COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
BARREIRA ENTRE DOIS
PAÍSES.
Nobres:
A reaproximação
gradual entre Estados Unidos e Cuba foi anunciada na tarde de quarta, 17 de
dezembro, com a solenidade devida. Simultaneamente, Barack Obama e Raúl Castro
informaram ao mundo e em especial para a América Latina que as relações entre
os dois países passarão por uma distensão progressiva. Vários são os eixos de
análise possíveis para discutir o caso. Neste breve texto, observo a
preocupação dos EUA com o aumento da presença de capitais chineses em Cuba e a
franca adesão do chefe de Estado cubano a uma linha chinesa pós-Deng Xiao Ping.
Washington vê com certa temeridade a projeção da China como parceiro econômico
da América Latina e com especial participação no eixo dos países membros do MERCOSUL
e Unasul. Beijing está financiando a construção de uma rota marítima
alternativa ao Canal do Panamá, passando pelo Lago da Nicarágua e onde terá
papel importante o novo porto de Mariel, em Cuba. Os EUA operam como força
protetiva da via entre o Pacífico e o Caribe/Atlântico; logo a presença chinesa
em Cuba como parceira comercial pode implicar numa perda de influência direta
maior do que a representada pelo poderio militar do Comando Sul das forças
armadas estadunidenses. Para evitar isto, o governo Obama estaria seguindo os
passos da própria China que começou a financiar seu crescimento nos anos 80 ao
facilitar a repatriação de capitais chineses ultramarinos evadidos do país após
1949. Os EUA não poderiam dar-se ao luxo de não participar da expansão de
processos capitalistas dentro do Estado que fora seu adversário por mais de 50
anos.
A vontade do Departamento de Estado de aumentar o aporte de capitais cubano-americanos e o tempo de navegação na internet por cidadãos cubanos também é uma operação de “corações e mentes”. A administração Obama vê o bloqueio econômico como forma ineficaz para derrubar o castrismo, terminando por gerar maior coesão ao Estado na população da ilha. Mais expostos ao modo de vida dos EUA, os cubanos poderiam vir a aderir ideologicamente ao mundo do consumo suntuoso e do individualismo, identificando-se assim com a superpotência. Neste aspecto iremos encontrar a modernidade isenta entre as relações diplomáticas essencialmente desejáveis.
Antônio Scarcela Jorge.A vontade do Departamento de Estado de aumentar o aporte de capitais cubano-americanos e o tempo de navegação na internet por cidadãos cubanos também é uma operação de “corações e mentes”. A administração Obama vê o bloqueio econômico como forma ineficaz para derrubar o castrismo, terminando por gerar maior coesão ao Estado na população da ilha. Mais expostos ao modo de vida dos EUA, os cubanos poderiam vir a aderir ideologicamente ao mundo do consumo suntuoso e do individualismo, identificando-se assim com a superpotência. Neste aspecto iremos encontrar a modernidade isenta entre as relações diplomáticas essencialmente desejáveis.
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