terça-feira, 2 de dezembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2014

 COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

MAIS UM PODER INFORMAL.

Nobres:
Antes de tudo todo e qualquer governante precisa mostrar o que fez para reduzir a criminalidade, e a repressão é apenas a pequena e última parte. Com a corrupção não é diferente. Apesar de endêmica, e manjada retórica, não se pode dizer “sempre houve”. Ela atinge níveis elevadíssimos quando alguns fatores se acumulam, em especial, gigantismo das organizações, vultosos recursos financeiros, ausência de regras claras e objetivas, sensação de impunidade, falta de parâmetros nas transações. Nesse quadro, estatais e obras se destacam. As estatais reúnem os aspectos mais deletérios tanto das organizações privadas quanto das públicas. Elas não se submetem às “amarras” do setor público e se utilizam da liberdade de ação como se particulares fossem, mas não suportam a concorrência destas, não têm compromissos com a eficiência, colocam as indicações partidárias acima dos demais critérios, incham seus quadros de pessoal, permitem largo desperdício de recursos, são tomadas de assalto por todo tipo de interesses escusos e seus prejuízos são lançados nas costas dos contribuintes. Mas é ilusório pretendê-las eficazes e eficientes, afinal, não há razão alguma para que governos criem e mantenham estatais se não puderem, nelas e através delas, exercer seu poder político, em seu mais amplo sentido. As obras de infraestrutura neste país continental carregam aqueles fatores, mas um deles é crucial: a atual ausência de regras claras e objetivas no sentido de proteger ações  corruptas. O planejamento deficiente sempre foi marca do nosso presidencialismo: o “reizinho” de plantão quer a realização imediata dos seus desejos e, para tanto, “faz o diabo”. A construção de Brasília talvez seja o símbolo maior dessa postura. Se já havia sérias deficiências nos projetos. Licitar, contratar e iniciar obras bilionárias sem um detalhado projeto executivo é uma aberração, mas tem respaldo em lei, aprovada no Congresso Nacional e sancionada pela presidência da República, feita especialmente para atos de corrupção em que a legislação seja objetivo para tal fim, o que vem acontecendo sistematicamente até nos últimos dias. Em tese é um expediente que buscou, exatamente, consagrar a ausência de planejamento e, assim, escancarar as portas para os “malfeitos” sendo coordenada por “lobistas” mais um poder formal entre poderes constituídos.
Antônio Scarcela Jorge.


JUSTIÇA ESTICA PRAZO PARA PF CONCLUIR INQUÉRITOS SOBRE A “LAVA JATO”.

A Justiça Federal no Paraná concedeu mais 15 dias para que a Polícia Federal conclua inquéritos abertos na chamada operação “lava jato”, que investiga suposto esquema de pagamento de propina, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A PF disse que precisava de mais tempo para avaliar documentos colhidos durante a sétima fase da operação, que prendeu dirigentes de construtoras no dia 14 de novembro.

Apesar de atender ao pedido, o juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, afirmou que seria “desejável” não ocorrer mais prorrogações. “Alerto que não haverá nova prorrogação, e é desejável que não seja utilizado todo o prazo”, escreveu em despacho publicado nesta segunda-feira (1º/12).

Com a medida, os inquéritos que expirariam no último sábado (29/11) terão até o dia 13 deste mês para ser concluídos. Foram prorrogados, até o momento, os inquéritos que investigam a participação das empreiteiras Mendes Júnior, Engevix, OAS e Galvão Engenharia e do Consórcio CNCC-Camargo Corrêa em supostos pagamento de propinas em contratos com a Petrobras.
O caso "lava jato" começou em março com uma operação da Polícia Federal que investigou suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que seria comandado pelo doleiro Alberto Youssef com empresas de fachada. A investigação apontou relação entre ele e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

Em acordo de delação premiada, Costa afirmou que partidos dividiam propina em contratos da Petrobras pagas por construtoras, o que levou a um novo capítulo da operação.
Informações da Agência Brasil.


IBOVESPA DESPENCA 4% COM APREENSÃO SOBRE EVENTUAIS TRIBUTOS E CHINA.

Anúncio de nova equipe econômica agradou ao mercado, mas agora alimenta especulação sobre eventuais medidas fiscais.

SÃO PAULO - O principal índice da Bovespa recuava fortemente na tarde desta segunda-feira, em meio a um quadro adverso para commodities no exterior, após dados desfavoráveis sobre a economia chinesa, combinado com preocupações locais sobre eventuais novas tributações visando reequilibrar as contas públicas. Às 16h14, o Ibovespa perdia 3,95 por cento, a 52.507 pontos, com todos os papéis do índice no vermelho. O volume financeiro somava 5,72 bilhões de reais. O anúncio da nova equipe econômica com Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda agradou ao mercado, em um primeiro momento, ao representar um passo na direção de políticas mais ortodoxas.

Mas os desafios à frente para a economia ainda inspiram cautela, e nesta sessão, conforme profissionais do mercado ouvidos pela Reuters, especulações sobre eventuais medidas fiscais, principalmente relacionadas a tributos, trouxeram preocupações sobre o potencial impacto para companhias e investidores e acentuaram as perdas na bolsa.

Parte dos rumores encontrou suporte em reportagens da Folha de S.Paulo citando que a nova equipe econômica vai optar por aumento de tributos para fechar as contas públicas, bem como que governadores eleitos do PT articulam a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

Em nota a clientes, o estrategista da XP Investimentos, Celso Placido, também citou que havia investidores atribuindo a forte queda da bolsa a rumores sobre tributação de dividendos e extinção de juros sobre capital próprio. Ele lembrou que há projeto de lei, do Renato Simões e Ricardo Berzoini do PT, sobre o assunto. Trata-se de um projeto de março.

"Há preocupação sobre o que o governo pode vir a tributar e o mercado vai ficar bastante atento a isso", afirmou o gestor de uma administradora de recursos no Rio de Janeiro, que preferiu não ter o nome citado.

Uma fonte ouvida pela Reuters também citou uma operação de venda de índice por um importante banco estrangeiro, com um investidor estrangeiro zerando posição em Brasil após sofrer resgate. As ações da Natura e da Hypermarcas abriram com quedas expressivas após a Folha publicar que a equipe econômica estaria avaliando possível aumento da tributação sobre cosméticos.

O efeito dos boatos no mercado futuros de juros, bem como da cena externa, também respingava na Bovespa, afetando papéis de concessionárias, com Ecorodovias caindo 6,2 por cento e CCR perdendo 5,8 por cento, e shopping center, como BR Mall Participações, que cedia 7 por cento.

Nem mesmo a Oi sustentou os ganhos e caía 7,25 por cento, mesmo após acordo para negociar venda de ativos portugueses ao grupo europeu de telecomunicações Altice.

CENÁRIO EXTERNO.

O mercado local já vinha pressionado pelo quadro negativo no exterior, após o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do HSBC/Market mostrar que o crescimento nas fábricas da China estagnou em novembro, enquanto a produção encolheu pela primeira vez em seis meses, em novas evidências sobre a fraqueza da atividade chinesa.

Os números levaram os preços dos contratos futuros de minério de ferro na China a quebrarem uma sequência de três altas e recuarem nesta segunda-feira, o que afetava os papéis da Vale, com as preferenciais da mineradora recuando 3,6 por cento.

Os preços do petróleo também começaram a semana com novas perdas, corroborando tom negativo na abertura da Bovespa, com o Brent tocando a mínima em cinco anos, mas a commodity reverteu o movimento buscando um piso, após a Opep decidir na semana passada que não vai cortar a produção.

Os papéis da Petrobras, já afetados pelo quadro desfavorável para a companhia, envolvida em denúncias de corrupção e com elevado nível de endividamento, recuavam 3,9 por cento no caso dos preferenciais. As ações ordinárias caíam 4,44 por cento.

A BM&FBOVESPA divulgou mais cedo a primeira prévia para a nova carteira do Ibovespa, que será válida de janeiro a abril de 2015, com saída das preferenciais da distribuidora paulista de energia Eletropaulo e entrada dos papéis ordinários da administradora de shopping centers Multiplan. O movimento já era aguardado, conforme estimativas compiladas pela Reuters na sexta-feira.
Fonte: Reuters.


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