segunda-feira, 1 de setembro de 2014

CONTOS DO MESTRE

 ..."NÃO FORA TRAQUINAS"...
Professor Antonio Roberto.
 
Todos nós temos histórias para contar, as mais numerosas são as que se relacionam com a política. Natural que seja, pois numa pequena cidade como Nova Russas, “é o pau que rola”. As disputas sempre serviram de motivo para todo tipo de artimanhas, traições, negócios furtivos e todo tipo de sacanagens que eu e mais uma turma de amigos chamamos “traquinagens”.

Uma destas traquinagens remota ao ano de 1958. O que vou narrar foi verdade. Ainda temos muitas testemunhas. O quadro político partidário era composto de quatro agremiações.  O PSD (Partido Social Democrata) com origem Getulista, Kubitschekana e Tancredista tinha figuras como Fernando Pereira, Dr. Osvaldo Martins, Francisco Mourão, Ermínio de Paula, Francisco de Paula Pessoa, Napoleão Moura, outros e outros. A UDN (União Democrática Nacional) somava os Lacerdistas e renomados nomes que tramaram golpes por todos os anos cinquenta. Aqui, reunia Padre Leitão, Dr. Almir Farias, Antenor Gomes, José Martins de Melo, José Gonçalves Rosa, Luís Veras, Dr. Alípio Gomes, outros e outros. O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), também Getulista, Janguista e Brizolista, na terrinha era comandado por Oriel Mota, prefeito à época. Somava Olindino Gerardo, Anastácio Pires, Raimundo Pinto, dentre outros e outros. Por fim vinha o PSP (Partido Social Progressista), cujo chefe era o paulista Ademar de Barros. Destes, lembro-me mais: Temóteo Ferreira Chaves, Manoel Diogo, Raimundo Paiva, Justino Mano, Francisco Torres de Aragão, João Martins Leitão, João Rodrigues e ainda outros e outros.

Por conveniência do diretório estadual o PSD coligou-se com o PTB. Nos corre corres das coligações o PSP procurou o conjunto PSD/PTB  na pessoa do cabeça de chapa Dr. Osvaldo Martins: Marchariam com ele se um ano de mandato, o último, fosse cedido ao PSP. Ao portador da proposta que foi Temóteo Chaves, Dr. Osvaldo respondeu que aceitaria o apoio de bom grado, mas, se eleito, tiraria os quatro anos de mandato. Não iria enganá-los.

A proposta foi levada à UDN que com papel passado, testemunho de cidadãos de ilibado comportamento, etc., e etc., comprometeu-se a ceder não um, mas, dois anos ao vice do PSP. A dupla vitoriosa foi Dr. Amir Farias e Francisco Torres Aragão (Chico Torres). Esta foi a primeira eleição que tivemos vice-prefeito, e que por sinal teve mais votos que o candidato a prefeito.

O tempo passou. Na data do vice assumir, “necas”. O acordo não foi cumprido. As testemunhas foram desmoralizadas e os pessepistas, ficaram “chupando o dedo”. Em 1962 formaram a oposição enfrentando Oséas Carlos Pinto que foi vitorioso e correspondeu como um grande prefeito. Em 1964/65/66 em consequência da “gloriosa”, a UDN foi para o poder transformando-se na ARENA (Aliança Renovadora Nacional). A grande maioria da oposição formou no também extinto MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e em seguida no seu sucessor, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), minha primeira filiação política. Este acontecimento “moldou” por muito tempo o quadro político de Nova-Russas.
             
Dr. Osvaldo perdeu a eleição, mas, dando a volta por cima, ganhou o respeito do povo e de todos os políticos de Nova Russas. Ele não fora “traquinas”.

* Antonio Roberto Mendes Martins – novarussense - professor e mestre em física da UFC – residente em Nova-Russas.

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