sábado, 13 de dezembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SÁBADO - 13 DE DEZEMBRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

TSE: DOIS PESOS & DUAS MEDIDAS.

Nobres:
É do singularíssimo que a Corte em evidência sempre se posicione em prol de candidatura do governo o que confronta com o normativo constitucional que determina a isonomia do interpretativo da lei. Neste contexto observamos que as contas de campanha da presidente Dilma Rousseff foram aprovadas com ressalvas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque as irregularidades constatadas não chegaram a ser consideradas suficientemente graves para provocar a rejeição. Já as contas do governador reeleito Geraldo Alkmin foram reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, que considerou infração grave o fato de um volume considerável de receitas ter sido omitido nas prestações parciais. A candidata à reeleição presidencial também não cumpriu integralmente esta disposição das novas regras, cuja observância total foi empurrada pelo próprio TSE para o próximo pleito. Ainda que ambos os candidatos possam ser diplomados, o descumprimento da legislação mancha o esforço do país pela implantação de mecanismos eficientes de transparência para a administração pública. Esse é o primeiro ano em que os candidatos precisaram entregar à Justiça Eleitoral as prestações de contas parciais, com a discriminação da arrecadação e dos gastos realizados. A inovação facilitaria o acompanhamento por parte dos eleitores e da própria Justiça Eleitoral e deve ser saudada como um ganho sob o ponto de vista ético. Ainda assim, como reconheceu o próprio relator do processo no TSE, ministro Gilmar Mendes, os responsáveis pelas campanhas têm direito a um período de tempo maior para adaptações. O certo é que o país precisa ampliar a transparência no controle dos recursos destinados a financiar campanhas, exigir rigor no cumprimento das regras e impor um limite no total de gastos. É inadmissível que, a cada eleição, os custos para quem busca votos se ampliem tanto. Os gastos desenfreados seriam um pouco mais aceitáveis se fossem bancados por cidadãos interessados no fortalecimento da democracia, e não por um grupo cada vez mais seleto de empresas com interesse em algum tipo de ganho no setor público. Mudanças como a prestação parcial de contas significam um avanço para assegurar mais moralidade, e precisam ser permanentemente reforçadas para garantir mais transparência. Ainda assim, só fazem sentido se forem para valer, não se resumindo a um simples faz de conta. Enquanto a adaptação com direito absoluto requer de identidades concernentes, os atingidos não esperam para roubar direccionalmente o povo brasileiro.
Antônio Scarcela Jorge.

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