quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

ESTRATEGISTAS








RENAN, TÃO NECESSÁRIO COMO INCÔMODO PARA O GOVERNO.


O senador Renan Calheiros venceu a batalha, mas não a guerra para garantir sua sobrevivência política.

Por decisão do Supremo Tribunal Federal, ele continua na presidência do Senado, mas não pode assumir a Presidência da República em eventual ausência de Michel Temer e do deputado Rodrigo Maia.

Ele não foi afastado do cargo, como pediu o ministro Marco Aurélio Melo. Mas é certo que, na Justiça, a vida dele será mais difícil daqui em diante.

Além deste em que é réu por peculato, Renan aparece em 12 inquéritos, onde é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro; mais dois por peculato e até por formação de quadrilha.

A metade dos processos está dentro da Operação Lava Jato um deles, em segredo de Justiça. É verdade que alguns desses processos ainda aguardam diligências da Procuradoria Geral da República, o que quer dizer que será necessário mais tempo para o julgamento.

Vale lembrar que ele ficou surpreso ao saber que o STF o tornou réu neste primeiro processo. Ele estava certo de que escaparia.

O ambiente para Renan no STF não é nada bom. Basta ler com atenção alguns votos proferidos na tarde desta quarta-feira. 

Embora o resultado final tenha sido positivo para ele, as críticas apareceram em votos, mas, sobretudo, em conversas internas. A avaliação geral é a de que ele esticou a corda em excesso. Aliás, esta é a marca do senador alagoano.

Muita gente entrou em campo para colocar água na fervura, a começar pelo senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado, que assumiria o cargo na ausência de Renan Calheiros.

O governo e governistas no Congresso tinham uma preocupação premente: evitar uma crise maior para garantir o cumprimento do prazo para votação na semana que vem, dia 13, do segundo turno da proposta de emenda constitucional que limita a despesa pública, a chamada PEC do teto de gastos.

Também ajudou Renan o teor do voto do ministro Marco Aurélio Melo que, embora pedindo o afastamento dele, o fez sem consultar o conjunto do plenário e sem cumprir alguns requisitos, como ouvir o réu ou aguardar a publicação da sessão em que ele se tornou réu.

A esta altura, uma boa solução para Renan era também boa para o Palácio do Planalto. Afinal, ele se tornou, ao mesmo tempo, um aliado tão incômodo quanto necessário.
Fonte: G1 – DF.

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