Número é o mais alto desde 2011; em 2013, IPCA ficou em 5,91%. - De novembro para dezembro, taxa acelerou, pressionada por transportes.
O aumento dos preços de alimentos
e de habitação não deu trégua para o bolso do brasileiro ao longo de 2014 e
contribuiu para que a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), acumulasse alta de 6,41%, a maior desde 2011.
Apesar do avanço em relação a
2013, quando a taxa chegou a
5,91%, a inflação ficou abaixo do teto
da meta do Banco Central, de 6,5% ao ano.
Os números foram divulgados nesta
sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A estimativa mais recente do mercado
financeiro divulgada pelo boletim Focus
apontava que o IPCA deveria ficar em 6,39% no ano passado. Já a previsão
do BC era de uma taxa acumulada de
6,4%. A última previsão feita pelo Ministério da Fazenda foi de IPCA acima de
6,4%, "mas sem estourar meta".
Em 2014, os gastos relativos à
habitação subiram 8,80%, depois de avançar 3,4% no ano anterior, influenciados
pela energia elétrica, que ficou 17,06%, em média, mais cara. Em 2013, o valor
da tarifa havia recuado 15,66%.
Alta nos alimentos.
Apesar de não terem registrado a
maior taxa entre os grupos de gastos analisados, os alimentos exerceram o maior
impacto no IPCA, subindo 8,03%, um pouco abaixo do índice de 2013.
As carnes foram as grandes vilãs
da inflação no ano passado, com alta de 22,21%. Outros alimentos subiram mais,
no entanto, por terem peso menor no cálculo do IPCA, contribuíram menos com a
alta. Esse é o caso do açaí (29,73%) e da cebola (23,61%). Comer fora de casa
também ficou mais salgado para o brasileiro. Esse tipo de refeição sofreu
aumento próximo de 10%.
Eulina Nunes dos Santos,
coordenadora de Índices de Preços do IBGE, explica que a alta das carnes, que
vem pressionando há três meses, se deve principalmente ao aumento das
exportações, com o embargo da Rússia aos produtos americanos e europeus. Rússia
e China são os maiores compradores da carne brasileira.
"Com a alta das carnes, os
pecuaristas ficaram felizes. Eles alegam que em anos anteriores, tiveram
prejuízos, chegando a abater matrizes. A menor oferta de gado, maior exportação,
a pressão do dólar sobre os custos de produção e a seca que prejudicou as
lavouras foram as principais causas da alta", disse.
A menor oferta de gado, maior
exportação, a pressão do dólar sobre os custos de produção e a seca que
prejudicou as lavouras foram as principais causas da alta nos alimentos.
- Eulina Nunes dos Santos,
coordenadora do IBGE.
Serviços.
Os preços relativos a educação também subiram em 2014, 8,45%, influenciados diretamente pela alta de 8,87% dos cursos regulares e de 8,09% dos cursos diversos, como idioma e informática.
Na sequência, aparecem as
variações de despesas pessoais, 8,31%, pressionadas pelo aumento de 10% no
serviço de empregadas domésticas. Também subiram mais os preços de hotéis
(10,42%), manicure (9,73%), jogos lotéricos (9,05%), cabeleireiro (8,39%),
cigarro (7,20%) e serviços bancários (6,32%).
Com o aumento nos custos com
planos de saúde (9,4%), o grupo saúde e cuidados pessoais fechou o ano em
6,97%. Os artigos de residência avançaram 5,49%, influenciados por eletrodomésticos
(10,59%) e conserto de artigos de casa (10,01%).
Menores oscilações.
As menores variações no ano
passado, entre todos os grupos, partiram de transportes (3,75%), vestuário
(3,63%) e comunicação (-1,52%). "O grupo transportes, por se constituir no
segundo de maior peso no orçamento das famílias (18,43%) e registrar variação
bem abaixo da média, teve forte influência na formação do IPCA do ano. As
tarifas dos ônibus urbanos situaram-se em 3,85%, com ocorrência de reajuste em
sete das 13 regiões pesquisadas", diz o IBGE, em nota.
Na comparação mensal, o IPCA
passou de 0,51% em novembro para 0,78% em dezembro. As maiores influências para
o aumento de preços no país partiram dos preços de transportes e de alimentos.
No caso dos transportes, cuja
variação chegou a 1,38% – a maior entre os grupos de gastos analisados pelo
IBGE –, a alta foi fortemente influenciada pelo preço das passagens de avião,
que subiram 42,53% em dezembro, período de férias escolares e festas de fim de
ano.
Salvador e Campo Grande viram as
tarifas subirem mais do que em outros locais: 54,82%. Apesar desse resultado,
no último mês do ano o aumento acumulado em 2014 foi de 7,79%.
Além das passagens, outras
pressões partiram do etanol (1,31%), do automóvel novo (0,69%), do ônibus
intermunicipal (0,64%) e da gasolina (0,61%).
Assim como visto no ano de 2014,
os alimentos exerceram o mais forte impacto sobre o IPCA de dezembro, ainda que
não tenham registrado a maior taxa.
O avanço de 1,08% nos alimentos
teve ajuda dos preços das carnes, que ficaram 3,73% mais caras, além da
refeição fora de casa, cuja alta foi de 1,41%. A mistura mais tradicional da
mesa do brasileiro também teve forte alta. Os feijões chegaram a subir 9,26%,
em média, enquanto o arroz ficou mais caro em 1,81%.
Também mostraram expansão de
novembro para dezembro os preços de vestuário, 0,85%, e de despesas pessoais,
0,7%. Saúde e cuidados pessoais ficou em 0,47% e artigos de residência não
registraram variação. Só subiram menos os preços relacionados à habitação
(0,51%), educação (0,07%) e comunicação (0,00%).
Por região.
O Rio de Janeiro foi o estado
onde a inflação mais pesou, com uma taxa de 7,70% em 2014, contra 6,16% no ao
anterior.
"No estado, os alimentos chegaram a 2,31% somente em dezembro pressionando
a taxa. O feijão estava na entressafra, por isso a alta de preços. A batata e a
cebola tiveram lavouras prejudicadas pela seca. O volume da produção pode não
cair, mas a qualidade diminui e os preços tendem a aumentar. O frango também
aumentou seguindo o movimento das carnes. E quando a carne sobe, as famílias
optam pelo frango", explicou Eulina.
INPC.
O Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), também divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira, variou 0,62%
em dezembro, acima do resultado de 0,53% de novembro. O ano de 2014 fechou em
6,23%, acima da taxa de 5,56% de 2013.
Fonte: G1, em São Paulo
e no Rio.
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