Economia brasileira cresceu 0,1% no ano
passado, segundo o IBGE.
Oposição culpa governo; governistas defendem 'ajuste' para equilibrar contas.
Após o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que a economia brasileira cresceu
0,1% em 2014, parlamentares da base do
governo e da oposição reagiram ao resultado. Os oposicionistas criticaram o
atual modelo de gestão econômica do governo e apontaram que "erros"
do Planalto diante da crise financeira mundial desde 2008 são causas do
"baixo" crescimento. Já a base governista defende que resultado é
reflexo do "cenário atual" e fala em retomada do crescimento.
Além do crescimento de 0,1%, o
IBGE divulgou que a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a R$
5,52 trilhões em valores correntes (em reais), e o PIB per capita (por pessoa)
caiu a R$ 27.229. Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise
internacional, quando a economia recuou 0,2%. Em 2013, de acordo com dados
revisados, a economia havia crescido 2,7%.
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), as perspectivas para este e
os próximos três anos são “ainda piores” que o primeiro mandato da presidente
Dilma. Em nota, ele disse que se as expectativas de analistas se confirmarem, o
país terá mais quatro anos de “estagnação da renda”.
“Ou o governo do PT corrige rapidamente
a situação que ele mesmo criou ou teremos mais um ciclo de baixo crescimento,
inflação alta, juros altos, desequilíbrio externo e ainda o risco de mais
aumento de carga tributária. O pior é que agora o único bastião de notícias
positivas, a baixa taxa de desemprego e a formalização, também vão pior”, disse
o senador.
Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse
ao G1 que a oposição deve estar "muito chateada" com a previsão
"catastrófica" de que o Brasil teria retração econômica em 2014.
Para ele, o país não vive uma
"crise econômica" como, segundo ele, os partidos de oposição pregam.
O líder do governo, porém, defendeu a necessidade de ajuste nas contas do
governo para evitar o recuo da economia em 2015.
"A oposição ficou dizendo
aos quatro cantos que nós teríamos tido retração econômica em 2014. Ele deve
estar muita chateada com essa previsão catastrófica porque, no cenário de
especulação completa, o PIB de 2014 não ter crescimento negativo e ainda dar
esse respiro, eu penso que é um sinal de que a economia dá claros sinais das
grandes possibilidades de crescimento no segundo semestre", afirmou
Guimarães.
“O pior é que agora o único
bastião de notícias positivas, a baixa taxa de desemprego e a formalização,
também vão pior”. - Senador Aécio Neves
(PSDB-MG)
"Esses dados são sinais
positivos que o ajuste é fundamental. Não há crise, existe uma dificuldade
econômica contornável. Precisamos fazer ajustes, arranjos, para o crescimento
não refratar", concluiu o deputado.
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), reconheceu o
“esforço” do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em trabalhar para que 2015 e
2016 sejam anos melhores para a economia. Ele, porém, ressaltou que quem paga a
“conta” do crescimento “baixo” é a população.
“O Brasil foi jogado na
estagnação. Isso quer dizer que o quadro mostra um cenário descendente do ponto
de vista do PIB e a tendência é que este ano seja de crescimento negativo.
Então, o Brasil está em recessão e isso é fruto da incompetência do atual
governo”, afirmou.
Vice-líder do PT na Câmara, o deputado Afonso
Florence (BA) disse ao G1 que o resultado da
economia do país em 2014 está "dentro do universo imaginado diante do
cenário atual de crise internacional". Para o parlamentar baiano, o fato
de o país passar por um período de "ajuste fiscal" traz impacto no
cenário econômico.
“O PIB de 2014 não ter
crescimento negativo e ainda dar esse respiro, eu penso que é um sinal de que a
economia dá claros sinais das grandes possibilidades de crescimento no segundo
semestre” líder do governo na Câmara,
deputado José Guimarães (PT-CE)
"Não é um quadro de
deterioração. Não é o que pretendíamos mas está dentro do universo que podemos
administrar e preservamos a expectativa de que é necessário aprovar o ajuste. É
possível alguma margem de negociação nas medidas provisórias para aprovar no
Congresso e a nossa expectativa é que vamos conseguir retomar a nossa atividade
econômica. Acho que esse resultado é parte do cenário geral", disse
Florence.
Na avaliação do líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR),
o governo tem feito “mexias tão graves” sob o ponto de vista macroeconômico que
o Brasil foi levado ao atual cenário econômico em razão da “falta de boas
decisões” do Executivo.
“É um dado que todos nós já
compreendemos que já não é mais o prenúncio, é o anúncio do que se desenhou ao
longo de todo o ano passado, com os indicadores econômicos cada vez piores. E é
o anúncio daquilo que já vinha sendo anunciado nos últimos e que nós achamos
que será 2015 e 2016, acrescentou.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou que o resultado do PIB de
2014 mostra que o país está "saindo do pior momento da crise."
Para o parlamentar, a situação
ainda não é a ideal mas o cenário "está melhorando". Ele também
defendeu que o Congresso aprove as medidas de ajuste propostas pelo governo.
Em nota, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO),
disse que o Brasil “puxa o PIB do mundo para baixo”. Em sua avaliação, o
governo transformou o país no “freio de mão da economia global”. Para o
parlamentar, o Brasil enfrentará situação “ainda pior” neste ano.
O líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), afirmou à reportagem
que a presidente Dilma Rousseff fez um “golaço” ao escolher a equipe econômica
do segundo mandato e disse acreditar que os ministros da Fazenda, Joaquim Levy,
e do Planejamento, Nelson Barbosa, serão capazes de adotar as medidas
necessárias para retomar o crescimento econômico.
Barbosa e Tombini, presidente do Banco Central estão fazendo um excelente
trabalho e já colocaram o remédio do curto prazo, que são os ajustes. Eu acho
que a presidente Dilma fez um golaço quando escolheu a equipe econômica”.
O parlamentar defendeu que Dilma
dê “total autonomia” aos ministros para que atuem para reequilibrar as contas
públicas e estimular a econômica. “A autonomia é importantíssima. É necessário
dar autonomia de voo. Acho que é urgente a necessidade de o governo ter um
ajuste e lançar pacotes de incentivo à produção industrial e à
competitividade.”
Apesar de integrar a base aliada,
o líder do PDT na Câmara, André
Figueiredo (CE), disse estar “descrente” de que o governo Dilma consiga
reverter neste ano a perspectiva de baixo crescimento econômico.
“Acho que essa equipe econômica,
com a liderança de Joaquim Levy, tende a piorar e muito a situação. O que vejo
são juros sendo elevados e previsão de inflação ainda maior. A capacidade
produtiva do Brasil está sendo comprometida com essa taxa Selic. Quem ganha é o
capital especulativo.”
O parlamentar também criticou
medidas adotadas no primeiro mandato de Dilma, como retenção dos preços dos
combustíveis e da energia elétrica, que, segundo ele, contribuíram para os
resultados econômicos do ano passado.
“Nós criticamos algumas medidas,
como segurar aumentos que deveriam ter sido feitos no decorrer dos últimos
quatro anos, sobretudo do petróleo e energia. Investimentos estruturantes
também não foram feitos. Temos uma certeza de que o Brasil precisa retomar os
investimentos, não podemos ficar só contingenciando”, disse.
Fonte: Agência O Globo.
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