RENAN CALHEIROS DIZ QUE MINISTÉRIO PÚBLICO 'PASSOU A FAZER POLÍTICA'
Presidente do Senado também chamou de 'ilegal' liminar do ministro Marco Aurélio Mello que determinou afastamento de Renan do comando da Casa.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
disse nesta terça-feira (13) que o Ministério Público Federal (MPF) “passou a
fazer política”.
Renan também fez críticas ao procurador-geral da República e a
procuradores que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato.
As declarações foram dadas após Renan ter sido
questionado sobre os relatos do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho,
que afirmou no acordo de delação premiada que o presidente do Senado e outros
senadores do PMDB receberam propina em troca de posicionamentos favoráveis à
empreiteira em votações de projetos.
“O Ministério Público infelizmente passou a fazer
política. Só política. Quando você faz política, você perde a condição
definitivamente de ser o fiscal da lei”, afirmou Renan ao chegar ao Senado,
pouco antes de abrir a sessão para votar o segundo turno da PEC do teto dos
gastos públicos.
O presidente do Senado afirmou ainda que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escalou para a força-tarefa da
Lava Jato três membros do Ministério Público rejeitados em sabatinas do Senado
para ocupar cargos no Conselho Nacional do Ministério Público e no Conselho
Nacional de Justiça. Para Renan, isso mostra "o que Janot está querendo
fazer com o Senado".
Nesta segunda-feira (12), Janot denunciou Renan ao
Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da Operação Lava Jato, pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
“Depois que o procurador Janot colocou na força-tarefa
três membros do MP rejeitados pelo Senado para o Conselho Nacional do
Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça, isso por si só já
demonstra o que ele está querendo fazer com o Senado.
De modo que as condições coercitivas, as buscas e
apreensões, o pedido de prisão, a prisão da polícia, a usurpação de
competência, tudo é decorrente do fato do procurador-geral da República ter
colocado como membros da força-tarefa três pessoas rejeitadas pelo Senado”,
argumentou Renan.
Renan também criticou o vazamento de delações
premiadas e argumentou que, na visão dele, é um absurdo ter o nome citado
porque "alguém interpretou que alguém falaria em seu nome".
Ao Ministério Público Federal, o ex-executivo da
Odebrecht disse que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) falava em nome de Renan e
repartia com ele o dinheiro da Odebrecht.
O delator afirmou que passou cerca de
R$ 22 milhões ao grupo de Jucá.
“Você ter o nome citado porque alguém interpretou que
alguém falaria em seu nome, isso é um absurdo. Isso só serve para alimentar um
noticiário e para permitir um pré-julgamento das pessoas”, criticou Renan.
O senador disse ainda que “está tranquilo” com relação
as acusações que pesam contra ele e afirmou que o teor das delações deve ser
tornado público para que “o país acompanhe com dados, contra-argumentos, e
fatos”.
Discussão no início da sessão
Após falar com os jornalistas, Renan abriu a sessão
para votar o segundo turno da PEC do teto dos gastos e, logo no início dos
trabalhos, se envolveu em uma discussão com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Começou quando Lindbergh reclamou, no microfone, de
Renan ter feito três sessões em um só dia na semana passada para poder cumprir
o intervalo após o primeiro turno e votar o segundo turno da PEC já nesta
terça, dia inicialmente previsto pela base do governo.
A PEC é uma das
principais apostas da gestão Temer para conter o rombo nas contas públicas.
“Quero começar trazendo a nossa irritação pelo modo
como vossa excelência conduziu os trabalhos aqui na quinta-feira.
Desrespeito à
minoria, desrespeito à oposição. Não era necessário ter feito aquilo”, declarou
Lindbergh.
Renan respondeu o senador petista. "Eu não
queimaria minha biografia atropelando calendário", afirmou o presidente da
Casa. “De modo que fique certa vossa excelência que eu não apequenar a minha
presença na Presidência do Senado atropelando”, retrucou Renan.
Irritado, Lindbergh lembrou a decisão da Mesa do
Senado em descumprir ordem do ministro Marco Aurélio que afastava Renan
Calheiros da Presidência do Senado. Lindbergh disse que Renan “rasgou a
Constituição”.
Com o tom de voz elevado, Renan afirmou que a decisão
de Marco Aurélio foi “ilegal” e fez críticas ao magistrado.
“O ministro Marco Aurélio, infelizmente [...] chegou a
dar declarações de que ficou muito bem na foto, de que iria ganhar com um
placar acachapante, o ministro Marco Aurélio usurpou a competência do pleno do
Supremo Tribunal Federal”, disse Renan.
O peemedebista disse ainda que o presidente de um
Poder só pode ser afastado por decisão do plenário do Supremo. Dois dias depois
da liminar, o plenário do tribunal manteve Renan no cargo.
Lindbergh questionou como Renan se sentiu com a
decisão do Supremo. “Forte? Ou devedor da decisão do Supremo?”
Renan respondeu dizendo que só houve um “perdedor”, no
caso ele próprio.
“Nesse episódio só houve um perdedor, humildemente eu
confesso, fui eu. Eu é que perdi, porque fiquei exposto, recebi pré-julgamento,
sofri, minha família sofreu. Só há um derrotado nesse episódio”, disse.
Bate-boca
Logo depois de a senadora Fátima Bezerra (PT-RN)
fazer, da tribuna do Senado, um discurso contra a PEC do teto de gastos e
contra o governo do presidente Michel Temer, a parlamentar se envolveu em uma
discussão, fora dos microfones, com o senador José Medeiros (PSD-MT).
O parlamentar disse que a crise econômica era derivada
de governos corruptos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff. Ele também fez críticas ao PT, partido de Fátima.
A senadora do Rio Grande do Norte demonstrou irritação
com as falas de Medeiros e exigiu respeito a ela e a sua história.
“O senhor me respeite, pode procurar a minha história
é limpa”, disse a parlamentar.
Diante da discussão, o som do plenário foi cortado. A
senadora Lídice da Mata (PSB-BA) pediu que a troca de ofensas não fosse
incluída nos registros do Senado.
Renan Calheiros afirmou que, como a discussão
havia acontecido fora dos microfones, às falas não seriam documentadas.
Fonte: G1 – DF.
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