segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEGUNDA-FEIRA, 01 DE DEZEMBRO DE 2014


‘FANTÁSTICO’ DESTACOU A ROUBALHEIRA DA VIDA’ –

“A SÉRIE D DA CORRUPÇÃO”.

COMENTÁRIO

Nobres:
Muitos dos desmandos produzidos na capital da República, obviamente foram inspirados por alguma aberração produzida no Interior. Pelas emendas parlamentares que o “povo” pediu, pela esmola que o prefeito implora aos burocratas do Planalto Central, pela relação quase imperial dos deputados com suas bases. Um congressista foi, em algum momento, vereador, prefeito ou deputado regional, com as exceções dos meteoros da política, como um Tiririca e poucos outros. O corrupto tem a cara de onde saiu com as mais variadas feições do Brasil. A corrupção está bem representada em Brasília, e todo esperto no poder, que estabelece relações com corruptores invisíveis, é algum conhecido de todos nós. O corrupto é geralmente um interiorano. A série que o Fantástico vem mostrando este ano faz um amplo painel da corrupção paroquial. A pergunta que conduz o programa. Cadê o dinheiro que estava aqui? já levou o repórter Mario Faustino a Pernambuco, Alagoas, aqui no nosso Estado do Ceará, uma unidade da federação que promove em esconder fatos promovidos pelos “nossos santos políticos”, que apesar da seca “é uma París de ficção! Mesmo assim,  prepare-se, porque ele vai desembarcar nas cidades, com certeza. Não se pode conceber o atual estado das coisas, onde autoridades pertinentes se tornaram alheias a estes desmandos. Algumas cidades são saqueadas por empresas, pelo prefeito, pelos vereadores (de todos os partidos), pela mulher do prefeito, pelos filhos, por parentes e demais parentes dentre outros ladrões. Comerciantes simulam a prestação de serviços. As quadrilhas usam os nomes de moradores como laranjas. E as cidades caem aos pedaços. Todos nós vemos o vídeo do fantástico, quando as quadrilhas de munícipios, ainda sorriem, talvez, antecipando suas “futuras” desgraças! - O que o repórter do fantástico mostrou “ao vivo” reforça ajuda na tese do advogado Mario Oliveira Filho, que defende o lobista Fernando Baiano, um dos envolvidos no escândalo da Petrobras. Oliveira garante que não há obra pública sem propina no Brasil. Ele diz: “Pode pegar qualquer empreiteirinha e prefeitura do interior. “Se não fizer acerto com os políticos, não coloca paralelepípedo no chão”. O que o país descobre, com as reportagens do Fantástico e agora com o caso da Petrobras, é que governos e estatais, ou tudo que é público, foram raptados pelos saqueadores miúdos e graúdos. Gangues se apoderaram dos municípios, assim como as empreiteiras sequestraram a Petrobras. Mas não seja hipnotizado pela conversa de que o corruptor é sempre vítima de servidores famintos. A corrupção gestada aí na sua região é a que vai depois se multiplicar em Brasília. Mas o corrupto (quantos nós conhecemos?) - que se aperfeiçoa em Brasília é geralmente o primo pobre do esquema, o que vende o Estado por migalhas. - Os corruptos milionários, como esse gerente da Petrobras que devolverá R$ 100 milhões, são os grandes craques. A maioria é pé rapado, que enfia dinheiro vivo nos bolsos, depois abre buracos em pátios e paredes e fica gastando o que pode para não ser flagrado. E quantos corruptores foram condenados? Nenhum. A Operação Lava-Jato pode até aplicar um golpe na impunidade do mundo espetacular dos grandes corruptores. Mas a pilantragem miúda, a série D da corrupção, se alastra e cresce ao nosso lado.

Antônio Scarcela Jorge.

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