De acordo com o ministro, é impossível, a esta altura, apontar qual
candidatura teria se beneficiado do suposto uso de dinheiro provindo do esquema.
É "incorreto" afirmar que dinheiro do esquema de corrupção
da Petrobras irrigou a campanha
de 2010 da presidente Dilma Rousseff, disse nesta quinta-feira (4) o ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Segundo depoimento de Augusto de
Mendonça Neto, executivo da empreiteira Toyo Setal e delator da Operação Lava
Jato, parte da propina paga para o ex-diretor de Engenharia e Serviços da
Petrobras Renato Duque eram "doações
oficiais ao Partido dos Trabalhadores". O dinheiro, cerca de R$ 4
milhões, foi para o Diretório Nacional do partido, disse o executivo.
Cardozo afirma que é preciso ler
o depoimento de Mendonça Neto em
conjunto com a delação premiada de Júlio Camargo, também da Toyo Setal. Camargo
fala em doações para 11 partidos, dentre eles o PT e PSDB, mas nega que essas
doações sejam relacionadas a propinas.
"Dá para permitir qualquer
conclusão em relação ao PT e todos os partidos envolvidos? Às vezes você começa
a deduzir situações, avançando além dos fatos e das investigações. Você não
pode fazer afirmações que às vezes são feitas em relação a um partido ou em
relação a todos", disse Cardozo.
De acordo com o ministro, é impossível, a esta altura, apontar
qual candidatura teria se beneficiado do suposto uso de dinheiro provindo do
esquema.
"Quando você fala em
contribuições neste período, você não está falando especificamente das contas
de uma campanha, você está falando de todas as campanhas de todos esses
partidos."
O que está ocorrendo, afirma, é
uma "leitura política" da investigação. "Há uma leitura política
dos fatos que não condiz com aquilo que está dito. Cada um vai ser os fatos
como lhe interessa. Por que é a presidencial e não os governadores? Onde é que
está dito isso?", disse.
"Há uma tentativa de se
politizar uma investigação. Eu não posso cair no jogo da tentativa de
politizar. De onde se tira que isso é para a campanha da Dilma? É incorreto se
tirar uma conclusão desse tipo. É mais do que pré-julgamento. É uma tentativa
de construção de uma tese muito além dos fatos que estão colocados."
Cardozo reafirmou frase dita por
outros membros do governo --a de que a administração Dilma não está receosa dos
resultados da Lava Jato e que investigará "doa a quem doer".
Fonte: Folhapress.
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