Segundo PF, Pedro José Diniz Figueiredo interferiu em investigações internas.
Objetivo seria favorecer ex-diretor-presidente, Othon Luiz Pinheiro.
O Ministério Público Federal detalhou durante a manhã
desta quarta-feira (6) a operação Pripyat, desdobramento da Lava Jato que teve
medidas cautelares conduzidas pela Polícia Federal, como mandados de prisão,
cumpridos no Rio e em Porto Alegre.
A corporação esclareceu, por exemplo, por
que foi pedido o afastamento do presidente atual da empresa, Pedro Figueiredo,
levado em condução coercitiva para a superintendência da PF no Rio durante a
ação.
Segundo a PF, ele foi afastado por haver evidências de que cometeu
favorecimento pessoal para o ex-presidente da empresa, Othon Pinheiro, que
cumpria prisão domiciliar, revogada durante a operação de hoje.
O MPF explicou ainda que o esquema movimentou R$ 48
milhões em propina.
"Em relação a Angra 3, a Andrade Gutierrez chegou a
receber da Eletronuclear R$ 1,2 bilhão.
O que apurou-se é que havia pelo menos
2% desse valor para o núcleo político, 1% desse valor para o senhor Othon Luiz
e 1% para os diretores que foram presos hoje.
A gente está falando de propina
na ordem de ate R$ 48 milhões, que é o valor desses 4%", disse o
procurador da República, Lauro Coelho Junior.
Segundo o MPF, Pedro Diniz Figueiredo interferiu no
andamento das investigações internas sobre Othon que estavam sendo levadas a
cabo por Comissão Independente de Investigação instituída pela Eletrobras.
A
Eletronuclear é uma subsidiária da empresa.
Ainda de acordo com o MPF, os mandados de prisões da
manhã desta quarta tiveram como objetivo obter provas adicionais de crimes de
organização criminosas, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro
decorrentes de contratos da Eletronuclear, "em especial dos ajustes
celebrados pela construtora Andrade Gutierrez para as obras de construção civil
da Usina de Angra 3".
Além de sete mandados de prisão preventiva e três de
temporária, foram expedidos para a operação mais nove mandados de condução
coercitiva, e o bloqueio de bens e ativos de 17 pessoas físicas e jurídicas.
Além disso um mandado de suspensão do exercício de
função pública, o de Pedro Diniz.
CONFIRA A LISTA DE PRESOS NA OPERAÇÃO:
Prisões preventivas.
Edno Negrini
Pérsio Jornai
Juiz Soares
Luiz Messias
Costa Mattos
Othon Luiz
Adir Assad
Prisões temporárias:
Ludmilla Gabriel Pereira;
Marco Aurélio Viana Pereira Leite;
Marco Aurélio Barreto Pereira leite.
Segundo o MPF, além de Othon, entre os alvos da
operação estavam Luiz Antônio de Amorim Soares, Edno Negrini, Persio José Gomes
Jordani, Luiz Manuel Amaral Messias e José Eduardo Brayner Costa Mattos, todos
ocuparam funções de direção ou superintendência nos altos escalões da
Eletronuclear.
Para o órgão, eles receberam propina, em dinheiro ou contratos
fictícios com empresas interpostas, pagas pela Andrade Gutierrez.
Investigamos a relação desses funcionários públicos com esses empreiteiros.
Observamos lavagem de dinheiro, corrupção, desvio de recursos. Foi um trabalho
coordenado entre a Polícia Federal e o MPF.
É um prazer dizer que todos os
alvos foram devidamente localizados e estão sendo processados pela
superintendência", disse o delegado Frederico Skora, da Delegacia de
Combate à Corrupção e Crimes Financeiros.
Entre os mandados de condução coercitiva estão o do
próprio Pedro e o de Valter Cardeal, cumprido em Porto Alegre. ele foi diretor
da Eletrobrás e era tido como um homem de confiança da presidente afastada
Dilma Rousseff.
Segundo o MPF, Cardeal "teve um papel ainda não
devidamente esclarecido na negociação de descontos sobre o valor da obra de
montagem eletromecânica de Angra 3 com posterior pedido e pagamento de propina
realizado no âmbito dos núcleos políticos e administrativo da organização,
conforme relatos de diversos réus colaboradores.
Também foram alvos da investigação pessoas ligadas às
empresas Flexsystem, WW refrigeração, Eval, Legend, SP Terraplanagem e JSM
Engenharia.
Segundo o MPF, elas eram usadas para repassar propina paga pela
Andrade Gutierrez. Da JSM, o MPF pediu a prisão de Adir Assad, que já cumpria
prisão no Rio. Ele também era investigado em outras operações, também ligado a
lavagem de dinheiro, a Saqueador e a Operação Abismo.
Posteriormente, o delegado acrescentou que um mandado
de condução coercitiva não foi cumprido, o de Antônio Miller, que estava no
exterior. Ele é ligado a Flexsytem.
