SCARCELA JORGE |
COMENTÁRIO
Scarcela JorgePOLÍTICOS DO BRASIL NUNCA FORAM SÉRIOS.
Nobres:
Uma constatação aos nossos olhos quando se refere ao
momento de intensa vagabundagem dos políticos em sua maioria, excelências
magníficas, nos causa tristeza. Voltando ao pretérito que desestima o
permanente, o ex-presidente francês Charles De Gaulle lançou uma frase
relacionada ao nosso país que ficou famosa - "Este não é um país
sério". Foi a sentença dada pelo líder da resistência nazista no
território francês durante a segunda grande guerra mundial e que conspirou
frontalmente em desfavor da nação brasileira tamanha a força da sua proposição.
Estava muito claro que essa ação não se cingiu apenas à questão da política
exterior envolvendo o seu país. De Gaulle sabia muito bem o que estava
afiançando. Sua inteligência privilegiada, aliada ao seu vasto conhecimento da
história mundial, bem como da vida política e institucional dos países europeus
foram causas determinantes para se encharcar daquela coragem indomável. De
Gaulle foi um gigante da política mundial. Ao lado de Winston Churchill
desenhou o novo mapa da geografia política dos países do oriente médio, e do
continente africano. Sua participação nesse campo complicado da diplomacia
mundial foi decisiva tamanha a força das suas argumentações. Nesse contexto,
sua visão quanto ao nosso quadro político e institucional ao longo da nossa
existência como nação livre e soberana, foi absolutamente profética. Basta
deitarmos os olhos para os nossos tropeços desde a nossa Independência Política
que surgiu sob a égide de um regime de força imposto por Pedro I. foi a nota de
culpa do nosso atraso como nação civilizada. As fases republicanas foram
repugnantes. Uma seqüência de atos de desonestidade jogou o nosso país para um
abismo despropositado. O nosso primeiro presidente não terminou seu mandato. Na
sua seqüência um conluio condenável entre paulistas e mineiros disputavam o
inquilinato no Palácio do Catete, então sede do governo da República. Não havia
Justiça Eleitoral. Os "coronéis" é que decidiam os pleitos eleitorais
no bico das suas canetas e na força bruta das suas autoridades regionais. E
ainda existe o coronelismo praticado por uma figura nefasta que se apoderaram
do poder, na verdade outorgada pelo povo de pequenos municípios da região que
em pleno século XXI sua maioria ainda vivencia à pobreza econômica e de
espírito que se postam a irracionalidade num estilo medieval aquém império.
Voltando a retórica, quando no século
passado intermediário teve o seu epílogo outro pior aguardava a nação
brasileira. Foi a ditadura Vargas. Após esse período de força o nosso país
conheceu a renúncia de um presidente legitimado nas urnas, e terminou com o
golpe de estado que destituiu do poder o presidente João Goulart. Na seqüência
uma ditadura militar ditou as regras da governabilidade. Quando essa acabou o
pior ainda estava por vir. Tancredo não assumiu em razão do seu falecimento. O
seu vice, não estava preparado para as funções da primeira magistratura da nação.
O país foi mergulhado numa recessão nunca antes constatada. A fome e a miséria
passaram a se constituir na pilastra da nossa pirâmide social. No seu curso
dois ex-presidentes foram cassados pelo Senado da República. A corrupção foi a
sua causa motivadora. Um ex-presidente foi denunciado pela PGR, como sendo o
chefe de uma grande organização criminosa que causou transtornos para a
política fiscal, tributária e previdenciária. Hoje temos um presidente
assustado. Em poucos meses de governo, seis dos seus ministros, tiveram que
deixar os seus cargos. Nem precisa dizer os motivos. Isso envergonha o estado
brasileiro. Os interesses menores indicam que não aprendemos absolutamente nada
diante da advertência feita por De Gaulle. Dias atrás, a ex-presidente foi salva
de ter seus direitos políticos suspensos através de uma manobra que mudou a
forma de interpretar a nossa Constituição. Hoje, um simples apartamento de
propriedade de um ex-ministro desencadeou um conflito que respingou na mais
alta autoridade da República. Com esse seqüencial interminável de tropeços
demonstramos para o mundo inteiro que a nossa democracia continua muito frágil.
Assim, não vamos nunca ser o gigante que gostaríamos de protagonizar para
liderar a América Latina. A profecia de De Gaulle continua viva e até hoje
determina a nossa história.
Antônio
Scarcela Jorge.
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