Operação Abismo é realizada desde a madrugada desta segunda-feira (4).
Dos 35 mandados expedidos, 4 são de prisão temporária e 1 de preventiva.
Policiais federais cumprem mandados referentes à 31ª
fase da Operação Lava Jato em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal
desde a manhã desta segunda-feira (4).
Um dos alvos é o ex-tesoureiro do PT
Paulo Adalberto Alves Ferreira, que está detido desde 24 de junho, quando foi
alvo da Operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato que investiga
fraudes no crédito consignado de servidores públicos.
Ferreira foi alvo de mandado prisão preventiva, que
não tem prazo para terminar.
Foram expedidas ainda outras 35 ordens
judiciais, sendo quatro de prisão temporária que tem prazo de cinco dias,
prorrogáveis por mais cinco, 24 de busca e apreensão, além de sete conduções
coercitivas, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
A ação desta segunda-feira foi batizada pela PF de
"Abismo" e investigam crimes de organização criminosa, cartel,
fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro por meio de contratos da
Petrobras, em especial do firmado para a construção do Centro de Pesquisas e
Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro.
O esquema no Cenpes envolve o pagamento de R$ 39
milhões em propinas em três frentes, segundo o Ministério Público Federal
(MPF): a uma empresa, para que ela desistisse de participar da licitação da
obra; para funcionários da diretoria de Serviços da Petrobras, e para Ferreira,
ex-tesoureiro do PT.
Foram presos temporariamente Edson Freire Coutinho,
ex-executivo da Schahin Engenharia, e Roberto Ribeiro Capobianco, presidente da
Construcap.
A PF busca Erasto Messias da Silva Jr., diretor-geral da construtora
Ferreira Guedes, e Genesio Schiavinatto Jr, diretor comercial da Construbase.
Os dois detidos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba.
Os mandados de busca e apreensão tiveram como alvo as
sedes do consórcio Nova Cenpes, das construtoras Construbase, Construcap,
Schachin e WTorre e imóveis residenciais de executivos dessas empresas.
Em nota, a WTorre informou que não teve participação
nas obras do Cenpe e que não recebeu ou pagou "valor referente a esta ou a
qualquer outra obra pública". A empresa diz estar à disposição das
autoridades.
O Grupo Schahin informou, também em nota, que "compreende
os trabalhos de investigação", com os quais colabora.
A OAS, a Ferreira Guedes e a Carioca informaram que
não iriam se manifestar.
As construtoras Construcap e Construbase não
comentaram até a última atualização desta reportagem. O advogado de Paulo
Ferreira, José Roberto Batochio, não atendeu às ligações feitas no fim da manhã
desta segunda-feira.
A reportagem tenta contato com os representantes dos
demais envolvidos.
Acordo na licitação e propina.
O MPF relata que, em 2007, a Petrobras lançou três
licitações para a realização de obras de uma sede administrativa em Vitória
(ES), de um centro de processamento de dados no Rio, e do centro de pesquisas
Cenpes, também no Rio.
As empresas que participaram dessas licitações, então,
orgarnizaram se em um "grande cartel" para fixar preços, evitar a
concorrência e maximizar os lucros, acusa o MPF.
Nessa partilha, a obra do Cenpes ficou com Consórcio
Novo Cenpes, formado pelas construtoras OAS, Carioca Engenharia, Construbase
Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia.
Houve, entretanto, um imprevisto, pois a WTorre
Engenharia e Construção S/A, que não havia participado do acerto, apresentou
uma proposta de preço inferior à do consórcio, de acordo com o MPF.
Segundo os investigadores, as empresas que formavam o
consórcio, então, acertaram uma propina de R$ 18 milhões para que a WTorre
saísse do certame.
Após uma renegociação de preços, a estatal e o consórcio
fecharam o contrato, no valor de R$ 850 milhões, janeiro de 2008.
Além desse repasse, foram identificados pagamentos
ilícitos a R$ 16 milhões para Adir Assad, R$ 3 milhões para Roberto Trombeta e
Rodrigo Morales, US$ 711 mil para Mario Goes e R$ 1 milhão para Alexandre
Romano. Todos são considerados pela Lava Jato como operadores de propinas.
Dinheiro para escola de samba.
Segundo o MPF, Romano, que é ex-vereador da cidade de
Americana pelo PT, confessou ter repassado mais de R$ 1 milhão do Consórcio
Novo Cenpes para o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, por meio de contratos
simulados.
Entre as contas utilizadas para a realização dos
repasses estão as da escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre
e da madrinha da bateria da agremiação, que receberam R$ 45 mil e R$ 61,7 mil,
respectivamente.
Os funcionários da Petrobras que receberam propina do
Novo Cenpes são o ex-gerente de engenharia Pedro José Barusco Filho, que ficou
com 2% do contrato, e o ex-diretor de Serviços Renato Duque, informa a
procuradoria.
O presidente da escola de samba Estado Maior da
Restinga, Robson Dias, afirmou ao G1 que repasse de R$ 45 mil foi feito para
bancar uma viagem à China, tema do enredo da agremiação no carnaval de 2010,
mas que não sabia que os recursos eram da Petrobras. A reportagem não conseguiu
contato com a madrinha da bateria.
As investigações da atual fase se deram graças ao
acordo de leniência e de colaboração premiada com a empresa Carioca Engenharia
e seus principais executivos, que reconheceram o acerto para beneficiar o
Consórcio Novo Cenps e o pagamento de propinas aos envolvidos.
OPERAÇÃO LAVA JATO.
O nome da Abismo, segundo a PF, é uma referência às
tecnologias de exploração de gás e petróleo em águas profundas desenvolvidas no
Cenpes, mas também à localização das instalações, que fica na Ilha do Fundão,
no Rio de Janeiro, e à demonstração de que os esquemas de fraude levaram a
estatal "aos recantos mais profundos da corrupção do dinheiro
público".
30ª fase.
A 30ª fase foi deflagrada no dia 24 de maio e prendeu
Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo. Eles eram
sócios da Credencial, uma construtora de Sumaré (SP) apontada pelo Ministério
Público Federal (MPF) como empresa fachada, que servia como intermediária para
pagamentos de propina aos beneficiários do esquema de corrupção.
Conforme o MPF, as empresas fornecedoras de tubos
Apolo Tubulars, que tem sede em Lorena (SP), e Confab procuraram diretores da
Petrobras para oferecer pagamento de vantagens indevidas em troca de serem
contratadas pela estatal.
Fonte: G1 – DF.
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