Três dias após o TSE barrar sua candidatura com
base na Lei da Ficha Limpa, deputado faz ato de campanha nas ruas de São Paulo.
São Paulo - O candidato do PP a
deputado federal Paulo Maluf voltou a fazer campanha nesta sexta-feira, 26,
três dias depois de a Justiça Eleitoral ter barrado sua candidatura. O
ex-prefeito participou de uma carreata sob gritos de "ladrão" e se
comparou a Jesus Cristo ao comentar as recentes decisões judiciais contra ele.
"Quem entra na vida pública
tem que saber que também Jesus Cristo foi injustiçado, JK foi injustiçado,
Getúlio (Vargas) foi injustiçado. Muita gente foi injustiçada", afirmou
Maluf questionado sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que
barrou a candidatura do ex-prefeito com base na Lei da Ficha Limpa. Com isso,
Maluf ficaria impedido de disputar as eleições deste ano.
Na terça-feira, a maioria dos
ministros do TSE negou recurso de Maluf e entendeu que ele é inelegível devido
a uma condenação por crime de improbidade administrativa cometida durante sua
gestão na Prefeitura de São Paulo. A Justiça Federal se apoiou em decisão do
Tribunal de Justiça de São Paulo que, em 2013, condenou o ex-prefeito, acusado
de superfaturamento durante a construção do Complexo Viário Ayrton Senna. Maluf
foi prefeito entre 1993 e 1996.
Maluf tem questionado o fato de
ter sido considerado inelegível. Ele voltou a recorrer da determinação da
Justiça alegando que não há dolo ou enriquecimento ilícito em sua condenação.
"O acórdão do TJ foi
explícito que não há dolo, nem enriquecimento ilícito. A condenação do prefeito
foi muito clara: culposa. Portanto não gera ilegibilidade", afirmou o
candidato, negando qualquer tipo de abatimento com o ocorrido.
"Nós vamos continuar, dentro
do nosso Estado de Direito, sem nos enervar e sem nenhum tipo de tristeza, nos
defendendo. Eu não estou impedido de fazer campanha. E meu número vai estar na
urna eletrônica: é 1111", disse Maluf, que se considerou inocente e o
político "mais ficha limpa da cidade de São Paulo".
Durante pouco mais de uma hora, o
candidato percorreu as ruas do Brás em cima de um jipe vermelho. Sentado no
banco da frente, Maluf foi só simpatia ao distribuir cumprimentos a todos os
passantes, mesmo aos que retribuíam com xingamentos ou cara feia.
"Seu vagabundo!",
gritou um eleitor quando a carreata passava. "Ladrão! Seu safado!",
berraram outros. Maluf respondia sempre com um sorriso e um aceno.
Antes de embarcar no jipe, o
ex-prefeito falou sobre as pesquisas de intenção de voto de presidente e
governador. Ele declarou voto à presidente Dilma Rousseff (PT), a quem
classificou de "mais instrumentada" para o cargo.
"Não dá para a gente trocar
os pneus com o carro andando. Eu voto em Dilma, porque ela é mais
instrumentada, mais competente", afirmou Maluf, cujo partido está aliado
ao PT no âmbito federal.
O candidato também elogiou o
governador Geraldo Alckmin (PSDB), tratado por Maluf como amigo. O PP hoje está
coligado ao candidato do PMDB ao governo do Estado, Paulo Skaf, mas antes
integrava a equipe de Alckmin no Palácio dos Bandeirantes. O partido estava
alojado na diretoria da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano,
órgão ligado à Secretaria de Habitação de Alckmin.
"Cada um tem seu estilo. O
governador Geraldo Alckmin é um homem de bem, é um homem honrado e está tendo
maioria nas pesquisas", disse Maluf. Mas criticou em seguida:
"Eu não reprovo o estilo
dele. Mas o meu é um pouco diferente. Ele diz estar desacelerando a violência.
Isso para mim não é motivo de alegria. Motivo de alegria é acabar com a
violência. Em vez de matar 30, mata 29 e fica feliz com isso",
afirmou. O ex-prefeito disse ainda que lugar de bandido é na cadeia e afirmou
que se fosse governador teria colocado a Rota na rua.
Ainda criticando o tucano, Maluf
afirmou que o governo paulista investiu pouco no setor hídrico, segundo ele a
principal causa da crise de abastecimento de água. Para ele, Alckmin teria que
demitir a diretoria da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.
"Se eu fosse o governador, essa diretoria da Sabesp já estaria no olho da
rua há muito tempo", disse ele.
Fonte: Reuters. (SOMENTE TEXTO INSERIDO NA NOTÍCIA)
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