sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 30 DE JANEIRO DE 2015

COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.

AGUARDADO POR NATURAL.

Nobres:
Neste comentário estamos focalizando o centro dos acontecimentos envolvendo a Petrobras, a então maior estatal de petróleo do mundo, hoje transformada na máxima roubalheira do planeta, promovida pelos dirigentes e aliados aos negócios escusos da empresa de capital majoritariamente do governo que elege seus aliados. Como a naturalidade se implica, foi previsível a reação do mercado e de todos os que acompanham a situação da Petrobras, depois da divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014 da empresa. O sentimento generalizado com a decisão da direção de não contabilizar as perdas de patrimônio representadas pelos delitos sob investigação é o pior possível. O maior grupo brasileiro, que construiu reputação internacional pela qualidade técnica de seus quadros, sucumbiu a uma gestão desastrosa e aos que se reuniram para saqueá-la. A bolsa foi empurrada para baixo ontem, prevalecendo o desencanto com a incapacidade de reação do comando da estatal até na elaboração de um balanço, o que, em tais circunstâncias, não será nunca uma formalidade. Falharam a direção da Petrobras e o governo na preservação de um patrimônio público que é compartilhado, direta e indiretamente, entre os brasileiros e principalmente entre os que viam em suas ações em bolsa uma possibilidade real de obter ganhos financeiros. A confiança perdida significa também o acúmulo de perdas para cidadãos comuns, estimulados pelo próprio governo a confiar parte de suas poupanças à histórica prosperidade representada pela empresa. É por isso que o balanço parcial agora divulgado não abala apenas a própria Petrobras, o Estado que é o seu controlador, os grandes investidores e as empresas que dela dependem. Pequenos investidores, incluindo os que aplicaram parcela importante de seu FGTS na compra de ações, também são vítimas dos desatinos da corrupção. A máfia que se apoderou da Petrobras conspira, com os altos custos de suas fraudes, representadas por superfaturamentos e propinas, para perdas que muitos levarão anos para recuperar, desde que isso seja de fato possível. Apenas como exemplo das perdas patrimoniais ainda não apuradas, há o caso da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Calcula-se que o investimento deveria custar o equivalente a US$ 7 bilhões. Consumiu mais de US$ 18 bilhões. Os danos causados pelos crimes não são, portanto, apenas uma questão de mercado interessa a todos os que apostavam na Petrobras como expressão do que o país tem de melhor. A corrupção destruiu parte da crença dos brasileiros, desconstruiu a imagem da empresa no Exterior e comprometeu para sempre a credibilidade dos que deveriam defendê-la como um bem de todos. Este é o quadro do Brasil que se explica.
Antônio Scarcela Jorge.

Nenhum comentário:

Postar um comentário