segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

'MAGNÍFICAS EXCELÊNCIAS CORRUPTAS








RENAN TROCA ESTILO POLÍTICO MODERADO POR PERFIL MAIS AGRESSIVO.

Parlamentares ouvidos apontaram que nova postura do presidente do Senado é reflexo, entre outras coisas, das investigações da Operação Lava Jato.

Considerado até pouco tempo atrás um contrapeso ao perfil agressivo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na política de Brasília, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou por uma metamorfose de estilo nos últimos meses.

Às vésperas de encerrar o terceiro mandato dele na presidência do Senado, o peemedebista desafiou na última semana o Supremo Tribunal Federal (STF), desobedeceu uma liminar que ordenava que ele se afastasse do comando da Casa e ainda provocou publicamente o ministro que decidiu tirá-lo da linha sucessória da Presidência da República.

No fim das contas, Renan conseguiu se manter no comando do Congresso Nacional com a chancela de seis ministros da Suprema Corte, embora tenha sido proibido pelo tribunal de assumir a Presidência da República.

^APOLOGIA A UM CORRUPTO
Alagoano de Murici, o senador deixou para trás, aos 61 anos, o perfil moderado que o transformou em um dos políticos mais influentes da capital federal e adotou um tom mais duro.

Na avaliação de colegas do Senado, o motivo da transformação e da irritação de Renan é o fato de ele ter se sentido acuado pela Operação Lava Jato e também por ter se tornado réu em uma ação penal no STF acusado de peculato, ou seja, desvio de dinheiro Renan se torna réu no Supremo em ação de peculato.

Pai de três filhos, o parlamentar do PMDB desde 1995 no Senado é alvo de 11 inquéritos no Supremo, dos quais oito investigam se ele se beneficiou do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Renan estava irritado já com os inquéritos, reiteradamente abordados nos noticiários, junto com as delações.

Quando ele se tornou réu, o grau de irritabilidade aumentou. Eu senti uma redução da irritação com a decisão do pleno do Supremo, ressaltou o senador Álvaro Dias (PV-PR).

Renan enfrentou situações inusuais e teve uma postura inusual diante dessas situações, complementou o senador José Agripino Maia (DEM-RN).

Provocações a magistrados.

O cerco do Ministério Público e da Polícia Federal (PF) fez o experiente senador do PMDB  que transita com desenvoltura nos corredores dos palácios de Brasília desde o governo Fernando Collor (1990-1992) partir para o ataque.

Em outubro, irritado com a ação da PF no Senado que prendeu quatro policiais legislativos, Renan chamou de "juizeco de primeira instância" o magistrado da Justiça Federal de Brasília que autorizou a operação na Casa.

Já na última terça (6), ele elevou ainda mais o tom, provocando, desta vez, o ministro do STF Marco Aurélio Mello, autor da liminar que afastava Renan do comando do Senado.

Ao se queixar da decisão do magistrado em uma entrevista coletiva, Renan afirmou que já "foi obrigado" a acatar liminares "piores" do ministro, entre as quais uma que o obrigou a voltar a pagar supersalários no Legislativo.

Um dos aliados mais fiéis do presidente do Senado, o senador João Alberto (PMDB-MA) disse que o colega de partido 

"sempre foi um homem de posições firmes", mas que essa postura está mais evidenciada neste momento em razão do que chama de "interferências" de outros poderes no Legislativo.

Renan está tendo as posições que sempre teve. Ele não aceita coisas estranhas à democracia. A posição dele e do Senado no episódio do afastamento aconteceram porque era a invasão de um poder em outro, destacou João Alberto.

Outro colega de partido de Renan, que preferiu não se identificar, que o senador alagoano, mesmo em meio à turbulência política, é o parlamentar com pensamento político "mais aguçado" no Senado.

Renan é muito metódico. 

Até quando ele falou em 'juizeco', ele passou o final de semana pensando naquilo, achou que ia fazer um grande sucesso. 

Eu não teria usado essa expressão, mas, naquele momento, o foco dele era agradar o Senado, os colegas. 

Você precisa pensar qual mensagem ele quer passar. O Renan não é óbvio, observou este parlamentar.
Fonte: G1 – DF.

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