SCARCELA JORGE
O BRASIL DA CONTRAFAÇÃO.
Nobres:
Falando
sobre a atual conjuntura nacional, chegamos à triste comprovação de que corrupção,
sonegação, lavagem de dinheiro passaram a ser a espantosa regra: “o errado
virou a regra e todo mundo passou a operar nessa regra”. É o retrato de uma
realidade que vem sendo denunciada por ocorrências que se repetem e muitas
vezes se complementam, nas esferas de governo Municipais, Estaduais e Federal,
nos fazem lembrar a célebre frase de Rui Barbosa proferida há pouco mais de um
século no Senado Federal: “- De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. - Apesar de o lapso de tempo entre os dois pronunciamentos nos fazer acreditar
que a cultura da corrupção entranhou-se em nossa realidade, inspirando até
ditos populares do tipo que incentiva a se tirar vantagem em tudo, ao invés do
desânimo e da vergonha da honestidade, é preciso que entendamos que o momento
atual, caracterizado por denuncias, apurações e condenações, é propício à busca
de uma renovação que leve, de forma exemplar, a que os governantes não realizem
mal feitos apenas pelo medo da punição, mas simplesmente porque são mal feitos.
O regime democrático mostra que o caminho das urnas é o meio a possibilitar
essa renovação, menos geracional, pois muitos dos mais novos já se encontram
contaminados pela cultura política dominante, e muito mais pela correta escolha
dos candidatos a serem eleitos, avaliados por seu passado e pelo engajamento
nas causas republicanas. Contudo é necessário um pouco mais: que cada um utilize
a tribuna disponível para fazer reverberar a indignação com o atual estado de
coisas, a exemplo das manifestações públicas que tem denunciado atores de
práticas incorretas e apoiado os movimentos de consolidação da verdadeira
cidadania. É voz comum no meio administrativo que as crises geram oportunidades
e o difícil momento em que vivemos pode e deve ser aproveitado para superar as
seculares afirmativas acima referidas, deixando-as para as novas gerações
apenas como uma triste memória histórica e que jamais retorne a tempo nenhum.
Antônio Scarcela Jorge.
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