COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
EVIDENTE EXPECTATIVA.
Nobres:
No período que
os acontecimentos evidenciados pela sociedade brasileira, seguem-se a duas
semanas do final do ano e 18 meses depois dos movimentos de junho de 2014, que
mudaram a pauta dos debates, o Brasil contabiliza os custos das múltiplas
chagas enfrentadas nos últimos meses. Da denúncia de dezenas de envolvidos no
escândalo da Petrobras, incluindo dirigentes de empreiteiras e até mesmo ao
relatório da Comissão Nacional da Verdade, com novas luzes sobre o período do
regime de exceção, há sinais de que o país começa finalmente a enfrentar suas
mazelas. Negar-se a confrontá-las com o desejo real de mudanças é desperdiçar
uma oportunidade rara que a história nos oferece. O conjunto de situações que
denunciam casos atuais como o escândalo que abala nossa maior estatal e
iluminam um passado recente, como as questões ainda em aberto postas pela
Comissão da Verdade, desafiam o Brasil a não fugir da resposta às suas grandes
indagações. Por que até agora o país foi incapaz, por exemplo, de estancar a
sangria da corrupção? Que forças conspiram contra a vontade dos que perseguem a
correção na conduta dos que nos governam, em todas as esferas de poder? O preço
a pagar por essa revisão cívica é grande, sob o ponto de vista financeiro,
moral, psicológico, pois o processo impõe prejuízos econômicos como os vistos
no caso Petrobras, além de provocar sentimentos como indignação, pessimismo e
redução da autoestima. Esse verdadeiro choque de ética, porém, para o qual o
Brasil rumou com atraso, vai compensar se contribuir para a retomada do
otimismo da sociedade em relação ao futuro. Isso vai depender da determinação
de todos de enfrentar as deformações que o espelho mostra hoje. E a
viabilização desse empenho começa pela efetividade da estrutura institucional
do país onde avanços são proclamados naturalmente.
Antônio Scarcela
Jorge.
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