quarta-feira, 4 de março de 2015

DÓLAR EM ALTA

 DÓLAR FECHA EM R$ 2,92, MAIOR VALOR DESDE 2004.

Possibilidade do Banco Central diminuir intervenções e as tensões políticas contribuíram para a alta.

O dólar comercial fechou ontem em R$ 2,92, com alta de 1,14%, índice superior aos R$ 2,89 apresentados na segunda-feira (2). O índice é o maior registrado desde setembro de 2004 (R$ 2,94).

A especulação dos investidores sobre a possibilidade de o Banco Central diminuir as intervenções para conter a elevação da moeda norte-americana contribuiu para o resultado.

Na sexta-feira da semana passada o BC havia anunciado um leilão de swap cambial inferior, sinalizando que só deve rolar em torno de 80% do total de US$ 9,964 bilhões em contratos existentes no mercado.

O swap cambial é um mecanismo em que a instituição monetária retira a pressão de alta do dólar nos mercados à vista e futuro.

O professor de Economia da Universidade Mackenzie, Agostinho Pascalicchio, afirma que a preocupação com a inflação e um novo pacote de medidas para economia também favoreceram a alta. “Isso cria expectativa. O Banco Central comentou que agiria de maneira modesta. Some ao rating de crédito da Petrobras, o risco soberano e os aspectos inflacionários”, comenta. A intensificação das tensões políticas também municia a elevação. “O câmbio fica sujeito à volatilidade das questões políticas, como a operação Lava Jato. É mais um elemento que aumenta a decisão ao risco e cria incertezas”, afirma o economista Ricardo Eleutério. Está previsto que a Procuradoria-Geral da República envie ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista completa dos envolvidos na operação até o final da semana.

Além da especulação sobre o BC e os fatores políticos, a recuperação da economia norte-americana possibilita a escalada da moeda. O crescimento do consumo nos Estados Unidos reforça as perspectivas de o Banco Central norte-americano (Fed) aumentar os juros. Assim, haveria uma redução do fluxo de capital para os países emergentes, puxando o câmbio para cima. A divisa norte-americana acumula alta de 8,7% em 2015.

Ricardo Eleutério ressalta que, apesar de o dólar alto beneficiar as exportações, as empresas devem sofrer com o cenário. “A moeda americana é uma variável importante para aumentar as exportações, mas não é a fundamental. Há o lado das importações também. O fato é que vivemos um período de aperto monetário e fiscal nos setores da economia”, resume.

Já o mestre em Economia pela UFC, Ricardo Coimbra, reforça que o dólar alto deve dificultar o controle da inflação no ano. “O dólar mais alto não ajuda o Governo no sentido inflacionário. Será difícil permanecer no teto da meta de 6,5%”.
Fontes: O POVO (Com agências) 


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