Empresa divulgou apenas alguns indicadores que acredita que não serão
afetados por eventuais baixas contábeis - que possivelmente terão que ser
feitas por conta dos resultados das investigações.
A Petrobras adiou a divulgação
das demonstrações contábeis não auditadas do terceiro trimestre de 2014 para
até 31 de janeiro devido a "novos fatos" relacionados à operação
Lava Jato, que investiga um suposto esquema de corrupção na estatal.
O novo adiamento foi possível
porque os credores aceitaram mudanças nos termos contratuais dos bônus
(covenants) que tratam dos prazos para a apresentação dos resultados,
eliminando o risco de a empresa ter que pagar antecipadamente parte da dívida
crescente.
A Petrobras divulgou apenas
alguns indicadores operacionais e informações econômico-financeiras que
acredita que não serão afetados por eventuais baixas contábeis (que
possivelmente terão que ser feitas por conta dos resultados das investigações).
O endividamento líquido da
empresa fechou o terceiro trimestre em R$ 261,45 bilhões, aumento de
35,5% em relação período do ano passado. Da dívida total de R$ 331,7
bilhões, R$ 28,2 bilhões vencem no curto prazo.
Este foi o segundo adiamento da
divulgação dos resultados, esperada inicialmente para o início de novembro, por
conta da Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção em obras envolvendo
empreiteiras e pagamentos ilegais a políticos.
O adiamento da divulgação e as
incertezas relativas às investigações estão deixando a Petrobras com menos
opções de financiamento de seu gigantesco plano de investimento.
Mas a estatal informou nesta
sexta-feira que está adotando uma série de medidas que visam eliminar a
necessidade de captação de recursos no próximo ano, como a "redução do
ritmo dos investimentos projetados" e a antecipação de recebíveis.
"Essas ações asseguram fluxo
de caixa livre positivo no próximo ano, considerando preços de petróleo em
torno de 70 dólares por barril e taxa de câmbio em torno de 2,60 reais por
dólar", disse.
A Petrobras informou que fechou o
terceiro trimestre com R$ 62,4 bilhões em caixa e equivalentes de caixa, e
que conseguiu gerar um fluxo de caixa positivo no trimestre de R$ 4,25
bilhões, ante fluxo negativo de R$ 5,23 bilhõesno mesmo período do ano
passado.
Entretanto, o cenário para o petróleo
não é nada animador para a Petrobras do ponto de vista dos parâmetros que ela
colocou para ter um fluxo de caixa positivo em 2015.
O petróleo Brent atingiu nesta
sexta-feira uma nova mínima de cinco anos, fechando a 61,85 dólares, com a
expectativa de uma oferta maior no próximo ano. Diante deste cenário, a Agência
Internacional de Energia (AIE) prevê preços ainda mais pressionados em 2015. O
dólar fechou nesta sexta-feira cotado a R$ 2,65.
Outra ameaça enfrentada pela
Petrobras - essa ligada à Lava Jato - é a investigação iniciada pelo
órgão regulador de mercados dos Estados Unidos, a Securitizes and Exchange
Commission (SEC), que também contribuiu para o adiamento da divulgação do
balanço não auditado.
Nesta semana, a Petrobras também
se tornou objeto de ações coletivas de investidores nos Estados Unidos que
buscam indenizações por se sentirem prejudicados pelo suposto esquema de
corrupção na estatal.
No plano interno, nesta
sexta-feira, a Justiça Federal do Paraná (JFPR) acatou as primeiras denúncias
apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no caso que investiga
suposto esquema de corrupção.
Fonte:
Reuters.
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