COMENTÁRIO.
Scarcela
Jorge.
AGUARDADO POR NATURAL.
Nobres:
Neste comentário estamos
focalizando o centro dos acontecimentos envolvendo a Petrobras, a então maior
estatal de petróleo do mundo, hoje transformada na máxima roubalheira do
planeta, promovida pelos dirigentes e aliados aos negócios escusos da empresa
de capital majoritariamente do governo que elege seus aliados. Como a
naturalidade se implica, foi previsível a reação do mercado e de todos os que
acompanham a situação da Petrobras, depois da divulgação do balanço do terceiro
trimestre de 2014 da empresa. O sentimento generalizado com a decisão da
direção de não contabilizar as perdas de patrimônio representadas pelos delitos
sob investigação é o pior possível. O maior grupo brasileiro, que construiu
reputação internacional pela qualidade técnica de seus quadros, sucumbiu a uma
gestão desastrosa e aos que se reuniram para saqueá-la. A bolsa foi empurrada
para baixo ontem, prevalecendo o desencanto com a incapacidade de reação do
comando da estatal até na elaboração de um balanço, o que, em tais
circunstâncias, não será nunca uma formalidade. Falharam a direção da Petrobras
e o governo na preservação de um patrimônio público que é compartilhado, direta
e indiretamente, entre os brasileiros e principalmente entre os que viam em
suas ações em bolsa uma possibilidade real de obter ganhos financeiros. A
confiança perdida significa também o acúmulo de perdas para cidadãos comuns,
estimulados pelo próprio governo a confiar parte de suas poupanças à histórica
prosperidade representada pela empresa. É por isso que o balanço parcial agora
divulgado não abala apenas a própria Petrobras, o Estado que é o seu
controlador, os grandes investidores e as empresas que dela dependem. Pequenos
investidores, incluindo os que aplicaram parcela importante de seu FGTS na
compra de ações, também são vítimas dos desatinos da corrupção. A máfia que se
apoderou da Petrobras conspira, com os altos custos de suas fraudes,
representadas por superfaturamentos e propinas, para perdas que muitos levarão
anos para recuperar, desde que isso seja de fato possível. Apenas como exemplo
das perdas patrimoniais ainda não apuradas, há o caso da construção da
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Calcula-se que o investimento deveria
custar o equivalente a US$ 7 bilhões. Consumiu mais de US$ 18 bilhões. Os danos
causados pelos crimes não são, portanto, apenas uma questão de mercado interessa
a todos os que apostavam na Petrobras como expressão do que o país tem de
melhor. A corrupção destruiu parte da crença dos brasileiros, desconstruiu a
imagem da empresa no Exterior e comprometeu para sempre a credibilidade dos que
deveriam defendê-la como um bem de todos. Este é o quadro do Brasil que se
explica.
Antônio Scarcela Jorge.
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