No país, cerca de 140 mil
crianças e jovens estão fora da escola devido a deficiência, transtornos de
desenvolvimento, autismo e superdotação, segundo levantamento na base de dados
dos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) na Escola e têm até
18 anos. A discussão sobre garantir o direito à educação inclusiva a todos os
que têm deficiência é tema da Semana de Ação Mundial, que ocorre entre 21 e 27
de setembro e este ano tem como tema o Direito à Educação Inclusiva – Por Uma
Escola e Um Mundo para Todos. Como parte das atividades da semana, um seminário
foi realizado hoje (23), em Brasília.
A coordenadora executiva da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Iracema Nascimento, avalia que houve
avanços significativos na inclusão das pessoas com deficiência nas escolas. No
entanto, diz que, para ampliar os resultados do trabalho e garantir as
matrículas das pessoas com deficiência em escolas regulares, é preciso superar
fatores como a falta de estrutura escolar e também ampliar a qualificação de
professores e vencer a resistência de famílias. “Às vezes, há resistência até
das famílias, que ficam temerosas de que suas crianças sejam maltratadas”,
disse Iracema.

Mãe de um adolescente com
paralisia cerebral, Keila Chaves fundou o Centro de Apoio a Mães dos Portadores
de Eficiência (Campe). Ela relata que enfrentou dificuldades para matricular o
filho em escola regular. Segundo ela, é fundamental que as famílias se
mobilizem e busquem informações para garantir o direito à educação inclusiva.
“Não sabíamos que a educação era um direito. Quando eu chegava na escola atrás
de vaga, a resposta era que lá não era lugar para o meu filho, que a escola não
estava preparada. Eu até começava a me condenar por buscar isso para ele”,
relata.
Keila conta que sua percepção
sobre o direito à educação mudou quando ela tomou conhecimento da Declaração de
Salamanca, que trata dos princípios, política e práticas em educação especial.
A declaração foi aprovada em 1994 na Conferência Mundial de Necessidades
Educacionais Especiais, na Espanha, por representantes de 88 países e 25
organizações internacionais. O documento garante aos portadores de deficiência
física o ingresso no ensino regular.
A coordenadora-geral de
Articulação da Política de Inclusão no Sistema de Ensino da Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da
Educação, Suzana Maria Brainer, destaca que os avanços da inclusão dos
deficientes na educação são crescentes. Ela ressalta que, embora 140 mil jovens
e crianças de até 18 anos que recebem o BPC na Escola ainda estejam fora da
sala de aula, esse número chegava a 374 mil em 2007, quando o BPC foi criado.
Fonte: Agência Brasil.
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