Ele segue para o Rio de Janeiro, onde pretende ver a família.
CURITIBA - O ex-diretor de
Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque deixou a carceragem da Polícia
Federal em Curitiba por volta das 12h45m desta quarta-feira. Duque, que foi
preso na sétima etapa da Operação Lava-Jato, saiu acompanhado de um dos
advogados de defesa.
Ele não quis dar nenhuma declaração
à imprensa, que o cercou na saída, apenas disse que "queria ver a família
e iria direto para o Rio de Janeiro".
Duque seguiu em direção ao
aeroporto do Paraná. Na saída, em cima de uma moto, um popular viu Renato Duque
e o xingou“ maloqueiro” e “vagabundo”.
O ministro Teori Zavascki, do
Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a libertação do ex-diretor de
Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque porque a Justiça de primeira
instância não teria dado uma justificativa plausível para manter a prisão preventiva.
A prisão foi determinada com base no risco de Duque deixar o país, já que
depoimentos de testemunhas relataram que ele tem dinheiro depositado em bancos
do exterior. Para Zavascki, mesmo que isso seja verdade, não há indício algum
de que o investigado tenha a intenção de sair do país. “A custódia cautelar do
paciente está calcada em uma presunção de fuga, o que é rechaçado
categoricamente pela jurisprudência desta Corte”, argumentou Zavascki. Para se
precaver de uma eventual fuga de Duque, o ministro determinou que ele entregue
o passaporte à Justiça em cinco dias. Duque está proibido de deixar o país. O
ex-diretor da estatal também não pode mudar de endereço sem autorização
judicial e fica obrigado a comparecer a todos os atos do processo.
“Para fins cautelares, o
magistrado de primeira instância restringiu-se a valorar a existência de
indícios de que o investigado manteria expressiva quantidade de dinheiro no
exterior e poderia, em razão disso, fugir do país, subtraindo-se à jurisdição
criminal. Não houve, contudo, a indicação de atos concretos atribuídos ao
paciente que demonstrem sua intenção de furtar-se à aplicação da lei penal. O
fato de o agente supostamente manter valores tidos por ilegais no exterior, por
si só, não constitui motivo suficiente para a decretação da prisão preventiva”,
escreveu o ministro.
Zavascki explicou que, pelo
Código de Processo Penal, a prisão preventiva não pode ser uma antecipação da
pena, porque não houve condenação. Segundo o ministro, a preventiva pode ser
decretada quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria – ou que, para Zavascki, ocorre no caso de Duque. Mas a lei também
exige a demonstração de outro elemento. Ou seja, a prisão teria de ser
fundamental para garantir da ordem pública, ou garantir da ordem econômica, ou
a conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal.
“De fato, sobejam elementos
indicativos de materialidade e de autoria de crimes graves”, ponderou o
ministro. No entanto, para ele, os outros elementos não foram comprovados pelo
juiz da primeira instância.
Duque teve a prisão temporária
decretada em 14 de novembro. No dia 18, foi decretada a prisão preventiva. A
defesa recorreu ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, que negou o
habeas corpus ao ex-diretor da Petrobras. Em seguida, houve novo recurso ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também manteve Duque preso. O recurso
mais recente foi ao STF, julgado por Zavascki na terça-feira.
Nas três instâncias, os advogados
argumentaram que a prisão não era necessária, porque não havia requisitos
legais para justificá-la. A defesa também argumentou que Duque foi preso em
decorrência de delação premiada à qual não teve acesso.
Ao decretar a prisão preventiva
de Duque, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, baseou-se nos
depoimentos de Augusto Ribeiro Mendonça Neto e Júlio Camargo, executivos da
Toyo Setal, que afirmaram ter pagado propina ao ex-diretor de Serviços da
Petrobras e ter depositado os valores em contas no Brasil e no exterior. Foi
indicada inclusive o nome de uma das contas usadas por Duque, da off shore
Drenos, no Banco Cramer, na Suíça.
Camargo afirmou ter repassado a
Duque propina de R$ 6 milhões referentes a obras da Repav, R$ 12 milhões
vinculados a obras da Repar e R$ 3 milhões pelo Projeto Cabiúnas 2. Afirmou
ainda que a Toyo Setal pagou R$ 50 milhões ou R$ 60 milhões de propina entre
2008 e 2011 e que os valores foram negociados por ele mesmo diretamente com
Duque.
Na primeira fase da Operação Lava
Jato, o ex-diretor Paulo Roberto Costa foi mantido preso porque suas filhas e
genros foram até as empresas da família para retirar malas de documentos. A
Justiça considerou que, em liberdade, Costa poderia obstruir as investigações
em curso.
Fonte: Agência O Globo.
Opinião.
- "Como base na múltipla interpretação da lei, o atalho para os corruptos dá "sentença" sob a Edge da impunidade, fatos praticados a luz da verdade, onde só o agente do corporativismo não enxerga, gerando a fonte da safadeza e a da desonra."
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