Nomes só serão conhecidos após decisão do ministro Teori Zavascki.
Quase um ano após a revelação da
existência de desvios de bilhões de reais da Petrobras, a Procuradoria Geral da
República deverá apresentar nesta terça (3) à Justiça pedidos para investigar
políticos e autoridades que teriam se beneficiado do esquema de corrupção. Os
pedidos, no entanto, devem chegar ao Supremo
Tribunal Federal em segredo de Justiça, o que
impede que os nomes dos supostos envolvidos sejam imediatamente conhecidos.
Durante todo o fim de semana e
nesta segunda, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável pela
acusação, revisou as peças a serem apresentadas.
A partir de uma divisão de
delações premiadas já realizada pela PGR, supõe-se que cheguem cerca de 40
pedidos de abertura de inquérito ao STF, a mais alta instância do Judiciário e
a única que pode julgar deputados, senadores e ministros do governo federal.
Janot deve pedir o fim do segredo
de Justiça para todos os casos, mas essa decisão depende do relator do processo
no tribunal, ministro Teori Zavascki, o que deve ser feito em seguida. Mas dificilmente essa análise será
concluída ainda nesta terça.
Para cada pedido de inquérito
haverá um pedido de fim do segredo; Zavascki deve analisar cada caso
separadamente para decidir. Se derrubado o segredo, os nomes devem ser
conhecidos em bloco, de uma vez só.
Além de pedidos no STF, a PGR
pode também apresentar petições no Superior Tribunal de Justiça (STJ), caso se
confirmem indícios de crimes cometidos por governadores; neste caso, os pedidos
serão analisados pelo ministro Luís Felipe Salomão.
Após receberem os documentos da
PGR, os dois ministros decidirão se atendem o que foi requisitado por Janot. É
praxe, porém, os magistrados aceitarem a abertura de inquérito ou ação penal
mediante o pedido do Ministério Público Federal.
Fatos.
Os pedidos serão divididos em
fatos, cada um contendo indícios de que houve crime e suspeita de quem os
praticou. Por isso, é possível que um mesmo pedido de inquérito envolva mais
uma pessoa e que uma mesma pessoa apareça em mais de um caso.

<Alberto Youssef, considerado o principal operador do esquema, que
teria lavado R$ 10 bilhões em dinheiro desviado da estatal.
Também serão usados dados já apurados
na Lava Jato, que já levou à abertura de mais de uma dezena de ações penais e
investigações contra pessoas sem foro privilegiado, julgados na primeira
instância da Justiça Federal no Paraná.
Em alguns pedidos, no entanto, é
possível que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entenda que não é possível verificar a existência de delitos com base
nas afirmações ou mesmo não ser possível chegar aos culpados. Nestes casos,
pedirá o arquivamento das investigações. Se considerar que já há provas, poderá
apresentar uma denúncia, passando a uma fase mais adiantada do processo penal.
Do inquérito à ação penal.
Do inquérito à ação penal.
O pedido de abertura de inquérito
no STF é o primeiro passo para se investigar um político.
Caberá também a Teori Zavascki
abrir o inquérito e autorizar diligências para a descoberta de irregularidades,
como a quebra de sigilos telefônicos, bancários ou fiscais; novas buscas e
apreensões de documentos; ou mesmo interceptações telefônicas. Várias dessas
ações podem permanecer sob sigilo, para evitar que o investigado apague os
rastros dos crimes.
Durante a fase investigatória, os
advogados dos investigados ainda não podem fazer a defesa judicial ou contestar
as diligências. Só depois de aberta a ação penal, eles poderão apontar
irregularidades na produção de provas e anular acusações feitas com base nelas.
Encerradas as investigações,
caberá à PGR apresentar as denúncias, que são as acusações formais contra os
investigados, apontando os crimes, culpados e provas. Se aceita pela Justiça, a
denúncia leva à abertura de uma ação penal, que é próprio processo judicial, em
que serão ouvidas testemunhas e quando a defesa poderá apresentar outras provas
que contestem a acusação, além de contestar as investigações.
Só ao final do processo, os
ministros julgam e decidem pela inocência ou culpa do réu; no último caso,
determinando as penas, multas e ressarcimento de danos aos cofres públicos.
No caso da Operação Lava Jato, a
eventual abertura de ações penais caberá à Segunda Turma do STF, composta, além
de Zavascki, pelos ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello.
Atualmente, há uma vaga aberta nesta turma, que deve ser preenchida por um novo
ministro a ser indicado pela presidente Dilma Rousseff.
Quebras de sigilo.
Nos pedidos de inquérito, o
procurador já pode pedir quebras de sigilos bancário e fiscal e deverá propor
oitivas de testemunhas. A avaliação da PGR é de que a quebra de sigilo
telefônico pode não ser eficaz, já que os suspeitos devem ter adotado cautela
após a deflagração das primeiras fases da Operação Lava Jato.
Se aberto o inquérito, é possível
que parte dessas diligências sejam mantidas em sigilo, não apenas o pedido para
realizá-las, como também as informações e provas coletadas. O objetivo,
novamente, é evitar que o investigado se antecipe e elimine rastros de crimes
cometidos.
Durante o recesso do Judiciário,
em janeiro, Teori Zavascki decidiu dividir em 42 partes os depoimentos dados
por Paulo Roberto e Youssef ao Ministério Público Federal. Esses procedimentos
tramitam no Supremo como processos ocultos, que têm grau de sigilo maior que o
dos processos comuns em segredo de Justiça.
Lista de políticos.



Segundo o jornal “O Estado de S.
Paulo”, o ex-diretor
revelou o nome de 28 políticos supostamente beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras. A publicação afirma que entre
os mencionados estão o ex-ministros Edison Lobão (Minas e Energia); Antonio
Palocci (Fazenda e Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte
(Cidades); o governador do Acre, Tião Viana (PT); os ex-governadores Sérgio
Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco), além de deputados e senadores de
PT, PMDB, PSDB e PP. Os políticos citados negaram participação.
Entenda a Lava Jato.
A Operação Lava Jato começou
investigando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria
movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação resultou na descoberta de um
esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o
Ministério Público Federal.

Parte desses contratos está sob
investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Só na sétima
etapa da operação, foram expedidos 85 mandados de prisão, de busca e apreensão
e de condução coercitiva (quando o investigado é levado pela polícia para
depor) em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de
Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.
Segundo o Ministério Público
Federal (MPF), a Lava Jato cumpriu 64 mandados de prisão, 201 de busca e
apreensão e 55 de condução coercitiva. Ao todo, 150 pessoas e 232 empresas
estão sob investigação da Procuradoria.
Dinheiro desviado e recuperado.
Informações divulgadas pelo MPF
apontam que os crimes investigados pela Lava Jato desviaram ao menos R$ 2,1
bilhões da Petrobras, com base apenas nos crimes denunciados até agora.
Ao todo, a Procuradoria
apresentou 19 acusações criminais contra 87 pessoas, por ilícitos como
corrupção, crime contra o sistema financeiro, tráfico internacional de drogas,
formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
MPF informou já ter assegurado a
recuperação de R$ 500 milhões desviados por investigados na operação. Segundo o
coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Douglas Fischer, para permitir o
resgate da quantia, o MPF fechou acordos de cooperação internacional com 12
países, entre os quais Suíça, Estados Unidos e Holanda. Além disso, foram
bloqueados R$ 200 milhões em bens de réus dos processos decorrentes da Lava
Jato.
Fonte: Agência Globo.
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