quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA 29 DE JANEIRO DE 2015

COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.

“PICADEIRO POLÍTICO”.

Nobres:
A enfadonha retórica conforme sucessivas manifestações ao povo se evidenciaram contanto o primeiro discurso de Dilma quanto sua primeira derrota no Congresso após a reeleição sinaliza algo há muito esperado, a reforma política, que vem a tona quando reúne interesses viciosos daquele poder conforme expressa o sistema presidencialista e a forma concernente de governo no Estado brasileiro. Em tese há unanimidade de princípio: todos concordam que deve haver mais democracia, que o ideal “todo o poder emana do povo” estampado na Constituição deve ser mais bem concretizado. Assentimento sobre o ideal, entretanto, não representa concordância na sua efetivação. Um dos principais argumentos do Congresso para derrubar o tão “surrado” Decreto 8.243 foi a invasão da sua competência. Para deixar de ser um ideal, será preciso reconhecer o Legislativo enquanto poder constituído e legítimo. A má prática de atropelar o Congresso seja por decreto, seja por medida provisória demonstra o caráter antidemocrático da tentativa de reforma política. Sem um amplo debate público, não haverá concordância mínima para a reforma. Essa derrota, ao menos, ilumina a questão. A invasão da esfera legislativa certamente não foi o principal motivo da revolta afinal, tal esfera tem sido atravessada há muito tempo. Por trás da rejeição do decreto, há uma discordância de meios. Por um lado, o governo entende que a criação de um sistema centralizado, sob o comando da Secretaria-Geral da Presidência, seria o caminho. Há outro, contudo. Um país continental, com população plural e com diferentes realidades regionais, deveria, em vez de centralizar ainda mais o poder, descentralizá-lo. É artificioso pensar que participação aumenta com centralização. A ampliação da participação do povo só existirá quando o poder for mais bem partilhado. Significa dizer: fortalecer Estados e, principalmente, municípios. Quem melhor que os cidadãos, ou seja, o povo para conhecer os problemas e as prioridades da sua região? A profunda reforma política, com incremento quantitativo e qualitativo da “participação direta”, só pode acontecer nos municípios, de modo que o povo possa exercer o poder de onde efetivamente está. Afinal, o povo não está em Brasília, e sim em todas as cidades. É que todos pensaram, mesmo, de forma eclética e natural.
Antônio Scarcela Jorge.

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