segunda-feira, 22 de setembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SEGUNDA-FEIRA' 22 DE SETEMBRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

SERIA OBRIGAÇÃO ÉTICA NESTAS ELEIÇÕES.

Nobres:
A exposição de uma “lacuna” na Lei Eleitoral, a eleição deste ano ainda não poderá ser considerada a mais transparente sob o ponto de vista da clareza nas doações de campanha. Por isso, merece ser acompanhada com atenção pelos eleitores à decisão do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o mesmo que se empenhou pela aprovação da chamada Lei da Ficha Limpa, de encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido de revisão na interpretação das novas normas. A alegação é de que, mantidas as regras atuais, só haverá publicidade das contribuições da reta final da campanha, quando os valores tendem a se ampliar, depois das eleições. E isso, na prática, significa um voto no escuro, pois impede o eleitor de saber quem financia seus candidatos. As eleições de 2014 têm duas inovações positivas em relação às de 2012 sob o ponto de vista dos eleitores interessados em um país mais ético. Uma delas é a obrigatoriedade de comitês eleitorais e candidatos informarem, ainda durante a campanha, e não mais em janeiro do ano seguinte, quem financia seus gastos. A questão é que as prestações de contas prévias devem ser feitas nos dias 6 de agosto e 6 de setembro. Depois disso, e justamente no período de maior crescimento nas contribuições, só há a possibilidade de acesso aos valores e seus responsáveis 30 dias após o pleito, quando os eleitores já digitaram seus votos nas urnas. Por isso, é procedente a preocupação de fazer valer a ampla liberdade de consulta a dados essenciais como os nomes de patrocinadores de candidatos assegurada pela Constituição e pela Lei de Acesso à Informação. A divulgação da primeira prestação de contas neste ano deixou evidentes as razões da preocupação de entidades ligadas à defesa da ética no país. Apenas três grandes empresas foram responsáveis por nada menos do que 65% do financiamento das campanhas para a Presidência da República. Do total destinado a bancar os 11 candidatos, as empresas respondem por nada menos de 91%. Obviamente, isso não ocorre por amor à democracia, mas pelo interesse de assegurar vantagens como facilidades em concorrências por parte dos futuros governantes. A Justiça Eleitoral precisa atender aos clamores por mais agilidade na prestação de contas de campanhas, permitindo acesso, antes do pleito, aos nomes de quem financia candidatos. Ao mesmo tempo, a sociedade precisa manter a pressão pelo fim das doações políticas de empresas, que hoje se constituem numa brecha de estímulo à corrupção no sentido que estas eleições não se tornem mais um passo sombrio.

Antônio Scarcela Jorge.

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