Possibilidade
do Banco Central diminuir intervenções e as tensões políticas contribuíram para
a alta.
O dólar comercial fechou ontem em
R$ 2,92, com alta de 1,14%, índice superior aos R$ 2,89 apresentados na segunda-feira
(2). O índice é o maior registrado desde setembro de 2004 (R$ 2,94).
A especulação dos investidores
sobre a possibilidade de o Banco Central diminuir as intervenções para conter a
elevação da moeda norte-americana contribuiu para o resultado.
Na sexta-feira da semana passada
o BC havia anunciado um leilão de swap cambial inferior, sinalizando que só
deve rolar em torno de 80% do total de US$ 9,964 bilhões em contratos
existentes no mercado.
O swap cambial é um mecanismo em
que a instituição monetária retira a pressão de alta do dólar nos mercados à
vista e futuro.
O professor de Economia da
Universidade Mackenzie, Agostinho Pascalicchio, afirma que a preocupação com a
inflação e um novo pacote de medidas para economia também favoreceram a alta.
“Isso cria expectativa. O Banco Central comentou que agiria de maneira modesta.
Some ao rating de crédito da Petrobras, o risco soberano e os aspectos
inflacionários”, comenta. A intensificação das tensões políticas também municia
a elevação. “O câmbio fica sujeito à volatilidade das questões políticas, como
a operação Lava Jato. É mais um elemento que aumenta a decisão ao risco e cria
incertezas”, afirma o economista Ricardo Eleutério. Está previsto que a
Procuradoria-Geral da República envie ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista
completa dos envolvidos na operação até o final da semana.
Além da especulação sobre o BC e
os fatores políticos, a recuperação da economia norte-americana possibilita a
escalada da moeda. O crescimento do consumo nos Estados Unidos reforça as
perspectivas de o Banco Central norte-americano (Fed) aumentar os juros. Assim,
haveria uma redução do fluxo de capital para os países emergentes, puxando o
câmbio para cima. A divisa norte-americana acumula alta de 8,7% em 2015.
Ricardo Eleutério ressalta que,
apesar de o dólar alto beneficiar as exportações, as empresas devem sofrer com
o cenário. “A moeda americana é uma variável importante para aumentar as
exportações, mas não é a fundamental. Há o lado das importações também. O fato
é que vivemos um período de aperto monetário e fiscal nos setores da economia”,
resume.
Já o mestre em Economia pela UFC,
Ricardo Coimbra, reforça que o dólar alto deve dificultar o controle da
inflação no ano. “O dólar mais alto não ajuda o Governo no sentido
inflacionário. Será difícil permanecer no teto da meta de 6,5%”.
Fontes: O POVO (Com
agências)
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