COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE
DEVER
DE CIDADANIA.
Nobres: Exercitar
o voto é empenho protocolar e se restringe ao alistamento e ao comparecimento.
Justificar a ausência é muito simples, tem prazo elástico dois meses e, na
falta de uma explicação, paga-se a multa, que é uma ninharia. E, mesmo
comparecendo, quem disse que há obrigação de votar? Há uma tecla do voto em
branco e ainda pode-se anular o voto, inventando-se um número qualquer. Voto
nulo ou branco é o - “não voto”-. Desde
quando, então, o voto é obrigatório? Avaliamos obrigatório o nosso voto. É um
dever, porque na realidade queremos votar. Usamos o “privilégio” que a
Constituição confere aos cidadãos. Quem não vota sempre será governado pelos
que votarem. Optar por não votar é permissividade. É entregar o ouro aos
bandidos sem lutar. Nesse sentido, de uma obrigação moral e cidadã, construída
pelo eleitor para consigo, admitimos, há o dever de votar. Quando se difunde
que o voto é uma faculdade, um direito, uma escolha, jamais uma obrigação, nem
de longe estamos desejando desestimular o comparecimento e mesmo o voto.
Percebam que o ato de votar não tem o peso de uma obrigação indesejável. É
bom querer votar. É preciso querer votar. Votar conscientemente, livre de
obrigações e de estorvos pessoais. Dizer por aí que votar é cumprir uma ordem é
o jeito capcioso de se causar desencanto no eleitorado. Se liberdade é um bem
indispensável e fundamental, temos que fazer tudo o que estiver ao nosso
alcance para preservá-la. Comparecer à urna, escolher os candidatos após
cuidadoso exame de seus currículos e biografias e votar por respeito às
convicções que nos servem de bússola, isso é construir e manter a democracia.
Antônio Scarcela Jorge.
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