Senadores Jarbas Vasconcelos, Eduardo Suplicy e Cristovam Buarque podem
se beneficiar da vitória de pessebista.
BRASÍLIA. Isolados e
marginalizados em seus partidos desde que assumiram posição crítica em relação
ao governo do PT e ao centralismo dos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan
Calheiros (PMDB-AL), o grupo de senadores citados como “os bons” pela candidata
Marina Silva (PSB), estão saindo do inferno para o céu. Sempre que questionada
sobre a falta de apoios no Congresso para governar, Marina tem dito que vai
governar “com os melhores” de todos os partidos. E cita entre os que pretende
tirar do “banco de reservas” os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE), Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e
até o ex-ministro José Serra, que disputa com Suplicy a vaga ao Senado pelo
PSDB.
No limbo no PMDB, o senador Jarbas
Vasconcelos, junto com Simon, sempre foi uma das vozes mais ácidas nas
denúncias de abusos, desvios éticos, corrupção e desmandos dos governos do PT,
e da relação com o comando do seu partido. O resultado dessa “rebeldia” foram
anos de isolamento e uma verdadeira batalha para conseguir espaço para sua
atuação parlamentar no Senado. O senador pernambucano diz estar muito feliz com
o reconhecimento de Marina, independente de ser ou não aproveitado em um
eventual futuro ministério da socialista. Jarbas acredita, no entanto, que, se
eleita, Marina vai virar o jogo.
- Sou tratado aqui no Senado como
um excluído, só pertenço a uma comissão e para falar só no pequeno expediente.
Dentro do partido sequer participo das reuniões. Minha convivência com Renan
sempre foi formal e distante. Agora ele vai ter que aprender a viver na
oposição. Vamos à forra! É o vento da mudança virando a moeda, comemora Jarbas
Vasconcelos, que disputa uma vaga como deputado federal
Apesar de ser um puxador de votos
para o partido em São Paulo, Eduardo Suplicy nem sempre foi levado a sério como
gostaria dentro do PT. Fiel à presidente Dilma Rousseff e ao partido, apesar
das intrigas já travadas para disputar mandatos, ele aguarda a resposta de uma
carta enviada à presidente em outubro passado. No termo, assinado por 81
senadores, ele solícita a criação de um grupo de estudos sobre etapas de
transição do Bolsa Família para a Renda Básica de Cidadania, projeto pelo qual
luta há muitos anos. Suplicy, no entanto, tem uma convivência muito próxima a
Marina, e nos 30 anos de criação do PT, construíram uma relação de amizade
sólida. Desde a década de 1980, interagiu com ela e Chico Mendes no Acre e, em
2001, quando enfrentou uma separação difícil da atual ministra da Cultura Marta
Suplicy, se apoiou na amiga e companheira de partido. O petista foi um dos
primeiros a assinar pela criação do partido de Marina, o Rede Sustentabilidade.
- Olha o nosso grau de amizade. A
Marina sabe que eu sou católico. Na minha separação, eu estava muito preocupado
e ela me disse: ‘olha Eduardo, eu tenho um amigo pastor e seria muito bom você
ir conversar com ele. Eu fui e achei uma coisa positiva naquele momento’ comentou
o petista.
Embora visto com críticas dentro
do PT por sua independência, a candidatura de Suplicy a mais um mandato acabou
aprovada por consenso porque o candidato do partido ao governo de São Paulo,
Alexandre Padilha, precisaria de um bom puxador de votos. Nas últimas
pesquisas, Suplicy aparece quase empatado tecnicamente com José Serra (PSDB). Sobre
os “afagos” de Marina, Suplicy é cuidadoso para não melindrar a presidente
Dilma, a quem disse, apoia até o fim.
- Esses elogios da Marina são o
reconhecimento de que as propostas e princípios que defendo dentro do PT e para
o Brasil são positivas. Temos muita afinidade e uma amizade muito sólida, disse
o petista, citado até como possível ministro de Marina.
Demitido por telefone pelo
ex-presidente Lula do ministério da Educação, o senador pedetista Cristovam
Buarque integra a ala independente da base governista. Também está no banco de
reservas citado por Marina como um dos que vão ajudá-la a governar.
Fonte: Agência Globo.
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