Presidente não quer na nova equipe políticos
suspeitos de corrupção.
A presidente Dilma Rousseff
decidiu reavaliar os nomes que irão compor o ministério do segundo mandato,
após tomar conhecimento da lista de 28 políticos citados pelo ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa como
beneficiários do esquema de corrupção na estatal, conforme revelou o jornal O
Estado de S. Paulo. Antes cotado para o primeiro escalão do governo, o
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deve ser a primeira
vítima da "lupa" de Dilma.
Embora o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, só vá pedir a abertura de inquérito e oferecer
denúncia contra políticos envolvidos na operação Lava Jato em
fevereiro de 2015, a presidente não quer chamar para a equipe nomes sob
suspeita. Alves perdeu a eleição para o governo do Rio Grande do Norte e, até
agora, tinha cadeira garantida no Ministério do Turismo ou na Secretaria dos
Portos, a partir de 2015.
Na avaliação de Dilma, ignorar os
depoimentos das delações premiadas à Polícia Federal seria o mesmo que arrastar
o escândalo da Petrobras para dentro do Palácio do Planalto. Em público, a
presidente tem dito que é preciso aguardar as provas, mas, na prática, avisou
que não vai correr os mesmos riscos de seu primeiro ano de governo, em 2011,
quando sete ministros foram abatidos na "faxina" ética, seis deles no
rasto das denúncias de corrupção.
Na lista dos políticos acusados
por Costa de receberem repasses do esquema na Petrobras, oito são do PT, oito
do PMDB, dez do PP, um do PSB e um do PSDB. O Planalto tem certeza de que os
nomes divulgados pelo Estado compõem mesmo a lista sob análise de Janot, a ser
reforçada com outras delações, como a do doleiro Alberto Youssef.
O ex-ministro da Casa Civil
Antonio Palocci (PT), coordenador da campanha de Dilma na eleição de 2010, e o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também foram mencionados no
depoimento de Costa e negaram "com veemência" a denúncia. Renan tem
apadrinhados no governo, como o atual ministro do Turismo, Vinícius Lages. De
acordo com auxiliares de Dilma, porém, a inclusão do aliado na lista de Costa
não afetará a escalação do ministério. Mesmo assim, há preocupação no Planalto
com o impacto das delações na campanha de Renan para se reeleger presidente do
Senado, em fevereiro de 2015.
O governo vive tempos difíceis no
relacionamento com a base aliada no Congresso e, para piorar o quadro, o líder
do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), é favorito para comandar a Casa.
Desafeto de Dilma, Cunha disputará a sucessão de Henrique Eduardo Alves à
presidência da Câmara contra os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio
Delgado (PSB-MG).
A expectativa dos adversários de
Dilma é a de que a operação Lava Jato alveje muitos aliados até fevereiro. Na
quarta-feira, a presidente não escondeu os problemas para montar a equipe ao
ser questionada pela colega da Argentina, Cristina Kirchner, se anunciaria logo
os novos ministros. "Você não sabe como é difícil no Brasil",
desabafou ela.
O vice-presidente Michel Temer,
que comanda o PMDB, deve conversar com Dilma na segunda-feira sobre a
composição do Ministério e já marcou uma reunião, no mesmo dia, com a bancada
da Câmara. O PMDB quer ampliar o espaço no primeiro escalão, de cinco para seis
cadeiras. Atualmente, o partido controla Minas e Energia, Previdência Social,
Agricultura, Turismo e Aviação Civil, mas está de olho no Ministério da
Integração Nacional, também cobiçado pelo Pros - que já dirige a pasta - e pelo
PP. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: R7.
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