CENTENAS DE PESSOAS CRUZAM A PÉ FRONTEIRA DA VENEZUELA COM
RORAIMA.
Mulheres, crianças e idosos atravessam fronteira de forma clandestina.
Acesso entre Brasil e Venezuela está fechado por decreto até 2017.
Centenas de pessoas estão cruzando clandestinamente a pé a fronteira da Venezuela com o Brasil. Nesta segunda-feira (19), mulheres com bebês de colo, crianças e idosos atravessaram a fronteira por terra que une os dois países.
A rota ilegal entre o Brasil e Venezuela é
chamada de 'caminho verde', porque é por dentro da mata. Há até um pântano no
meio do caminho.
A passagem liga Santa Elena de Uiarén a Pacaraima, cidade
brasileira na fronteira e a 250 KM da capital Boa Vista.
A travessia clandestina entre os dois países dura
entre 10 e 20 minutos.
Brasileiros e venezuelanos em busca de comida e
remédios fazem o trajeto tanto para sair do país quanto para voltar levando
mantimentos.
A brasileira Lenir da Silva, de 51 anos, atravessou a
fronteira para levar os netos, de 10 e 5 anos para Boa Vista.
As crianças devem
permanecer no Brasil até que a situação na Venezuela melhore.
"Esta é a segunda vez que cruzo a fronteira. A
primeira travessia foi para comprar comida, pois não há alimentos na
Venezuela", conta Lenir que vive em Santa Elena de Uairén.
< O comerciante venezuelano Ulisses Sanches, de 38 anos,
também cruzou a fronteira de forma clandestina para comprar mantimentos. Ele
admite saber que o ato é ilegal, mas diz que precisou se arriscar porque não há
comida na Venezuela.
"Essa travessia não é legal, mas temos de fazê-la
porque não há comida na Venezuela", contou o comerciante que mora em Santa
Elena de Uairén.
Ele disse que dentro da Venezuela o clima é de
incerteza. "Ninguém sabe o que vai acontecer.
O futuro é incerto. Enquanto
não abrirem a fronteira, vamos continuar viajando por aqui", afirma.
Há cerca de 10 dias, a brasileira Vilanir de Souza
Santos, de 32 anos, veio ao país natal para ter o filho na maternidade de Boa
Vista, já que na Venezuela hospitais sofrem com a falta de remédios.
Ela cruzou a fronteira pé com o filho, um bebê
recém-nascido, para voltar para casa, na manhã desta segunda.
"Fui ter meu filho no Brasil, porque a situação
na Venezuela é péssima. Não dá nem para sair na rua, porque estão saqueando
tudo. Mesmo assim, tenho que voltar para minha casa em Santa Elena",
relata.
Brasileiros e venezuelanos que atravessam a fronteira
dizem que há pessoas cobrando dinheiro para auxiliar nas travessias. Eles
afirmam que homens do exército também indicam que apesar da fronteira estar
fechada, é possível transitar entre os dois países pela rota ilegal.
Itamaraty.
Em nota divulgada no último sábado (17), o Itamaraty
informou que a embaixada brasileira na Venezuela atua junto ao governo do país
para buscar uma solução para os brasileiros que desejam retornar ao Brasil.
Além disso, o Itamaraty reforçou que os brasileiros
que estão na Venezuela e que precisarem de assistência devem procurar o
vice-consulado do Brasil em Santa Elena de Uairén, que fica na fronteira entre
os dois países.
Fronteira
fechada.
Na terça (13), o presidente venezuelano Nicolás Maduro
decretou que as fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia fossem
fechadas.
Na quinta (15), o presidente prorrogou a decisão por mais 72h e no
sábado anunciou que a medida irá valer até o dia 2 de janeiro.
Segundo o líder chavista, (umas das "pragas da humanidade do Castrismo, do Chavismo e do Lulismo) a Venezuela está sendo
vítima de um "ataque econômico" contra sua moeda. O fechamento visa
combater as "máfias" que entram no país para desestabilizar a
economia da Venezuela.
Maduro também decidiu estender a vigência da nota de
100 bolívares, que, como anunciara o governo no domingo passado, deveria ser
retirada de circulação na última quinta.
O fechamento das passagens fronteiriças foi
estabelecido, ainda de acordo com a visão de Maduro, justamente para evitar que
as notas de 100 que tinham sido tiradas do país por grupos ilegais voltassem a
circular.
Fontes: G1 e Reuters.
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