Mapeamento
do palácio identificou 12 pré-candidatos nas fileiras governistas.
Rogério
Rosso (PSD) e José Carlos Aleluia (DEM) são preferidos do governo.
Com
o discurso oficial de que é “indiferente” sobre quem será eleito para o comando
da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto articula, nos bastidores, uma
saída para que a eleição na Casa, prevista para a próxima semana, ocorra sem
risco de provocar um racha na base aliada ao governo Michel Temer.
Uma
das ações costuradas nos corredores do palácio é a tentativa de que as legendas
governistas definam um nome de consenso da base até o momento da votação.
Assim, avalia o Planalto, Temer não precisaria passar pela situação de apoiar
publicamente um deputado e se desgastar com os demais.
A corrida pela presidência da Câmara, que
estava limitada aos subterrâneos do Legislativo nas últimas semanas, foi
deflagrada oficialmente na última quinta (7), quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
renunciou ao comando da casa legislativa.
Entre
os auxiliares de Temer, a ordem oficial é para ninguém do governo interferir,
publicamente, no processo de eleição do novo presidente da Câmara para evitar
fissuras incontornáveis entre os partidos aliados.
De qualquer forma, os
ministros palacianos Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima
(Secretaria de Governo) estão acompanhando com lupas as movimentações dentro da
base aliada.
Assessores
de Temer admitem, sob a condição de anonimato, que “ninguém pode ser ingênuo de
achar que o governo não está se movimentando".
"Para
o governo, o ideal é que os próprios deputados da base cheguem a um consenso.
É
isso que o presidente tem dito a todos os deputados que vêm ao palácio pedir
apoio", relatou um assessor do peemedebista.
Na
avaliação dos principais conselheiros do presidente em exercício, o mais
importante neste momento é o Palácio do Planalto não “carimbar” o apoio a algum
candidato, por exemplo, do partido “A”, pois, com isso, as legendas “B, C e D”
poderão, por pressão política, deixar de votar projetos de interesse do governo
na Casa.
Possíveis
candidatos.
Segundo
apurou, um mapeamento do Planalto apontou que a renúncia de Cunha, esperada há
algumas semanas, resultou na movimentação de 10 a 12 parlamentares da base para
suceder o peemedebista no comando da Câmara.
Interlocutores
do governo dizem que, mesmo com a expectativa da renúncia, o Planalto
trabalhava com a hipótese de ter entre três e quatro candidatos da base, mas
não mais de dez, o que, segundo relatos, gerou uma “surpresa” entre os
responsáveis pela articulação política do governo.
Conforme
esses relatos, Temer não tem um preferido para suceder Cunha, mas auxiliares
dele veem “com simpatia” alguns possíveis candidatos.
Entre eles, estão os
deputados Rogério Rosso (PSD-DF) – que presidiu a comissão especial do
impeachment na Câmara – e José Carlos Aleluia (DEM-BA). Até o momento, porém,
nenhum dos dois admite oficialmente a candidatura ao posto.
Rosso
é visto, dentro do palácio, “com ainda mais simpatia”, uma vez que, na
avaliação de auxiliares de Temer, ele tem “bom trânsito” entre as principais
lideranças da Câmara e tem “baixo índice de rejeição”.
Além
disso, os palacianos consideram que o líder do PSD conduziu "bem" os
trabalhos da comissão especial que analisou o processo de impeachment de Dilma
Rousseff e que ele não tem a imagem ligada “aos velhos caciques”.
Segundo
integrantes do governo, entretanto, este fim de semana será "como dias de
semana normais" e, até o momento da votação, "todos os nomes precisam
ser avaliados".
O
presidente em exercício Michel Temer chega a um encontro com empresários na Confederação
Nacional da Indústria (CNI) em Brasília.
O
presidente em exercício Michel Temer tem sido procurado nas últimas semanas por
uma romaria de deputados interessados em disputar a presidência da Câmara.
O
dilema de Temer.
Mantidas
as previsões de a eleição do novo presidente da Câmara ocorrer na terça (12),
como defendem os líderes partidários, assessores do Planalto dizem que o
governo tem até a noite desta segunda (11) para definir quem irá apoiar.
“Mas
não esperem um anúncio oficial. Isso não vai ocorrer”, disse um assessor do
governo.
“O
que se pode esperar é, após a confirmação do eleito, um movimento do Planalto
de procurar o novo presidente e sugerir que os trabalhos sejam feitos em
conjunto e em harmonia”, acrescentou o integrante da equipe de Temer.
Nas
últimas semanas, uma romaria de deputados passou a procurar Temer no Palácio do
Planalto para pedir a bênção do peemedebista para uma eventual candidatura à
presidência da Câmara.
O
movimento, que demonstra inicialmente a ascendência do presidente em exercício
sobre sua base aliada, também o coloca em uma situação delicada.
Um gesto mal
interpretado ou uma ação atribulada e açodada podem gerar ressentimentos em
parlamentares e partidos aliados, comprometendo a atual coesão da base.
Com
vasta experiência nos meandros dos carpetes verdes da Câmara dos Deputados,
Temer tem consciência de que sua postura, neste momento, pode manter a harmonia
na base governista ou pode deflagrar um racha com consequências imprevisíveis.
O
episódio da eleição do próprio Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, no
qual atrapalhados articuladores políticos da presidente Dilma Rousseff abriram
uma guerra com o PMDB e com os partidos do chamado "Centrão" para
tentar eleger o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), transformou praticamente em
pó a base aliada da petista.
Segundo
relatos de integrantes do palácio, o presidente em exercício tem respondido a
todos deputados que o procuram que eles devem conseguir, antes de mais nada, o
apoio de seus partidos para então buscarem a bênção do governo.
Temer,
de acordo com assessores, passará o fim de semana “atento” às movimentações na
Câmara dos Deputados, mas não pretende interferir diretamente no processo. A
expectativa é de que, até o momento da votação, parte significativa dos atuais
12 pré-candidatos governistas abandonem a disputa.
Há
uma avaliação no Palácio do Planalto de que alguns dos mais de dez possíveis
candidatos à presidência da Câmara só colocaram o nome da disputa para
pressionar o governo e tentar conseguir, por exemplo, obter cargos no Executivo
federal.
"O
Temer tem uma larga experiência política e muito dessa experiência foi
construída na Câmara.
Ele sabe como funciona a Casa.
Quando os deputados
decidem, a Câmara segue um curso próprio.
Se o governo tentar interferir no
processo interno de disputas, pode sair enfraquecido", avaliou ao G1 um
interlocutor do presidente em exercício.
Fonte: G1 – DF.
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