quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O IMPERATIVO DA CORRUPÇÃO' - JUSTIFICAR O INJUSTIFICÁVEL'








RENAN CALHEIROS DIZ QUE MINISTÉRIO PÚBLICO 'PASSOU A FAZER POLÍTICA'

Presidente do Senado também chamou de 'ilegal' liminar do ministro Marco Aurélio Mello que determinou afastamento de Renan do comando da Casa.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira (13) que o Ministério Público Federal (MPF) “passou a fazer política”. 

Renan também fez críticas ao procurador-geral da República e a procuradores que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato.

As declarações foram dadas após Renan ter sido questionado sobre os relatos do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que afirmou no acordo de delação premiada que o presidente do Senado e outros senadores do PMDB receberam propina em troca de posicionamentos favoráveis à empreiteira em votações de projetos.

“O Ministério Público infelizmente passou a fazer política. Só política. Quando você faz política, você perde a condição definitivamente de ser o fiscal da lei”, afirmou Renan ao chegar ao Senado, pouco antes de abrir a sessão para votar o segundo turno da PEC do teto dos gastos públicos.

O presidente do Senado afirmou ainda que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escalou para a força-tarefa da Lava Jato três membros do Ministério Público rejeitados em sabatinas do Senado para ocupar cargos no Conselho Nacional do Ministério Público e no Conselho Nacional de Justiça. Para Renan, isso mostra "o que Janot está querendo fazer com o Senado".

Nesta segunda-feira (12), Janot denunciou Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da Operação Lava Jato, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Depois que o procurador Janot colocou na força-tarefa três membros do MP rejeitados pelo Senado para o Conselho Nacional do Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça, isso por si só já demonstra o que ele está querendo fazer com o Senado.

De modo que as condições coercitivas, as buscas e apreensões, o pedido de prisão, a prisão da polícia, a usurpação de competência, tudo é decorrente do fato do procurador-geral da República ter colocado como membros da força-tarefa três pessoas rejeitadas pelo Senado”, argumentou Renan.

Renan também criticou o vazamento de delações premiadas e argumentou que, na visão dele, é um absurdo ter o nome citado porque "alguém interpretou que alguém falaria em seu nome".

Ao Ministério Público Federal, o ex-executivo da Odebrecht disse que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) falava em nome de Renan e repartia com ele o dinheiro da Odebrecht. 

O delator afirmou que passou cerca de R$ 22 milhões ao grupo de Jucá.

“Você ter o nome citado porque alguém interpretou que alguém falaria em seu nome, isso é um absurdo. Isso só serve para alimentar um noticiário e para permitir um pré-julgamento das pessoas”, criticou Renan.


O senador disse ainda que “está tranquilo” com relação as acusações que pesam contra ele e afirmou que o teor das delações deve ser tornado público para que “o país acompanhe com dados, contra-argumentos, e fatos”.

Discussão no início da sessão

Após falar com os jornalistas, Renan abriu a sessão para votar o segundo turno da PEC do teto dos gastos e, logo no início dos trabalhos, se envolveu em uma discussão com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Começou quando Lindbergh reclamou, no microfone, de Renan ter feito três sessões em um só dia na semana passada para poder cumprir o intervalo após o primeiro turno e votar o segundo turno da PEC já nesta terça, dia inicialmente previsto pela base do governo. 

A PEC é uma das principais apostas da gestão Temer para conter o rombo nas contas públicas.

“Quero começar trazendo a nossa irritação pelo modo como vossa excelência conduziu os trabalhos aqui na quinta-feira. 

Desrespeito à minoria, desrespeito à oposição. Não era necessário ter feito aquilo”, declarou Lindbergh.

Renan respondeu o senador petista. "Eu não queimaria minha biografia atropelando calendário", afirmou o presidente da Casa. “De modo que fique certa vossa excelência que eu não apequenar a minha presença na Presidência do Senado atropelando”, retrucou Renan.

Irritado, Lindbergh lembrou a decisão da Mesa do Senado em descumprir ordem do ministro Marco Aurélio que afastava Renan Calheiros da Presidência do Senado. Lindbergh disse que Renan “rasgou a Constituição”.

Com o tom de voz elevado, Renan afirmou que a decisão de Marco Aurélio foi “ilegal” e fez críticas ao magistrado.

“O ministro Marco Aurélio, infelizmente [...] chegou a dar declarações de que ficou muito bem na foto, de que iria ganhar com um placar acachapante, o ministro Marco Aurélio usurpou a competência do pleno do Supremo Tribunal Federal”, disse Renan.

O peemedebista disse ainda que o presidente de um Poder só pode ser afastado por decisão do plenário do Supremo. Dois dias depois da liminar, o plenário do tribunal manteve Renan no cargo.

Lindbergh questionou como Renan se sentiu com a decisão do Supremo. “Forte? Ou devedor da decisão do Supremo?”
Renan respondeu dizendo que só houve um “perdedor”, no caso ele próprio.

“Nesse episódio só houve um perdedor, humildemente eu confesso, fui eu. Eu é que perdi, porque fiquei exposto, recebi pré-julgamento, sofri, minha família sofreu. Só há um derrotado nesse episódio”, disse.

Bate-boca

Logo depois de a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) fazer, da tribuna do Senado, um discurso contra a PEC do teto de gastos e contra o governo do presidente Michel Temer, a parlamentar se envolveu em uma discussão, fora dos microfones, com o senador José Medeiros (PSD-MT).

O parlamentar disse que a crise econômica era derivada de governos corruptos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ele também fez críticas ao PT, partido de Fátima.

A senadora do Rio Grande do Norte demonstrou irritação com as falas de Medeiros e exigiu respeito a ela e a sua história.

“O senhor me respeite, pode procurar a minha história é limpa”, disse a parlamentar.

Diante da discussão, o som do plenário foi cortado. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) pediu que a troca de ofensas não fosse incluída nos registros do Senado. 

Renan Calheiros afirmou que, como a discussão havia acontecido fora dos microfones, às falas não seriam documentadas.
Fonte: G1 – DF.

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