COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
DEFICIÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO.
Nobres:
Ainda que possa parecer uma ilusão,
num país que se nega a debater saídas concretas para a crise de representação
política, a proposta deve pelo menos subsidiar a discussão, em contrapartida ao
imobilismo. Países, a bem da verdade, de essência cultural preveem o respeito
às manifestações da opinião pública sempre que um ou mais eleitos tenham suas
performances questionadas por desvios de conduta, irregularidades ou mesmo
inoperância. São muitas as formas para a viabilização de tal mecanismo, que
resultaria na substituição dos questionados, mas o Brasil apenas ensaia o
debate da opção, com apoio de estudiosos das muitas facetas da representação
política. O interessante é que pode sensibilizar os que se esforçam pelo
aperfeiçoamento da democracia, submetida a coalizões em que prevalecem os interesses
específicos dos que chegam ao poder e não as demandas da sociedade e precisam
fazer valer planos e projetos. É o que ocorre hoje no país, numa repetição de
outros governos, em que o lastro de apoio partidário envolve conluios e a troca
de favores, cargos e disputa por verbas públicas, numa distorção que se acentua
em períodos eleitorais. O correto é que o eleitor não pode fazer valer seu
ponto de vista, em relação aos ocupantes de cargos executivos e legislativos,
apenas a cada eleição. O controle da atividade pública, favorecido pela lei da
transparência, exige vigilância permanente, através das instituições
fiscalizadoras. O eleitor não pode ficar esperando que um Congresso apegado a
privilégios descarte o que sustenta seus vícios e seus próprios desmandos.
Antônio Scarcela Jorge.
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