MP SERÁ CONSULTADO SOBRE INDICAÇÕES.
Presidente vai procurar saber se há algo contra alguns dos nomeados para
o primeiro escalão do governo.
O
ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa (foto) criticou a postura da presidente,
a qual, segundo ele, representa a "degradação institucional"
Brasília. A
presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã de ontem, que irá consultar o
Ministério Público para confirmar a nomeação de novos nomes para seu
ministério. Em café da manhã com jornalistas, Dilma disse que quer saber se há
algo contra alguns dos nomeados.
"Eu vou perguntar: 'há algo
contra fulano que me impeça de nomeá-lo?' Só isso. Eu não quero saber o que ele
não pode me dizer", afirmou a presidente da República. "Eu
consultarei o Ministério Público mais uma vez, para qualquer pessoa que eu for
indicar", disse.
Dilma disse ainda que não tem
conhecimento da lista de nomes citados nos processos de delação premiada e
lembrou que a lista publicada pelo jornal "O Estado de S.Paulo" não é
oficial. "Eu só vou achar que é oficial no dia em que o procurador me
disser que é oficial", afirmou.
Conforme o Estado revelou na
última sexta-feira (19), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa citou em depoimento 28 nomes de políticos que teriam recebido
recursos do esquema de corrupção na Petrobras. Entre eles, o atual ministro das
Minas e Energia, Edison Lobão.
Questionada sobre quando ela irá
anunciar o novo lote de integrantes do primeiro escalão, a presidente afirmou
que sua pretensão é divulgar a lista de novos ministros até o dia 29.
Confirmação e especulação.
Até o momento, a petista
confirmou apenas quatro futuros ministros: Joaquim Levy (Fazenda), Nelson
Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central) e Armando Monteiro
(Desenvolvimento, Indústria e Comércio).
Ao comentar a possível indicação
da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura - alvo de
críticas de movimentos como MST e Contag -, Dilma foi irônica. A petista disse
que apesar de ter consultado setores da sociedade, a população lhe deu mandato
para fazer escolhas.
Críticas.
O ex-ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Joaquim Barbosa definiu como "degradação institucional"
a declaração da presidente Dilma Rousseff sobre a consulta ao MP.
Em sua conta oficial no Twitter,
Barbosa publicou quatro mensagens com críticas à presidente, sem referir-se
nominalmente a Dilma. "Que degradação institucional! Nossa presidente vai
consultar órgão de persecução criminal antes de nomear um membro do seu
governo", afirmou no primeiro texto.
Poucos minutos depois, o
ex-ministro voltou à carga: "Há sinais claros de que a chefe do Estado
brasileiro não dispõe de pessoas minimamente lúcidas para aconselhá-la em
situações de crise".
Cerca de meia hora após as
primeiras mensagens, Barbosa criticou também os nomes que têm sido aventados
para ocupar a vaga que era dele no STF - entre os cotados, há dois membros do
governo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o advogado-geral da
União, Luís Inácio Adams.
"Onde estão os áulicos tidos
como candidatos a uma vaga no STF, que poderiam esclarecer: Ministério Público
não é órgão de assessoria!", prosseguiu Joaquim Barbosa. "Ministério
Público é órgão de contenção do poder político. Existe para controlar os
desvios e investigá-los, não para assessorá-lo", conclui ele, na última
postagem.
A oposição também criticou a
decisão da presidente da República. "Veja a que pontos chegamos. A
presidente chega fragilizada ao segundo mandato", declarou o líder do PSDB
na Câmara dos Deputados, Antônio Imbassahy (BA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário