
capacidade de organização do Brasil e, agora, numa das mais belas cidades do
mundo, o nosso Rio de Janeiro.
Amigos e amigas, tudo que estamos
dizendo, tudo que estamos propondo converge para um grande objetivo: ampliar e
fortalecer a democracia, democratizando verdadeiramente o poder. Democratizar o
poder significa lutar pela reforma política, ouvir com atenção a sociedade e os
movimentos sociais e buscar a opinião do povo para reforçar a legitimidade das
ações do Executivo. Democratizar o poder significa combater energicamente a
corrupção. A corrupção rouba o poder legítimo do povo. A corrupção ofende e
humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem. A
corrupção deve ser extirpada.
O Brasil sabe que jamais
compactuei com qualquer ilícito ou malfeito. Meu governo foi o que mais apoiou
o combate à corrupção, por meio da criação de leis mais severas, pela ação
incisiva e livre de amarras dos órgãos de controle interno, pela absoluta
autonomia da Polícia Federal como instituição de Estado, e pela independência
sempre respeitada diante do Ministério Público. Os governos e a Justiça estarão
cumprindo os papéis que se espera deles: se punirem exemplarmente os corruptos
e os corruptores.
A luta que vimos empreendendo
contra a corrupção e, principalmente, contra a impunidade, ganhará ainda mais
força com o pacote de medidas que me comprometi durante a campanha, e me
comprometo a submeter à apreciação do Congresso Nacional ainda neste primeiro
semestre.
São cinco medidas: transformar em
crime e punir com rigor os agentes públicos que enriquecem sem justificativa ou
não demonstrem a origem dos seus ganhos; modificar a legislação eleitoral para
transformar em crime a prática de caixa 2; criar uma nova espécie de ação
judicial que permita o confisco dos bens adquiridos de forma ilícita ou sem
comprovação; alterar a legislação para agilizar o julgamento de processos
envolvendo o desvio de recursos públicos; e criar uma nova estrutura, a partir
de negociação com o Poder Judiciário que dê maior agilidade e eficiência às
investigações e processos movidos contra aqueles que têm foro privilegiado.
Em sua essência, essas medidas
têm o objetivo de garantir processos e julgamentos mais rápidos e punições mais
duras, mas jamais poderão agredir o amplo direito de defesa e o contraditório;
jamais poderão significar a condenação prévia sem defesa de inocentes.
Estou propondo um grande pacto
nacional contra a corrupção, que envolve todas as esferas de governo e todos os
núcleos de poder, tanto no ambiente público como no ambiente privado.
Senhoras e Senhores, como fiz na
minha diplomação, quero agora me referir a nossa Petrobras, uma empresa com 86
mil empregados dedicados, honestos e sérios, que teve, lamentavelmente, alguns
servidores que não souberam honrá-la, sendo atingidos pelo combate à corrupção.
A Petrobras já vinha passando por
um vigoroso processo de aprimoramento de gestão. A realidade atual só faz
reforçar nossa determinação de implantar, na Petrobras, a mais eficiente e
rigorosa estrutura de governança e controle que uma empresa já teve no Brasil.
A Petrobras é capaz disso e capaz
de muito mais. Ela se tornou a maior empresa do mundo em capacitação técnica
para a prospecção de petróleo em águas profundas. Daí resultou a maior
descoberta de petróleo deste início de século – as jazidas do pré-sal -, cuja
exploração, que já é realidade, vai tornar o Brasil um dos maiores produtores
de petróleo do planeta.
Temos muitos motivos para preservar e defender a
Petrobras de predadores internos e de seus inimigos externos. Por isso, vamos
apurar com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais.
Vamos, principalmente, criar mecanismos que evitem que fatos como estes possam
voltar a ocorrer. O saudável empenho da Justiça, de investigar e punir, deve
também nos permitir reconhecer que a Petrobras é a empresa mais estratégica
para o Brasil e a que mais contrata e investe no país.
Temos, assim, que saber apurar e saber punir, sem
enfraquecer a Petrobras, nem diminuir a sua importância para o presente e para
o futuro. Não podemos permitir que a Petrobras seja alvo de um cerco
especulativo de interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da
política de conteúdo nacional, partilha e política de conteúdo nacional que
asseguraram ao nosso povo o controle sobre nossas riquezas petrolíferas. A
Petrobras é maior do que quaisquer crises e, por isso, tem capacidade de
superá-las e delas sair mais forte.
Queridos brasileiros e queridas
brasileiras, o Brasil não será sempre um país em desenvolvimento. Seu destino é
ser um país desenvolvido e justo, e é este destino que estamos construindo e
buscando cada vez mais, com o esforço de todos, construir. Uma nação em que
todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades: de estudar, trabalhar, viver
em condições dignas na cidade ou no campo. Um país que respeita e preserva o
meio ambiente e onde todas as pessoas podem ter os mesmos direitos: à liberdade
de informação e de opinião, à cultura, ao consumo, à dignidade, à igualdade
independentemente de raça, credo, gênero ou sexualidade.
Dedicarei obstinadamente todos os
meus esforços para levar o Brasil a iniciar um novo ciclo histórico de mudanças,
de oportunidades e de prosperidade, alicerçado no fortalecimento de uma
política econômica estável, sólida, intolerante com a inflação, e que nos leve
a retomar uma fase de crescimento robusto e sustentável, com mais qualidade nos
serviços públicos. Assumo aqui um compromisso com o Brasil que produz e com o
Brasil que trabalha.
Meus amigos e minhas amigas, já
estive algumas vezes um pouco perto da morte e destas situações saí uma pessoa
melhor e mais forte.
Sou ex-opositora de um regime de
força que provocou em mim dor e me deixou cicatrizes, mas não tenho nenhum
revanchismo. Mas este processo jamais destruiu em mim o sonho de viver num país
democrático e a vontade de lutar e de construir este país cada vez melhor. Por
isso, sempre me emociono ao dizer que eu sou uma sobrevivente. Também enfrentei
doenças mas, se me permitem, quero dizer mais: pertenço a uma geração
vencedora. Uma geração que viu a possibilidade da democracia no horizonte e viu
ela se realizar.
Essas duas características, elas
me aproximam do povo brasileiro - ele também, um sobrevivente e um vitorioso,
que jamais abdica de seus sonhos. Luta para realizá-los.
Deus colocou em meu peito um
coração cheio de amor pela minha pátria. Antes de tudo, o que a música cantava,
um coração valente, não é que a gente não tem medo de nada, a gente controla o
medo. Um coração que dispara no peito com a energia do amor, do sonho e,
sobretudo, com a possibilidade de construir um Brasil desenvolvido. Eu não
tenho medo de proclamar para vocês que nós vamos vencer todas as dificuldades,
porque temos a chave para vencê-las, vencer todas as dificuldades.
Esta chave pode ser resumida num
verso, e esse verso tem, de uma certa forma, sabor de oração, que diz o
seguinte:
"O impossível se faz já; só
os milagres ficam para depois".
Muito Obrigada.
Viva o Brasil e viva o povo
brasileiro!"
Fonte: Agência O Globo.
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