COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
DESCULPA ESFARRAPADA.
Nobres:
O “aforismo do lulopetismo”
estabelece o conceito filosófico de que não vi nada, não sei de nada e agora
uma nova ofensiva para encontrar justificativas, já experimentada por boa parte
do eleitorado brasileiro, numa “imperfeita” comunhão de entendimento de que o
normativo petista de escândalos vem agradando esse segmento, por razões obvias
para se manifestar. Umas das razões que ofende a lógica e o bom senso a
tentativa do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho,
de aproveitar a denúncia de corrupção na Petrobras como justificativa para a
adoção do financiamento público de campanhas eleitorais. Diante do abalo
provocado pelo vazamento de acusações a políticos feitas à Polícia Federal pelo
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o secretário alegou que, enquanto
houver financiamento empresarial de campanha, será impossível controlar a
corrupção, que, na sua opinião, afeta todos os partidos, sem exceção. Afora ser
uma confissão de fragilidade moral de sua própria legenda, a declaração tenta reforçar
a defesa da reforma política que o PT e os movimentos sociais que lhe dão
sustentação querem fazer mesmo à revelia do Congresso, por plebiscito popular e
Constituinte exclusiva. O principal propósito parece ser a institucionalização
do financiamento público de campanha, um modelo inadmissível na situação atual.
Na prática, o que existe hoje não deixa de ser uma espécie de financiamento
público resultante do aparelhamento político-partidário de ministérios e
empresas estatais. Essa deformação se constitui numa porta escancarada para a
subtração de recursos dos contribuintes. Falta apenas oficializar a fraude. E é
justamente esse modelo perverso de transformar campanhas eleitorais em negócios
lucrativos que já deveria ter acabado há muito tempo. Só não acaba porque a
decisão depende de políticos aos quais não interessa pôr um fim às facilidades
geradas pelo uso do setor público em proveito próprio, de familiares, de amigos
e correligionários. Infelizmente, também o Judiciário tem tergiversado nessa questão. Proposta liderada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vetando o
financiamento de empresas para campanhas e permitindo apenas as de pessoas
físicas até um determinado limite segue com votação pendente no Supremo
Tribunal Federal (STF). É essa demora que faz com que, até agora, três empresas
tenham bancado nada menos que 39% dos gastos dos três principais concorrentes
ao Planalto. Ninguém imagina que, ao contribuírem com quantias consideráveis,
muitas vezes sob a forma de caixa 2, as corporações estejam interessadas apenas
no fortalecimento da democracia. O que querem, obviamente, é a posterior
retribuição de favores. O país não tem mais como permitir que políticos em
busca de votos continuassem sendo financiados nos moldes atuais, favorecidos
por deficiências sérias na fiscalização. O veto aos recursos de empresas e um
maior rigor contra o caixa 2 são providências inadiáveis. Transparece-nos de
forma impar, que iremos vivenciar essas questões desleixadas, se não, inovar a
capacidade racional da maioria dos eleitores brasileiros que não sejam a compra
de votos ponto de afirmação dos políticos genericamente corruptos.
Antônio Scarcela Jorge.
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