domingo, 25 de dezembro de 2016

CERTIFICADO ÉTICO









LAVA JATO ABRE MERCADO DE CERTIFICAÇÃO ANTICORRUPÇÃO PARA EMPRESAS.

Consultoria descobriu 'filão' de empresas que trabalham para o governo e criou certificação que atesta que empresas têm condutas de ética e anticorrupção; custo é de até R$ 50 mil.

Uma consultoria atuante no mercado de tecnologia da informação aproveitou o “filão” da Operação Lava Jato e implantou uma certificação que atesta que as empresas que trabalham com o governo federal seguem condutas de ética e práticas anticorrupção.

A consultoria Paseli entende que há mercado para a venda de certificações que atestem que empresas têm padrões éticos adequados. Para a consultoria, é uma nova frente de negócios.

O CertiGov é fruto da Lava Jato.

“O certificado avalia se as empresas de fato elas estão aptas para prestar serviços para os órgãos públicos”, explica Pamela Ariane da Silva, diretora da Paseli Consulting, que certifica empresas nacionais e multinacionais da área de tecnologia.

Os potenciais clientes são empresas nacionais e multinacionais que querem provar que são idôneas.

Outra demanda é de grandes empresas que querem assegurar que seu fornecedores sigam os seus padrões éticos - a certificação seria um caminho, explica a consultoria.

Segundo Pamela, a certificação custa entre R$ 25 mil e R$ 50 mil, pois depende do porte da empresa e do número de funcionários.

Uma das clientes que está se certificando é a HP, companhia de tecnologia da informação.

De acordo com Leonardo Rangel, gerente de Canais e Alianças de Serviços da área de Technology Services da HP Brasil, a certificação ainda está em fase de implementação na empresa.

“É a última etapa para garantir que a empresa está apta para trabalhar na administração pública.

Antes é necessário saber a legislação e como os órgãos trabalham, por exemplo”, informa.

Rangel explica que a HP trabalha bastante com o governo federal, por meio de empresas parceiras.

“A gente tem que garantir que o parceiro que trabalha lá na ponta com nossos produtos mantém a ética no segmento de governo para evitar fraudes de toda forma possível”, diz.

Questionado se a busca da certificação tem a ver com Operação Lava Jato, ele diz que, no caso da HP, não.

“É uma coisa que buscamos há um tempinho já, temos mais de 6 mil parceiros no Brasil todo e não conseguimos que todos eles sigam os processos adequados e tenham a documentação em ordem”, diz.

O gerente da HP ressalta que a empresa nunca esteve envolvida em irregularidades e que se trata de uma prevenção.  “Estamos tentando fazer um trabalho proativo para evitar qualquer tipo de problema”, diz.

Segundo Rangel, entre os projetos implementados com o governo estão armazenamento de dados e implantação de redes.

“Nós provemos equipamentos para tecnologia da informação em órgãos como Receita Federal, ministérios, Banco do Brasil, Caixa e Petrobras”, conta.

Os parceiros da HP montam o projeto e revendem os produtos voltados para o Data Center, onde são armazenados os dados.

A venda, a instalação e o suporte é incumbência da HP, mas como a empresa não tem estrutura suficiente para atender a todas as contas do país todo, revende para os parceiros, que vendem para os órgãos públicos.

Critérios para certificar.

De acordo com Pamela, o CertiGov está sendo feito atualmente com três empresas brasileiras e duas multinacionais.

“Vale ressaltar que cada multinacional traz uma série de parceiros para certificar”, explica.

A certificação leva em média 3 meses para sair e precisa ser revalidada anualmente.

Os critérios da certificação são baseados na Lei 12.846/13 (a lei brasileira anticorrupção), no Foreign Corruption Practice Act – FCPA (norma norte-americana que é referência mundial), no Bribery Act – BA (da Grã-Bretanha) e na Convenção de Combate à Corrupção de Agentes Públicos em Transações Comerciais Internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Para a obtenção do selo são necessários 45 procedimentos para entrar numa licitação, incluindo documentação, além dos processos de compliance, que garantem normas de ética e conduta e cumprimento da lei anticorrupção e antipropina.

Pamela explica que entre as ações estão reuniões e entrevistas individuais com funcionários para verificar se eles estão cientes de todas as regras.

“A Lava Jato deu uma reviravolta, começaram a aparecer as empresas que trabalhavam com o governo que tinham problemas e as que não trabalhavam e viram uma luz no fim do túnel”, diz.

A consultoria começou há cerca de 6 anos ajudando as empresas de tecnologia estrangeiras a trabalhar no Brasil, em especial com o governo brasileiro, orientando sobre procedimentos jurídicos.

Além disso, especializou-se em identificar direcionamento em licitações e ingressar com recursos para barrá-las.
De acordo com Pamela, as empresas estrangeiras também querem que as companhias nacionais parceiras sejam idôneas e cumpram com as regras.

A maior demanda é de multinacionais estrangeiras que querem trabalhar no Brasil.
Fonte: G1 – DF.

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