Executivo da Odebrecht pediu ajuda com
o governo de Antígua, diz delator.
Luiz Augusto França teve pedido de
delação aceito pelo juiz Sérgio Moro.
O empresário
Luiz Augusto França, investigado na 23ª fase da Operação Lava Jato, disse em
depoimento que um alto funcionário da Odebrecht lhe pediu ajuda para conversar
com o governo de Antígua, uma ilha no Caribe, usada como paraíso fiscal.
Segundo as investigações do Ministério Público Federal (MPF), França e outros
dois sócios eram donos de uma empresa de consultoria, que movimentava parte de
valores ilegais para a Odebrecht naquele país.
Os sócios
fizeram um acordo de delação premiada junto à Justiça Federal.
Vinícius Borin, um
dos sócios, destacou como funcionava o sistema de controle das verbas que
passavam pelo Meinl Bank, em Antígua, onde funcionavam as contas bancárias que
o MPF garante que foram usadas para pagar propina de desvios da Petrobras.
França também
detalhou o funcionamento das contas, os nomes dos operadores e outros detalhes
que Borin já tinha mencionado anteriormente.
Além disso, citou uma conversa que
teve com Luiz Eduardo Soares, apontado pelas investigações como um dos chefes
do "Setor de Operações Estruturadas" da Odebrecht.
Essa área, segundo
o MPF, servia exclusivamente para o pagamento de propina.
Segundo França,
Soares lhe pediu para que conseguisse um contato com o primeiro-ministro de
Antígua.
O objetivo seria ter uma conversa a respeito da Operação Lava Jato.
Soares queria que o governo antiguano não colaborasse com as investigações no
Brasil, pois as apurações poderiam causar "impacto negativo na ilha".
França afirma
que chegou a intermediar um primeiro contato com entre Soares e o
primeiro-ministro, que ocorreu em outubro de 2015.
Ele afirma que soube ainda
de outros encontros de Soares com representantes do governo de Antígua.
No
entanto, segundo o delator, os antiguanos acabaram atendendo a todos os pedidos
feitos pela Justiça brasileira, independente da atuação de Soares.
Ele também
contou que houve ocasiões em que outros executivos do Setor de Operações
Estruturadas deram dicas para que os diretores do Meinl Bank fossem embora do
Brasil.
Segundo França, houve até mesmo indicações de países aonde eles
poderiam ir morar, pois essas nações não possuem acordos de colaboração com o
Brasil, dificultando a possibilidade de eles serem responsabilizados pelos
desvios.
Soares diz que
nunca teve qualquer contato direto com Marcelo Odebrecht, ex-presidente do
Grupo Odebrecht.
Mas, segundo ele, pelo volume de dinheiro que circulava pelas
contas em Antígua, seria impossível que o executivo não tivesse conhecimento
dos desvios feitos pelos funcionários.
Fonte: G1 – PR.
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