COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
TRANSPARECE A RECUSA DA POPULAÇÃO.
Nobres:
Mais uma vez, isto sempre vai
acontecer venceu o fisiologismo característica do político vem de relação a
aprovação pelo Congresso do texto-base do projeto de lei que autoriza o
Planalto a descumprir metas financeiras para o pagamento dos compromissos da
dívida, depois de um debate legislativo prolongado e tumultuado, foi marcada
por práticas de um fisiologismo explícito que desvaloriza ainda mais a
atividade política. O governo, que havia se comprometido com um percentual de
superávit fiscal mais próximo das expectativas dos credores, descumpriu-o. Em
vez de reconhecer seu erro, cooptou o Congresso a avalizar uma manobra que o
exime da responsabilidade. A situação impõe um duplo constrangimento: além de
descumprir compromissos fiscais importantes, o governo usa métodos condenáveis
para oficializar as mudanças e contornar eventuais sanções, abrindo um precedente
perigoso para as futuras negociações com o Congresso. É preocupante que, em
meio a tantas dificuldades de ordem financeira e política, as relações entre os
poderes também obedeçam a lógica do interesse. Antes mesmo da posse da nova
legislatura, que deve ser marcada por uma atuação mais firme da oposição, como
demonstram os resultados das urnas, o governo já enfrenta dificuldades de peso
para aprovar medidas significativas para o país. Os problemas, registrados
agora no exame das metas fiscais, devem se repetir com a votação de temas de
interesse da futura equipe econômica, que depois da posse ainda precisará do
aval do Congresso para um maior rigor fiscal, que será inevitável. É decepcionante
que já agora, antes de assumir o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff
recorra a uma constrangedora manobra de compra de votos e tenha sido
bem-sucedida nesta operação capciosa. Com a alternativa, a presidente se livra
de um possível enquadramento em crime de responsabilidade, mas paga um preço
elevado em termos de credibilidade. A democracia brasileira precisa evoluir até
que seus governantes conquistem respaldo parlamentar baseado em critérios
políticos, e não na distribuição de cargos e de verbas de emendas parlamentares
para obras em redutos eleitorais. A prática do fisiologismo é enganosa: pode
até proporcionar resultados imediatos ao governante e benefícios eventuais aos
parlamentares, mas alastrar todos na rubrica da rejeição popular. A democracia
por excelência se torna ausente de responsabilidade ética, constituindo da
fragilidade decorrente da forma que se aplica em conveniência.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário