'HOMENAGEADO' POR APELIDO 'BOCA MOLE' DADO POR DELATOR.
Heráclito Fortes (PSB) diz que apelido era de Tancredo Neves na ditadura.
Parlamentar afirma que ligação com empresa era por atuação parlamentar.
O deputado federal Heráclito Fortes (PSB) disse nesta
segunda-feira (19), em Teresina, se
sentir homenageado com o apelido atribuído a ele nas delações de executivos da
construtora Odebrecht.
O parlamentar comentou que “Boca Mole” era um apelido
também atribuído a Tancredo Neves durante o período da ditadura militar e
comentou que sua ligação com a construtora era apenas por sua atuação
parlamentar.
Héraclito Fortes fez uma brincadeira com a lista
apresentada pelos executivos da Odebrecht. “Eu fiquei muito triste.
“Eu só valia R$ 100 mil, com tudo que eles disseram”,
disse o parlamentar.
O deputado federal também comentou sobre seu apelido
na lista.
“Eu fiquei alegre porque me chamaram de boca mole. Era
o apelido que os militares tratavam nas mensagens cifradas o doutor Tancredo na
reabertura democrática”, afirmou.
O deputado federal foi um dos 51 políticos de
11 partidos que foram citados por Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações
institucionais da Odebrecht.
Entre as citações estão políticos do PMDB, do PSB e do
PP.
Na lista apresentada pelo delator há valores e
motivação de repasses para os políticos, alguns através de doações eleitorais
oficiais e outras através de propina ou caixa 2.
O parlamentar diz que a presença na lista não afeta
sua imagem pública.
Eu tenho uma imagem de 34 anos de mandato e 40 anos de
vida pública.
As pessoas conhecem cada um e em nenhum momento o
delator diz que fiz negócios, disse.
Heráclito Fortes negou ainda que a lista prove algum
negócio escuso em que ele esteja envolvido. “O delator não diz que troquei
emendas, nada.
Ele apenas diz que eu sou uma pessoa influente e que
era vantagem para a empresa ter próximo a eles um deputado como Heráclito
Fortes”, declarou.
O deputado citou ainda que sua relação mais próxima
com a Odebrecht aconteceu quando entre os anos de 2003 e 2010 quando foi
senador e membro da Comissão de Assuntos Exteriores.
Heráclito Fortes disse que na época um funcionário da
empreiteira desapareceu no Iraque e ele interviu enviando um embaixador ao
país.
“Uma coisa que me deixa muito feliz é que ele (Claúdio
Melo) cita um episódio que envolvia um funcionário da Odebrecht. Eu era membro
da Comissão de Assuntos Exteriores e desapareceu um funcionário no Iraque.
Cobrei uma solução e foi enviado o embaixador ao
Iraque que trouxe o atestado de óbito. Eu não fiz pela Odebrecht. Fiz pela
família”, explicou.
Heráclito Fortes diz que é preciso que as
investigações avancem mais rápido e disse que os casos de corrupção estão ligados
ao governo passado.
“É preciso que se lave isso, se tire essa sujeira de
uma vez por todas e quem tiver culpa que pague”, afirmou o deputado federal
defendendo também investigações sobre o presidente Michel Temer (PMDB).
Questionado se faltam ainda elementos de prova, o
parlamentar se esquivou.
“Eu não sou investigador e não tenho a menor condição
de dizer isso.
Agora, que tem coisas esquisitas, tem”, disse.
Segundo o deputado federal, a Operação Lava Jato
começou tarde. “Devia ter vindo há muito mais tempo. É uma vergonha o que
sempre aconteceu no Brasil”, comentou.
Heráclito Fortes afirmou que a Lava Jato influenciou,
inclusive, na tramitação do Orçamento para 2017.
“Depois de muito anos tivemos
a aprovação de um orçamento tranqüilo que foi o desse ano porque os lobistas
das empreiteiras não estavam no Congresso pressionando os parlamentares”,
falou.
Fonte: G1 – DF.
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