segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

CEARÁ "PAI D'ÉGUA! NA POLÍTICA IMPERA A CONVENIÊNCIA

 CENÁRIO DO CEARÁ
OPOSIÇÃO É CIRCUNSTANCIAL E PAUTADA POR INTERESSES LOCAIS.
Diante da flexibilização da fidelidade partidária, legendas e lideranças se tornam opositoras por acordos pontuais.

Contraponto à maioria que legitima a atuação de um governo, a oposição exerce o papel de questionar o consenso. No entanto, devido às fragilidades no processo político-partidário, essa minoria que não consegue chegar ao poder acaba tendo um caráter circunstancial, pautado por acordos pré-eleitorais que culminam em coligações. É o que apontam cientistas políticos cearenses. No Estado, a definição da oposição ainda aguarda os próximos passos do governador eleito Camilo Santana e a concretização do secretariado da nova gestão.

Apesar de ser a sigla a qual é
filiado o próximo governador, o PT apresenta uma divisão estadual que tem a figura da ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins como peça central. A maioria da legenda no Estado apoia tanto a Prefeitura de Fortaleza comandada por Roberto Cláudio como o governo Cid Gomes. A ala ligada a Luizianne, no entanto, apresenta arestas à política tocada pela família Ferreira Gomes.

Diante do cenário conturbado do PT, o candidato derrotado a prefeito de Fortaleza e deputado estadual eleito Elmano de Freitas, aliado de Luizianne, acena para a possibilidade de diálogo com o grupo ligado a Camilo Santana. Por sua vez, o deputado federal não reeleito Eudes Xavier se afastou da cúpula da Democracia Socialista, a mesma da ex-prefeita da Capital, por divergência na campanha eleitoral. Assim, a postura do PT segue indefinida para 2015.

“A vantagem do Camilo é que ele é um sujeito parcimonioso e tem personalidade tranquila. Isso é uma tendência a apaziguar os ânimos e buscar aproximação com o grupo da ex-prefeita Luizianne Lins. A tendência é que essa rusga vá esmaecendo um pouco mais”, opina o cientista político Sérgio Nery, professor da Universidade de Fortaleza.

Arestas

O PSOL, fundado a partir de cisão do PT, vem se firmando como o partido com representação legislativa que mais tem conseguido fazer oposição nas esferas municipal, estadual e nacional. A agremiação possui dois vereadores na Câmara Municipal de Fortaleza: João Alfredo e Toinha Rocha. Há algum tempo, os dois parlamentares já demonstraram entre si arestas de convivência no Legislativo. Neste ano, o partido elegeu o advogado Renato Roseno deputado estadual.

Para Sérgio Nery, pela pouca estrutura partidária, o PSOL é um partido que consegue se desvincular de “laços de interesse e pressão” governista. “Ele atua de forma independente, tem um alinhamento socialista à esquerda e não tem receio de ser oposição, em razão da própria estrutura, e consegue fazer barulho”, declara, comparando a legenda aos primórdios do PT.

Outra situação característica da falta de rigidez da fidelidade partidária é a atuação do deputado Heitor Férrer. Mesmo o seu partido, o PDT, sendo aliado da Prefeitura de Fortaleza, Governo do Estado e União, o parlamentar se intitula independente e por vezes atua como oposição ao governador Cid Gomes.

Na campanha eleitoral deste ano, o presidente do PDT cearense, André Figueiredo, ameaçou abrir procedimento disciplinar para questionar a atuação de Férrer, que declarou apoio ao presidenciável Aécio Neves. Porém, pela densidade eleitoral do deputado, é improvável que o partido leve adiante qualquer punição ao parlamentar, acredita o cientista político Sérgio Néry.

“A fidelidade partidária frouxa permite atuação de um deputado como o Heitor Férrer, que é mais independente”, declara. “Política é segredo. Há coisas que não são ditas e outras que se diz querendo falar outra coisa. Um deputado eleito por uma sigla dificilmente vai ser punido por um partido”, acrescenta.

Sérgio Néry explica que o conceito de oposição surge como uma contraposição à maioria vigente. “O regime democrático é basicamente marcado pela regra da maioria. Quando a maioria decide por um candidato de um partido, coloca os outros partidos na oposição”. E completa: “a questão fica mais complexa no cenário político brasileiro em razão das coligações da eleição majoritária e de forma exótica nas eleições proporcionais”.

No Ceará, o PMDB tem representado esse contexto das situações exóticas. Maior partido de sustentação do Governo Federal e alinhado por sete anos à gestão Cid Gomes, o partido resolveu se colocar como oposição no Estado em 2014. O ápice dessa atuação se deu com a candidatura a governador de Eunício Oliveira, que, embora coligado ao PSDB de Aécio Neves, declarou voto individual a Dilma Rousseff.

Pouco expressiva.

Na avaliação do cientista político Horácio Frota, coordenador do mestrado em políticas públicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a postura de oposição do PMDB deve ser pouco expressiva no Estado por conta do alinhamento à União. 
“O PMDB está no Governo Federal, então não vai mudar, vai continuar em termos federais aliado ao governo. Algumas coisas ele não vai poder fazer. Por exemplo, quando o Estado estiver executando ação de saúde como a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), não pode ser contra. Tem seus limites”, analisa.

A doutora em Sociologia Cristina Nobre destaca que, com o início do próximo governo, lideranças peemedebistas podem se aproximar do governador eleito Camilo Santana, mesmo contrariando orientação do senador Eunício Oliveira, presidente estadual do partido. “Para um prefeito é muito complicado não ser afinado com o Governo do Estado. Isso pode levar a uma redefinição do cenário que se tinha na eleição”, aponta.

A especialista diz que a oposição é resultado da composição de forças do momento eleitoral, que pode ser momentâneo ou se definir. “A circunstância é a necessidade de vinculação ao Governo Federal. O jogo de forças que aparece. A base de apoio, quando descontente, prende as pautas para não ter votação. Há uma fragilidade político-partidária. Os apoios nem sempre se definem pelas ideias, mas por interesses localizados”, atesta.
Fonte: DN.

CENÁRIO (SACANAGEM) POLÍTICA NO ESTADO.

No Ceará, parlamentares fazem oposição mais isolada do que amparada por decisões partidárias. As posturas das legendas também se alteram a depender dos cenários municipal, (aí, é no reino da esculambação) estadual e federal nas eleições mais recentes, o Tribunal Superior Eleitoral extinguiu a verticalização das coligações partidárias, que obrigava as legendas a manter a coerência nas alianças desde o âmbito municipal até o federal com a flexibilização das coligações partidárias, o que se presenciou foi uma série de contradições ideológicas nas alianças entre as agremiações.

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