COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
DISSIMULAÇÃO
GENERALIZADA.
Nobres:
Estimamos que a
política seja alcançada como a dimensão específica onde os temas de interesse
público são objeto de debate, se confunde com a ideia de civilização. A
atividade deveria, por isso, ser muito valorizada, ainda quando a atuação dos nossos
representantes extremamente ruim, em sua maioria “ladrões” (fazem questão de se
alto proclamar) “novos tempos, e velha ladroagem”. A forma como tratamos da
política diz muito sobre nós; mais do que estamos dispostos a reconhecer. E, se
permitimos abordagens que depreciam a atividade política, o que estimulamos,
concretamente, são as soluções definidas fora do espaço democrático. Por esta
razão, os inimigos da política carregam sempre uma ameaça, ainda que dela não
saibam. Independentemente da relevância da política, há coisas muito mais
importantes do que ela no espaço público, situadas para além das considerações
particulares dos grupos que disputam o poder. O respeito aos direitos
fundamentais, por exemplo; a honestidade; o valor da palavra empenhada; a
coragem que nos permite enfrentar riscos em nome do que nos parece o justo; a
solidariedade devida aos que sofrem; a disposição de enfrentar o convencionalismo.
Há, assim, valores que não estão ou não deveriam estar submetidos à disputa
política. Pelo contrário, seria legítimo esperar que as disputas políticas
fossem regradas por eles. As convicções políticas não só autorizam como exigem
a crítica e a denúncia, com todas as ênfases necessárias. Nada disso,
entretanto, poderia legitimar a ocupação do espaço público por bufões proponentes
do grotesco e da covardia, aqueles que apregoam para o povo o sentido da
essência da democracia se formulam com desfaçatez de hipocrisia.
Antônio Scarcela Jorge.
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