Segundo o MPF, há ainda políticos envolvidos com o
esquema. "A investigação aponta que existe um núcleo político da
organização criminosa com relação a Angra 3.
Houve o pagamento também de
propina para político, mas isso é objeto de inquérito do Supremo Tribunal
Federal", disse o procurador Lauro Coelho Junior.
Prisão domiciliar retirada.
A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quarta-feira
(6), mandados no Rio de Janeiro e em Porto Alegre relacionados à Operação Lava
Jato.
O desdobramento da investigação no Rio apura desvio de recursos na
Eletronuclear.
Dez mandados de prisão foram expedidos para alvos da operação no
Rio e um de condução coercitiva em Porto Alegre.
Até as 8h35, três pessoas tinham sido detidas,
inclusive o principal alvo da operação, o ex-diretor-presidente da
Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva.
A operação também levou em condução
coercitiva para a superintendência da PF no Rio o atual presidente da
Eletronuclear, Pedro Figueiredo Diniz.
Othon Luiz participou, em 2011, de audiência no Senado
para discutir o sistema de energia nuclear do país. Othon Luiz, durante
audiência do senado.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas,
da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que coordena a força-tarefa da Lava Jato no
Rio de Janeiro. No despacho, ele também pede o afastamento de Pedro Diniz do
cargo.
As investigações da PF dizem que um clube de
empreiteiras desviava recursos da Eletronuclear, principalmente os destinados
às obras da Usina Nuclear de Angra 3.
A operação, que foi batizada de Pripyat,
apura crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de
dinheiro.
Othon já cumpria prisão domiciliar e foi preso na
Barra da Tijuca.
O benefício da prisão domiciliar foi retirado porque as
investigações indicam que, mesmo de casa, ele estaria atuando na Eletronuclear.
O ex-dirigente da Eletronuclear foi levado por volta
das 8h45 para a sede da PF, na Zona Portuária do Rio, e, em seguida, para o
Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste, onde estão os presos da
Operação Saqueador, entre eles o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o
contraventor Carlinhos Cachoeira.
No Rio Grande do Sul, às 9h20, agentes cumpriram
mandado de condução coercitiva e busca e apreensão contra Valter Cardeal, que
foi diretor da Eletrobrás e era um homem de confiança da presidente afastada
Dilma Rousseff.
Em comunicado aos seus acionistas, a Eletronuclear
informou que tomou conhecimento pela imprensa de "suposta operação da
Polícia Federal, iniciada na manhã de hoje, envolvendo o ex-presidente da
Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e outros.
A Companhia está
verificando o episódio noticiado pela imprensa e manterá o mercado
informado", diz a nota.
Operação Pripyat.
Participam da operação, no Rio e em Porto Alegre, 137
policiais.
O nome da ação é uma referência a uma cidade perto da usina de
Chernobyl, na Ucrânia, que fazia parte da então União Soviética.
Moradores
tiveram que deixar o local às pressas após o desastre nuclear na usina, transformando-a
numa cidade fantasma.
Além dos mandados de prisão, serão cumpridos também de
busca e apreensão e condução coercitiva quando alguém suspeito de ser ligado
ao caso é levado para prestar depoimento e depois liberado.
No Rio, agentes estiveram na sede da Eletronuclear, no
Centro do Rio, e na casa de alvos da operação na Barra da Tijuca e em outras
regiões da cidade.
Segundo o sindicato de funcionários da estatal, no prédio da
empresa, os agentes estiveram na sala da presidência e na sala do cofre.
Desmembramento da Lava Jato.
A ação penal sobre o esquema de corrupção na
Eletronuclear foi desmembrada da apuração de irregularidades na Petrobras no
dia 29 de outubro, e encaminhada para a Justiça Federal do Rio.
Com o
desmembramento, deixou de ser julgada na Justiça Federal do Paraná, onde
tiveram início as investigações da Lava Jato.
Othon está afastado da Eletrobrás desde abril do ano
passado por conta das investigações.
Em 28 de julho, foi preso na 16ª fase da
Lava Jato, acusado de receber R$ 4,5 milhões de propina das obras da Usina
Nuclear de Angra 3. Inicialmente, o ex-diretor ficou detido em um quartel do
Exército em Curitiba.
Em novembro, foi transferido para o 1º Distrito Naval, no
Rio de Janeiro, e atualmente está em prisão domiciliar.
Em junho deste ano, o MPF pediu a condenação de Othon
por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e
obstrução da Justiça.
Na ocasião, o advogado do ex-diretor da Petrobras afirmou
que ele só se pronunciaria nos autos.
Em abril, em depoimento na 7ª Vara Criminal Federal do
Rio de Janeiro, o ex-presidente admitiu que usou contratos de fachada feitos
com empresas de amigos para receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez,
mas negou que fosse propina.
Fonte: G1 – RJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário