COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
MAIS UMA BATALHA EMPORCALHA.
Nobres:
O imperativo do político no Brasil especifica tudo
a sujeira e safadeza, um mérito contraditório a moral, seja qual for o poder e
em especial o de representação parlamentar em todas as esferas de entes e pares
de governo (união, estados e municípios) se há exceções, rogamos a divindade.
Como faz parte do calendário das ações escusas nos referimos a eleição para a presidência da Câmara Federal está sendo marcada pelas
mesmas estratégias de desconstrução de adversários, com a repetição de
acusações e injúrias, que deu o tom da última disputa presidencial. É um
recurso que rebaixa a política e que provoca repúdio da maioria dos
brasileiros, mas que mesmo assim é utilizado sem distinção de partidos e
ideologias. Disputa o cargo os senhores Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de um partido
aliado do Planalto, mas crítico aberto do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o
nome de confiança do Executivo e da sua base, e Júlio Delgado (PSB-MG), como
uma espécie de terceira via. São representantes das muitas faces do Congresso e
da política e deveriam, numa situação de normalidade, expressar os pesos e
contrapesos de uma democracia. Mas, com exceção do candidato do PSB, os outros
dois concorrentes e seus apoiadores deram à eleição o caráter de uma disputa
que passa longe do decoro e do respeito mútuo. Há, no confronto entre Cunha e
Chinaglia, o que a política brasileira tem de pior. Nesta semana, o espírito de
guerra foi reforçado pela suspeita do candidato peemedebista de que teria sido
um dos alvos do governo para engrossar a lista de suspeitos da Operação
Lava-Jato. Segundo Cunha, integrantes da cúpula da Polícia Federal teriam
articulado a montagem de uma gravação para comprometê-lo e minar sua
candidatura. Chinaglia, por sua vez, o acusa de desqualificar até mesmo os próprios
companheiros de Congresso. Em tempos de arapongagem, de corrupção descontrolada
e de acusações que nem sempre podem ser comprovadas, a Câmara acaba por
contribuir para a desqualificação da atividade pública, às vésperas da eleição
de seu líder. É vergonhoso, para quem se dedica a melhorar a imagem do
Legislativo, que uma das vozes mais ouvidas em defesa do candidato governista
seja a do deputado Paulo Maluf (PP-SP), para quem Arlindo Chinaglia é “um homem
muito correto, honesto e de vida ilibada”. A democracia brasileira, tão
ultrajada, chega ao ponto de ter um condenado por improbidade, famoso por seus
atos delituosos, como avalista de condutas morais. Esse e outros movimentos que caracterizam a disputa acabam por denunciar mais
uma vez as faces negativas da política brasileira. É assim que a eleição na
Câmara expressa muito bem os piores defeitos do presidencialismo de coalizão,
do fracionamento da representação política e do jogo de vale tudo fomentado por
tais aberrações. É o retrato da política brasileira.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário