PSB já começa a ensaiar aproximação com Alckmin, Ana Amélia e outros
interessados em derrotar o PT.
BRASÍLIA — Mesmo com a queda nas
últimas pesquisas de intenção de voto, a campanha de Marina Silva (PSB)
continua de olho no segundo turno da disputa presidencial e aposta na conquista
dos opositores da presidente Dilma Rousseff, em especial em São Paulo, para chegar
ao Palácio do Planalto. Pessoas próximas à candidata já começam a fazer gestões
para atrair políticos que podem ajudar a derrotar o PT, principalmente tucanos
como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deverá se reeleger no
primeiro turno no maior estado do país.
Desde a semana passada, a própria
Marina amenizou as críticas a Alckmin e o distanciamento que vinha mantendo do
tucano. Retirou o veto que impunha ao uso de imagens dos dois juntos. Enquanto
alguns acreditam que Alckmin cruzará os braços e não ajudará Marina,
integrantes do PSB apostam no contrário. O certo é que haverá pressão de
socialistas para que Marina saia atrás do voto tucano no segundo turno.
- Ele (Alckmin) poderia fazer isso (cruzar os
braços). Mas é um político pragmático. Sem Aécio no segundo turno, ele é,
naturalmente, o nome mais forte do PSDB para 2018. Terá um vice-governador do
PSB e tentará influenciar dentro do partido por um apoio, já que, se Marina for
eleita, tem o compromisso de não disputar outro mandato , disse um dirigente do
PSB.
Na avaliação do PSB, conta a
favor de Alckmin o fato de que Marina não concorrerá à reeleição, se chegar à
Presidência. Assim, deixará o caminho livre para um sucessor em 2018.
- Alckmin vai apoiar Marina porque o PSDB sabe
que sua eleição será uma oportunidade de romper com a perpetuação de um partido
no poder. Ele está fazendo as contas para 2018 — disse o deputado Júlio
Delgado, que integra a direção nacional do PSB.
O candidato a vice-presidente de
Marina, Beto Albuquerque, terá um papel importante na formação dessas alianças.
Em São Paulo, deve se aproximar de Alckmin para garantir apoio do governador de
São Paulo em um eventual segundo turno. Deverá fazer o mesmo no Rio Grande do
Sul, onde a senadora Ana Amélia (PP), rejeitada por Marina no início da
montagem dos palanques estaduais, pode sair vencedora, como apontam as
pesquisas de intenção de voto.
- O segundo turno é o período da disputa
eleitoral propriamente dita. Nosso limite de entendimento para alianças no
segundo turno é nosso programa de governo. Mas claro que não tem porta fechada
para Geraldo Alckmin, disse Beto Albuquerque.
OBJETIVO
COMUM
A avaliação do comando do PSB é
que a polarização que ocorrerá no segundo turno, em que o objetivo comum dos
opositores será o de derrotar Dilma, poderá ajudar na superação das desavenças
externadas por Marina. Nesse raciocínio, integrantes da campanha de Marina
sonham em também conseguir o apoio de Aécio Neves para o segundo turno. Avaliam
que o tucano como presidente nacional do PSDB, deverá conversar em busca de
ideias convergentes.
- O PSDB, fora do segundo turno, fará uma
campanha de rejeição à continuidade de Dilma e do PT. Além disso, há pontos
programáticos que nos aproximam, como o controle da inflação e a política econômica.
Se chegarmos a acordo sobre alguns pontos, não haverá dificuldade de
entendimento — disse um integrante da cúpula do PSB.
‘MÁGOA A
GENTE SUPERA’
Integrantes da campanha de Marina
dizem que, em um segundo turno contra Dilma, a candidata do PSB deverá subir
ainda mais o tom dos ataques contra a presidente, estratégia que pode servir de
motivo para a aproximação dos demais partidos. O coordenador da campanha de
Marina, Walter Feldman, também aposta em aliança com Aécio Neves.
- O político não pode nunca fechar portas, tem
que ter sempre em vista um mandato com unidade para fazer essa transição. A
mágoa é um sentimento que a gente supera. A Marina sempre diz que prefere
sofrer injustiça a praticar. As coisas com o Aécio vão se reparar , disse
Feldman.
Enquanto Marina irá concentrar
sua agenda no segundo turno em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais caberá
a Beto Albuquerque mergulhar no Rio Grande do Sul, estado em que Dilma é forte,
para conquistar o voto de seus conterrâneos. O discurso de Beto irá focar no
bairrismo gaúcho, insistindo que Dilma é mais mineira que gaúcha, e destacando
todas as promessas não cumpridas que a presidente teria feito para a região.
- Só tem uma chapa com um gaúcho de verdade,
que é a de Marina. Como a chapa de Juscelino Kubitschek com João Goulart de
vice, que formou um governo de um líder com visão estratégica com um gaúcho, e
fez o Brasil avançar. Mas isso é só mais um item do contexto. Dilma deixou
muitas promessas não cumpridas no Sul, como a renegociação da dívida, que leva
R$ 2,7 bilhões por ano só de serviço dos cofres gaúchos; não implementou os Frees
shops, continua impedindo investimentos na faixa de fronteira, e nem tem ainda
o projeto da Ponte do Guaíba , disse Beto.
A campanha pretende também usar o
apoio de aliados em Pernambuco para reforçar a votação. Está previsto para
amanhã um comício de Marina Silva em Recife ao lado da família de Eduardo
Campos e do candidato ao governo, Paulo Câmara. A ideia é usar as imagens no
programa de TV para aproveitar a popularidade dos familiares do ex-governador
depois de sua morte em acidente aéreo.
- Pernambuco é o estado do Nordeste onde
podemos ampliar a diferença para compensar a desvantagem em outros estados da
região. Se Paulo Câmara ganhar no primeiro turno, a campanha se mobiliza ainda
mais no estado, porque teremos feito barba, cabelo e bigode, disse Beto.
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