segunda-feira, 30 de março de 2015

"ÓBVIO PARA LADROAGEM"

 JUIZ DA LAVA-JATO DEFENDE PRISÕES.

Em texto crítico à Justiça brasileira, Sergio Moro mostra ser a favor de mudanças nas leis criminais.

Curitiba. O juiz federal responsável pela Lava-Jato Sergio Moro publicou, ontem, um artigo em que defende as prisões dos investigados na operação que, para ele, não violam "a presunção de inocência". Segundo Moro, os crimes atribuídos aos detidos são graves e exigem "uma eficácia imediata, independente do cabimento de recursos". Ele cita os Estados Unidos e a França - "dois berços históricos da presunção de inocência" - como países onde prisões são aplicadas e a liberdade se dá somente como "recurso excepcional".

O artigo é assinado junto com Antônio Cesar Bochenek, presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe). No texto, Moro é extremamente crítico à Justiça Criminal brasileira, "aqui incluído Polícia, Ministério Público e Judiciário", incapazes, segundo ele, de combater efetivamente crimes de corrupção. De acordo com o magistrado, o problema principal é "óbvio e reside no processo".

"Não adianta ter boas leis penais se a sua aplicação é deficiente, morosa e errática... Qualquer proposta de mudança deve incluir medida para reparar a demora excessiva do processo penal. A melhor solução é a de atribuir à sentença condenatória, para crimes graves em concreto, como grandes desvios de dinheiro público, uma eficácia imediata, independente do cabimento de recursos. A proposição não viola a presunção de inocência. Esta, um escudo contra punições prematuras, impede a imposição da prisão, salvo excepcionalmente, antes do julgamento. Mas não é esse o caso da proposta que ora se defende, de que, para crimes graves em concreto, seja imposta a prisão como regra a partir do primeiro julgamento, ainda que cabíveis recursos", escreve o juiz.

Contestado por advogados dos presos - que alegam que a seus clientes ainda não foi dada a chance de se defenderem - , o juiz da Operação Lava-Jato salienta que a ineficiência da Justiça brasileira é ilustrada pela "perpetuação na vida pública de agentes que se sucedem nos mais diversos escândalos criminais". De acordo com o magistrado, "não deveria ser tão difícil condená-los ao ostracismo".
Fonte: Agência Brasil.


Nenhum comentário:

Postar um comentário