Há um ano, STF proibiu doação de
empresas para campanhas eleitorais.
Siglas também delegaram estratégias de
arrecadação a diretórios estaduais.
Com o veto do
Supremo Tribunal Federal (STF) à doação empresarial para campanhas eleitorais,
partidos ouvidos pelo G1 informaram que devem priorizar o uso de redes sociais
para incentivar doações de militantes na disputa municipal deste ano.
Nesta semana, a
reportagem procurou os cinco partidos com maior número de parlamentares no
Congresso Nacional – PMDB, PT, PSDB, PP e PR – para saber quais estratégias adotarão para arrecadar recursos
na eleição de outubro.
Além das
campanhas na internet, as direções das legendas decidiram delegar aos
diretórios estaduais a definição sobre outras estratégias para garantir
recursos para os candidatos.
Além da
proibição da doação empresarial às campanhas pelo STF, outros temas
relacionados às disputas eleitorais foram modificados no ano passado, quando a
presidente Dilma Rousseff, atualmente afastada em razão do processo de
impeachment, sancionou a Lei da Reforma Política.
O período da
campanha, por exemplo, caiu de 90 para 45 dias com isso, a propaganda eleitoral
terá início no dia 16 de agosto deste ano.
Em entrevista, o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, disse
que o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou "o carro na frente dos
bois" ao proibir que empresas façam doações eleitorais.
"Porque nós
discutimos primeiro o financiamento, sem prestar atenção ao sistema eleitoral.
Não alteramos nada no sistema eleitoral e decidimos mudar o
financiamento", disse o magistrado.
"Nós temos agora que aguardar o
resultado dessa campanha e ver também se na reforma política haverá a revisão
do sistema eleitoral", concluiu
Estratégias de
arrecadação.
SURGEM OS NOVOS VACARIS E DELÚBIOS!
No caso do PT, o
secretário de Finanças do partido, Márcio Macêdo, disse que a cúpula do partido
estuda campanhas de arrecadação que utilizem vídeos no YouTube, principalmente
em razão do “baixo custo” para produzir as gravações.
Os novos Delúbios e Vacaris.
Ao G1, ele disse
também que campanhas no Facebook e no Twitter deverão ser utilizadas pelos
candidatos petistas às prefeituras.
Segundo Macêdo,
“dentro das possibilidades”, o partido contribuirá com os candidatos, mas os
políticos precisam estar prontos para campanhas “mais simples” neste ano.
“A principal
estratégia para as campanhas deste ano é o candidato entender que serão
campanhas mais simples, com foco no corpo a corpo.
Nós vamos
estimular o uso das redes sociais para os candidatos arrecadarem, assim como a
campanha 'Seja Companheiro' que, por meio dela, os militantes podem doar para o
partido por meio do nosso site”, disse o secretário.
Na mesma linha,
o tesoureiro-adjunto do PMDB e ex-presidente do partido, senador Valdir Raupp
(RO), afirmou que não há uma determinação oficial do PMDB sobre as estratégias
de arrecadação, mas que, em sua avaliação, com o fim das doações empresariais,
os candidatos terão que focar principalmente nas inserções de rádio e TV e nas
redes sociais para arrecadar.
“Com base no
quadro que estamos imaginando, 90% da arrecadação das campanhas virão com base
no que os eleitores ouvirem no rádio, virem na TV e, claro, acessarem nas redes
sociais. Os outros 10% virão com o que os candidatos fizerem nas ruas. Mas o
foco do candidato deve ser se tornar conhecido nas redes sociais, e conseguir
que os usuários o conheçam e façam as doações”, disse.
Para Raupp, a
“vantagem” de redes sociais como Twitter e Facebook é o baixo custo para os
candidatos criarem suas campanhas de doação.
“E isso é muito
interessante. E posso dizer, sem dúvida, que ficou ainda mais importante o uso
das redes sociais pelos candidatos após a campanha do Obama em 2008. Aquilo foi
um aprendizado e fez com que todo mundo no meio político passasse a utilizar
essas redes. E isso não vai parar, pelo contrário, só tende a crescer”,
completou.
Segundo explicou
ao G1 o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), o partido também utilizará
as redes sociais para divulgar um programa que estará disponível no site da
legenda a partir da próxima semana chamado "PMDB mais que voto".
Conforme Jucá,
por meio desse sistema, o eleitor poderá fazer a doação ao candidato que quiser
o candidato pagará R$ 400 para ter um perfil nesse sistema.
A cada 72 horas,
explicou, o próprio sistema enviará para o TRE do estado do candidato o
relatório com a doação para que a prestação seja de contas seja on-line.
Foco em
municípios maiores.
O
secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), disse que o diretório
nacional da legenda decidiu contribuir com as campanhas municipais por meio de
recursos do Fundo Partidário, mas que o "foco especial" dos recursos
do fundo serão os municípios com mais de 100 mil habitantes.
Embora diga que
a direção nacional da legenda ainda não tenha definido uma campanha específica
na internet para arrecadar recursos, Silvio Torres disse que o uso das redes
sociais "está sendo estudado neste momento".
Na avaliação do
secretário-geral do PSDB, o partido soube utilizar páginas no Twitter e no
Facebook na campanha de 2014, e, por isso, é preciso "alimentar essa
estratégia na campanha deste ano".
"Na
campanha [presidencial] do [senador] Aécio [em 2014], o PSDB já fez isso, investiu
nas redes sociais e o trabalho neste ano é no sentido de alimentar isso. O
importante é garantir que haja interatividade entre o candidato e o eleitor, e
teremos equipes trabalhando nesse sentido para ajudar os candidatos",
declarou o tucano.
'Vaquinhas'
O TSE barrou a
"vaquinha" na internet, doação por meio de sites de financiamento
coletivo ou “crowdfunding”. Ao proibir o sistema de arrecadação, os ministros
entenderam que, por cobrar uma fatia das doações, os sites seriam um
“intermediário”, o que não é permitido pelas novas regras.
Consultado por
deputados sobre se os sites poderiam captar as doações sem cobrar, o TSE
entendeu que a legalidade seria difícil de ser garantida e que empresas
poderiam se utilizar dos sites para burlar a lei eleitoral.
Diretórios
estaduais.
Além de utilizar
as redes sociais como ferramenta para arrecadar recursos, as direções nacionais
de algumas legendas decidiram repassar aos diretórios estaduais as decisões
sobre estratégias de arrecadação.
O PR, por
exemplo, disse à reportagem que chegou à conclusão de que os diretórios
estaduais precisam estabelecer algumas estratégias porque, na avaliação da
legenda, as “peculiaridades” de cada estado fazem com que seja “muito difícil”
estabelecer uma regra geral para arrecadação.
“Numa cidade
como São Paulo, por exemplo, o candidato pode investir em grandes jantares e
almoços para arrecadar, o que é muito efetivo. Já numa cidade do extremo Norte
do país, por outro lado, a gente avalia que isso tende a não funcionar, porque
o corpo a corpo entre os próprios militantes dá mais resultado e os candidatos
podem focar nas campanhas [de doação] nas redes sociais, o que deverá atingir
grande parte dos eleitores”, relatou ao G1 um dirigente do partido.
Por meio de nota
enviada pela assessoria, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira
(PI), disse que cada diretório estadual terá “autonomia” para definir as
estratégias de arrecadação, assim como as alianças que os candidatos farão,
“considerando os cenários locais”.
Em razão da
proibição das doações empresariais e da redução do tempo de campanha, a cúpula
do PP decidiu ainda que, os candidatos deverão ter “atuação mais intensa” junto
às bases de eleitores.
Fonte:
G1 – RJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário