domingo, 24 de julho de 2016

CORRUPÇÃO - DELATORES EM AÇÃO

 DELAÇÃO PREMIADA.

Executivo da Odebrecht pediu ajuda com o governo de Antígua, diz delator.

Luiz Augusto França teve pedido de delação aceito pelo juiz Sérgio Moro.

Ele e outros dois sócios detalharam movimentações da Odebrecht no exterior.

O empresário Luiz Augusto França, investigado na 23ª fase da Operação Lava Jato, disse em depoimento que um alto funcionário da Odebrecht lhe pediu ajuda para conversar com o governo de Antígua, uma ilha no Caribe, usada como paraíso fiscal. 

Segundo as investigações do Ministério Público Federal (MPF), França e outros dois sócios eram donos de uma empresa de consultoria, que movimentava parte de valores ilegais para a Odebrecht naquele país.

Os sócios fizeram um acordo de delação premiada junto à Justiça Federal. 

O pedido deles foi homologado pelo juiz federal Sérgio Moro recentemente.

Vinícius Borin, um dos sócios, destacou como funcionava o sistema de controle das verbas que passavam pelo Meinl Bank, em Antígua, onde funcionavam as contas bancárias que o MPF garante que foram usadas para pagar propina de desvios da Petrobras.

França também detalhou o funcionamento das contas, os nomes dos operadores e outros detalhes que Borin já tinha mencionado anteriormente. 

Além disso, citou uma conversa que teve com Luiz Eduardo Soares, apontado pelas investigações como um dos chefes do "Setor de Operações Estruturadas" da Odebrecht. 

Essa área, segundo o MPF, servia exclusivamente para o pagamento de propina.

Segundo França, Soares lhe pediu para que conseguisse um contato com o primeiro-ministro de Antígua. 

O objetivo seria ter uma conversa a respeito da Operação Lava Jato.

Soares queria que o governo antiguano não colaborasse com as investigações no Brasil, pois as apurações poderiam causar "impacto negativo na ilha".

França afirma que chegou a intermediar um primeiro contato com entre Soares e o primeiro-ministro, que ocorreu em outubro de 2015. 

Ele afirma que soube ainda de outros encontros de Soares com representantes do governo de Antígua. 

No entanto, segundo o delator, os antiguanos acabaram atendendo a todos os pedidos feitos pela Justiça brasileira, independente da atuação de Soares.

Ele também contou que houve ocasiões em que outros executivos do Setor de Operações Estruturadas deram dicas para que os diretores do Meinl Bank fossem embora do Brasil.

Segundo França, houve até mesmo indicações de países aonde eles poderiam ir morar, pois essas nações não possuem acordos de colaboração com o Brasil, dificultando a possibilidade de eles serem responsabilizados pelos desvios.

Soares diz que nunca teve qualquer contato direto com Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo Odebrecht. 

Mas, segundo ele, pelo volume de dinheiro que circulava pelas contas em Antígua, seria impossível que o executivo não tivesse conhecimento dos desvios feitos pelos funcionários.

Fonte: G1 – PR.

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