Líderes petistas avaliam que a ex-ministra deseja sair do partido para
disputar Prefeitura de São Paulo em 2016.
Brasília. A
entrevista da senadora Marta Suplicy (PT) ao jornal "O Estado de
S.Paulo" gerou "indignação" e profundo mal-estar entre
parlamentares e dirigentes do partido. Marta criticou Dilma Rousseff e abriu
fogo contra o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e contra o presidente
do PT, Rui Falcão.
Para petistas, a ex-ministra da
Cultura demonstra "mágoa", ignora espaços conquistados e revela estar
pavimentando sua saída do PT pra disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016.
"É muito ruim para o partido. Essas vaidades, colocando os interesses
pessoais acima do partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito
maus olhos", resumiu o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice.
"Eu lamento. A Marta teve
todas as portas abertas no PT e sempre galgou os cargos almejados. Ela não
deveria ficar chutando dessa forma, jogar para cima tudo o que o partido lhe
proporcionou", disse o deputado federal Vicente Cândido (SP).
Na entrevista, a senadora chama
Mercadante de "inimigo do Lula" e "candidatíssimo" a
presidente em 2018. Sobre Falcão, alega que ele "traiu o partido e o
projeto do PT". Nem mesmo poupa a gestão Dilma: "não se engendraram
as ações necessárias quando se percebeu o fracasso da política econômica
liderada por ela". E alerta: "ou o PT muda ou acaba".
O deputado Devanir Ribeiro (PT)
avalia que Marta carrega "mágoa" por ter sido preterida nas escolhas
do PT nas últimas eleições para o governo de São Paulo e a prefeitura da
capital.
Vícios do PT
"Qualquer outro partido que
ela for não será melhor do que o PT na inserção social. O PT é isso por
responsabilidade de todos e também dela. Principalmente de quem teve cargo de
destaque, como foi o caso dela". Vicente Cândido, por sua vez, disse que a
ex-ministra tem responsabilidade pelos vícios do PT apontados por ela e deveria
atuar para resolvê-los internamente.
Cândido também criticou o relato
feito pela senadora sobre o movimento que pregou a candidatura do ex-presidente
Lula no lugar de Dilma. A senadora foi a principal articuladora do "Volta,
Lula" e, na entrevista, sugere que o ex-presidente incentivou, em alguns
momentos, o prosseguimento das conversas. Dilma e Lula optaram pelo silêncio
para não criar mais polêmicas com a senadora Marta Suplicy. A mesma atitude
tiveram o ministro Aloizio Mercadante e o presidente do PT, Rui Falcão. Pessoas
ligadas ao ex-presidente Lula disseram que há quatro anos tentam intrigá-lo com
Dilma.
Vice-presidente do partido, o
deputado federal José Guimarães (CE) disse que o tema será discutido
internamente na legenda. "O silêncio é a melhor resposta", afirmou
Guimarães. Apesar das dores de cabeça causadas pela entrevista de Marta, a
avaliação no Partido dos Trabalhadores é de que ela não deverá sofrer um
processo de expulsão, pois sairia como vítima.
Oposição
Em outro momento, a entrevista de
Marta Suplicy poderia ter mudado o rumo da eleição presidencial, na avaliação
do deputado federal e senador eleito pelo DEM Ronaldo Caiado (GO): "Se
tivesse ocorrido antes das eleições, teria dado uma grande contribuição para o
País. Teria força para mudar rumo das eleições".
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR)
afirmou que as declarações de Marta Suplicy "refletem o cenário
atual" e mostram que o PT é um "partido em frangalhos": "A
casa está caindo literalmente. Nessas horas, aqueles que não tinham coragem de
fazer oposição se tornam corajosos e os que só tinham o sentimento do adesismo,
da cumplicidade e do fisiologismo se sentem encorajados em abrir
dissidência".
O tucano paranaense disse que
"é um pouco tarde" para pedir mudanças no PT. "O partido está na
descendente e é irreversível. Quem vai promover mudança é o povo na primeira
oportunidade eleitoral", disse.
Fonte: Agência Brasil.
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